Erica 12/12/2012
Linha do horizonte
Sabia que era uma história romântica, mas me surpreendi. Talvez por ver na mídia "bombando" tantas histórias românticas péssimas, eu estava preparada para ler a típica narrativa do amor adolescente ou jovem que floresce. Bem, não deixa de ser isso, mas consegue ser muito mais. Logo na primeira página sabemos que Aki está morta e que Sakutarô acorda todas as manhãs chorando. É um soco no estômago de heroínas vampirescas que ganham filha, casa mobiliada, beleza e imortalidade.
Os protagonistas desta história são bem jovens e estão apaixonados, mas seu amor é ameaçado pelo desfecho trágico. O autor mostra na história deles, e também na do avô do garoto, que o amor não deixa de sê-lo mesmo se o outro não está próximo.
O tom da narrativa é o ultra-romântico que acho que condiz com a enchente de sentimentos dos muito jovens. Mas não é brega. É uma discussão sobre o amor e sobre a vida após a morte. O livro é ainda repleto de mitos, histórias, alusões e descrições do Japão, que nos são quase desconhecidos (bem, que me são, hehehe), e muito bem-vindos. Há uma lenda muito fofa de um homem e uma mulher que se amavam mas que foram para locais diferentes, um ficou no continente e outro em uma ilha; pelo amor deles, a ilha foi se aproximando do continente até se unir a ele. Uma metáfora para o amor dos adolescentes, separados um de cada lado da linha do horizonte que separa o mar finito de uma abissal queda.
"De repente, tive uma horrível certeza. Por mais que minha vida fosse longa, eu nunca seria tão feliz como agora. A única coisa que eu poderia fazer era preservar essa felicidade com cuidado. Senti medo de estar tão feliz. Se a quantidade de felicidade era determinada para cada pessoa, naquele momento eu talvez estivesse esbanjando a felicidade de uma vida inteira." (p.25)