LUA 17/12/2014Eu não gosto de adaptações. Ou melhor as que li não gostei. Li Julieta Imortal, li Orgulho Preconceito e Zumbis (Eca! Que nojo!) li a Escrava Isaura e Vampiros. Nenhuma delas me fez feliz.
Eu confesso que comprei esse livro pela capa. Sim, eu sou a "loka" das capas, não posso ver uma capa bonita que quero levar o livro. Ele pode ser até sobre extraterrestres que moram dentro de um pote de margarina. Tem a capa bonita? Eu compro (quando posso), mas não leio.
Esse foi o caso de Julieta.Comprei esse livro há tanto tempo,que ele está até com umas manchinhas amareladas.Até que um dia, uma amiga me indicou o livro. Ela falou com tanta propriedade que convenceu meio grupo literário a ler o livro. Confesso que eu nem me animei tanto, mas como precisava ler um livro para um Desafio Literário que o tema era livro com nome de mulher e a minha escolha anterior não foi agradável, eu peguei o Julieta, com muito má vontade e comecei a ler.
Agora, esquece o que falei anteriormente e para tudo! Eu li o livro em dois dias. Sim, 448 páginas em 02 dias! Eu almocei, jantei, não tomei banho com o livro por motivos óbvios, mas dormi com o livro!
Eu não vou ficar aqui contando a história porque a Maledetta, cagna da sinopse já fez isso! Além disso, todo mundo conhece a história original de Shakespeare, aquela do casalzinho, que confirma o ditado: O apressando come cru!, sim, porque se Romeu tivesse esperado pelo Frei Lorenzo, eles não teriam morrido e talvez seriam felizes para sempre, ou não, vai saber.(Sinto olhares trucidantes para esse parágrafo).
Mas, e se eu te disser que a história de Shakespeare não é a original, mas uma ficção criada para encobrir uma maldição? E se a história não se passar em Verona, mas sim em Siena? E com lugares e pessoas reais?
E se não envolver duas, mas três famílias e um tesouro?
Reza a lenda que a primeira versão de Romeu e Julieta foi ambientada em Siena e que somente séculos depois Shakespeare a ambientou em Verona e usou as famílias ficcionais Capuleto e Montequio nas sua linda tragédia.
O livro vai muito além do que um mero romance. O romance acontece, claro, mas o livro é muito mais.A "busca do tesouro" é tão cheia de volta e reviravoltas que, em determinado momento eu não sabia em quem acreditar.Tirando a Julie ou Giulietta, todos os outros personagens são extremamente dúbios e se em certa parte eles eram do time dos bonzinhos, logo depois, eles se tornavam pessoas más e quem era amigo, vira inimigo e vice-versa.
Fora isso, ele é ambientado em Siena, a cidade mais medieval da Itália. Com seus Pallazos, Piazzas e onde até hoje ocorre o Palio, uma corrida de cavalos que remonta à época e é feita em homenagem a Nossa Senhora. O Palio é disputado pelas contradas (na época família, hoje bairros) e é feita até hoje da mesma maneira.Tradição mais medieval, impossível.
Para completar,o desenvolvimento o livro é feito um capítulo atualmente contado pela Julie ou Giulietta Tomelei dos dias atuais em busca do tesouro e outro capítulo em 1340, quando viveu a verdadeira, ou melhor a outra Guilietta Tomelei, sua antepassada, em fatos e situações que se entrelaçam até o ápice da história. Mezzo Muzzarela, Mezzo Peperoni, capiche?
"Na mesma rua, somente um pouco adiante, ficava o Palazzo Tolomei, a antiga residência de meus ancestrais. Erguendo os olhos para a esplêndida fachada medieval, senti um orgulho repentino por estar ligada às pessoas que haviam residido naquela construção admirável.”
“Ao passar pelo Palazzo Salimbeni, procurei em vão restos da antiga torre. O prédio ainda era impressionante, com uma porta de entrada bem ao estilo do castelo de Drácula, porém já não era a fortaleza que fora um dia. Em algum lugar daquele prédio, pensei, enquanto seguia em passos rápidos e com a gola levantada, ficava o escritório de Alessandro, o afilhado de Eva Maria.”
Agora, vejamos se vocês concordam comigo: Um livro que tem mistério, aventura, romance, que se passa na Itália ( toda vez que eu leio um livro ambientado na Itália, tenho vontade, só vontade, porque money que é good nós num have, de me enfiar em um avião e ficar passeando pelas suas piazzas.), com personagens ora ruins, ora bons, que tem capítulos históricos e atuais, conta com um desfecho de tirar o fôlego, tem um cenário incrível e ainda tem um pé na realidade,não tem como ser ruim, não é? Aliás não tem como ser só bom. Bom é eufemismo, o livro é perfeito.
Assim, venho me redimir e desdizer tudo o que eu disse antes: Eu amei essa adaptação.
Espero que vocês também gostem do livro e tenham gostado da resenha.
Ah!Querem ver mais imagens dos lugares impressionantes de Siena citados no livro?Acessem a página da Sextante em Revista.
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