Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020O sol é para todos, Harper Lee – Nota 9/10Esse é um dos livros essenciais da literatura norte-americana. O pano de fundo é uma cidadezinha do Alabama, extremamente racista, na década de 1930. Nela, um advogado, Atticus Finch, assume a defesa de um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca. E a sua escolha traz sérias consequências para a reputação de sua família. Os cidadãos de Maycom não conseguem entender como Atticus pode defender um homem negro, da mesma forma que faria com alguém branco. Só essa breve descrição já deixa claro que o livro aborda temas extremamente sensíveis e que causam repugnância. De fato! Mas o que torna a leitura tão interessante é que a narradora é uma garota de apenas 8 anos, Scout, a filha do advogado. São temas como racismo, intolerância e justiça a partir da visão ingênua e inocente de uma criança. Scout não consegue entender o porquê da revolta de seus vizinho e dos demais colegas da escola, quando, na verdade, seu pai só está fazendo seu trabalho. E é no meio dessa dificuldade de compreensão que entram os ensinamentos de Atticus. Seu pai tenta transmitir o seu conceito de justiça, com a ideia de que todos são iguais e merecem ser tratados com tal. As críticas dos demais moradores de Maycomb não permitirão que ele passe por cima de seus valores. Uma das cenas mais interessantes do livro é o julgamento de Tom Robbinson, o acusado pelo estupro, e as reações de Scout com o desenrolar da sessão. Com uma narradora tão jovem, a obra, que trata de temas extremamente sérios, acaba revelando uma narrativa simples e acessível.
Por curiosidade, tamanha a relevância da obra que, em seu último discurso como presidente dos EUA, Obama fez questão de citar um de seus trechos: "You never really understand a person … until you climb into his skin and walk around in it."
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