Naiara 06/04/2013A cada esquina, uma nova - boa ou não - surpresaEu não poderia imaginar que o fruto de densos estudos históricos poderia dar um livro tão encantador. 'O Tempo Entre Costuras' é uma leitura deliciosa, do começo ao fim.
A trama aborda um tema que nos soa complexo de primeira mão: as entranhas da Guerra Civil Espanhola e da Segunda Guerra Mundial. Suas personagens secundárias, seus pormenores, tão importantes embora mascarados de inocente insignificância para os que dominam somente a superfície do assunto, como eu. Contudo, avançamos pelo livro com uma facilidade incrível que só se mostra possível devido à escrita leve da autora.
A personagem principal, Sira, arrebata o nosso coração cada vez mais um pouquinho ao longo do livro narrado em primeira pessoa. A fragilidade e a força são características conflitantes, mas na personagem ambas atuam como complementares, e em um mesmo momento do livro eu consigo ver ambas, a incrível força e a fragilidade próprias da natureza delicada de Sira.
O livro nos relembra quão pouco sabemos do que a vida nos reserva, e como uma decisão tomada aqui e outra deixada para depois acolá podem reverter em uma guinada agradável ou não na nossa história. Diante de tropeços, colhendo os frutos de um erro do passado, e por mais caóticas que as coisas possam parecer no presente, que não deixemos a esperança de uma vida melhor de lado.
Em todo tempo eu torci para a personagem principal, e tamanha era a sua força de vontade que ao mesmo tempo que eu sofria suas dores tinha a convicção de que tudo daria certo ao final - que é como agimos na maioria das vezes na vida real.
Bato palmas para a criatividade da autoria em criar tantas situações impensáveis na caminhada de Sira na trama. Pode-se dizer tudo do livro, menos que ele é previsível, o que já lhe garante facilmente uma estrelinha fixa na classificação da obra. Até mesmo falando da faceta romântica do livro. Tive uma feliz surpresa ao ver como a autora finalizou a estória, sempre fugindo do previsível.
Estou encantada! Recomendo a leitura sem pestanejar. Não é um clássico e a escrita não é brilhante, mas é leve e ágil, e a estória profunda é relatada com sutilidade - assim como Sira, forte e frágil.
Acho lindo o último parágrafo do epílogo. Nele, María Dueñas escreveu com um punho poético palavras belas que não vão sair de minha cabeça por um longo tempo.