Ash 25/05/2023
Dragões de éter é uma saga que traz a releitura de contos famosos como João e Maria, A Chapeuzinho vermelho e alguns outros que se entrelaçam no decorrer da história. A princípio é uma leitura que promete ser mágica e cativante, mas que com certeza não cumpre o que promete.
Um dos primeiros problemas que tive com o livro é seu vocabulário pobre! As palavras são recicladas tantas vezes que sinto que estou lendo algo escrito por uma criança. Poxa, não acho muito difícil reparar que uma frase não está legal porque você usou a mesma palavra umas 5 vezes e depois procurar sinônimos no Google para deixar melhor, não acha? Porém, conforme progredia a leitura, vi que não era algum erro leigo, mas um puro descaso que o autor fazia.
Apesar de repetir varias vezes a mesma palavra em alguns parágrafos e diálogos, em outros usava frases tão rebuscadas como "Calai-vos" para logo em seguida fazer uma referência pop de 2013! Todos esses fatores e a constante tentativa falha de frases de efeito me levaram a crer que Raphael era um autor de primeira viagem quando escreveu a saga, mas, enquanto esses pequenos incômodos não se tornavam rochas no meio do caminho, estava disposta a dar uma chance (até porque os outros 3 livros ainda estão me encarando na estante).
Prossegui a leitura com muita empatia, ignorando todos os problemas que tinha com o livro. Sempre reclamo de um suspense mal criado, que trata o leitor como se fosse burro e não tivesse a capacidade de chegar as mesmas conclusões de quem o escreve e pasmem, também foi um problema desse livro. Raphael cria um mistério gigante, com poucas informações para o leitor que só saberá o que está acontecendo quando algum personagem resolver falar sobre de 2 em 2 páginas.
Esses fatores atrasaram muito meu ritmo de leitura, mas alguns outros problemas me fizeram ler raivosamente para acabar logo. Problemas pessoais que tive com a narrativa como o único personagem preto, além de ser ladrão, ser constantemente chamado de "o negro" e sempre ser narrado como um personagem oportunista, aproveitador e que deve ser odiado por sua péssima moral. Há também um quê de analogia ao cristianismo que me irritou que deixava o narrador puto das calças quando havia qualquer sinal de humanos que não acreditavam no dito "Criador" ou que acreditavam "errado".
É claro que a gota d'água foi o discursinho meritocrático ficar cada vez mais forte com a aproximação do final do livro e pior ainda saber que Raphael (um homem branco) era o narrador que julgava quem seriam os mocinhos e os bandidos de acordo com essa narrativa idiota.
Meu conselho para o autor é que escreva livros de ação para que não precise usar seus neurônios, deixe os livros de fantasia para aqueles que estão dispostos a fazer montes de pesquisas e críticas CONSTRUTIVAS e INTELIGENTES a se fazer. Meu conselho para você leitor, é que jogue esse livro fora e leia algo de autores que estão dispostos a tentar de verdade como Brandon Sanderson, N. K. Jemisen ou Rick Riordan.