Núbia Esther 20/05/2011Com o título original de Sekai no chushin de ai wo sakebu, Um grito de amor do centro do mundo é o primeiro título do autor (que iniciou sua carreira literária em 1986) a ser traduzido e publicado no Brasil. O tema abordado no livro já foi utilizado à exaustão em tantas outras obras literárias e cinematográficas: uma história de amor que será interrompida bruscamente por uma tragédia, quem já leu Love Story ou Um Amor Para Recordar sabe do que estou falando. Então, quer dizer que é só mais um livro sobre isso e não traz nada de novidade? Não é bem assim, ainda que o enredo siga a velha fórmula explicitada acima, a beleza da história está em acompanhar o desenrolar da relação entre os personagens e as memórias do protagonista.
“Tudo aconteceu num intervalo de quatro meses; praticamente o de uma única estação do ano. Foi nesse curto espaço de tempo que uma garota desapareceu desse mundo. Se considerarmos que existem seis bilhões de habitantes, certamente sua perda é insignificante. Mas não estou com esses seis bilhões. Estou num lugar em que uma única morte extinguiu todos os meus sentimentos. Estou num lugar assim. E nesse lugar sou aquele que não vê, não ouve e não sente mais nada…”
Sakutarô e Aki conheceram-se na sexta série, quando por um acaso do destino vieram a cair na mesma sala. Inicialmente eram só amigos, mas essa amizade com o passar do tempo floresceu e descobriram-se apaixonados um pelo outro. Porém, o destino quis brincar com o amor desses dois. Aki descobre estar muito doente, Sakutarô tem que ser forte por ele e por ela. Forte para agüentar a iminente perda e forte para não deixar que Aki parta desse mundo em meio à infelicidade.
O livro cativa pela narrativa poética que Katayama conseguiu imprimir em sua obra, a passagem que citei acima é só uma de tantas outras passagens repletas de poesia, melancólicas, mas belas e sem cair na pieguice. O fato de a história ser desenvolvida à luz da cultura oriental, também garante um ar todo especial a obra, seja em relação ao envolvimento dos jovens protagonistas, os diálogos sobre metafísica de Aki e Sakutarô e deste com seu avô, além de alguns fatos sobre a cultura japonesa até mesmo com direito a várias referências à obras nipônicas no decorrer da história.
Katayama também preferiu não seguir uma linearidade temporal em sua narrativa. Mas, como a história nos é contada por Sakutarô e ela nada mais é do que suas lembranças, a linearidade não faz falta e até contribui para enfatizar a busca pela memória que se esvai e pelas lembranças que não são possíveis reviver. Recomendo para aqueles que não se sentem incomodados em ler histórias que transpiram sentimentos, ainda que sejam apenas os sentimentos de dois adolescentes.
[Blablabla Aleatório] - http://feanari.wordpress.com/2011/05/20/um-grito-de-amor-do-centro-do-mundo-kyoichi-katayama/