Priscilla 03/06/2022
profundo
Senti muita tristeza durante a leitura desse livro. Me senti triste por Santiago e pelo peixe. Fiquei muito tocada pela pobreza, pelo abandono, pela simplicidade e pela empatia de Santiago. Ele deseja apenas o básico, que não tem, e acha que é pedir muito. Não tem uma cama boa, não tem comida, não tem água, não tem banheiro, não tem família, somente um menino que é seu amigo e que cuida dele, sobrevive da ajuda de outras pessoas quando a pesca não dá frutos. É muito magro, velho e sozinho. Respeita o mar, os peixes e a natureza, se sente irmão dos peixes, pois ambos vivem do mar.
"Já é ruim o bastante viver no mar e ter de matar os nossos verdadeiros irmãos" (p. 76).
Ao mesmo tempo em que sente empatia pelo peixe, também sabe que terá de matá-lo, pois esse é o seu ofício, como pescador, e essa é sua necessidade para que tenha alimento, para alimentar outras pessoas, para ganhar algum dinheiro necessário à sobrevivência. Fiquei impressionada pela consideração que tinha com o peixe, como se a dor dele fosse maior que a sua, como se não conseguisse reconhecer o nível de dor e dificuldade que estava passando ao lutar para vencer o peixe/a força da natureza.
"Porque, afinal, foi por causa da minha traição que ele se viu obrigado a escolher um rumo para onde fugir. A sua escolha inicial fora se esconder nas águas escuras e profundas, para além de todos os laços, armadilhas e traições. A minha escolha fora ir procurá-lo onde jamais alguém ousara ir (...) E não havia ninguém para ajudar nem a um nem a outro." (p. 53).
"Peixe, eu gosto muito de você e o respeito muito, mas vou matá-lo antes do fim do dia" (p. 57).
"Mas tenho de matá-lo, em toda a sua honra e glória. Embora seja injusto. Mas vou mostrar-lhe o que um homem pode fazer e o que é capaz de aguentar" (p. 68).
É como um cabo-de-guerra com a natureza, de um lado, o homem, do outro, o peixe. Lutam com o que tem nas mãos. Ao final, quem sai ganhando? Não se sabe ao certo. Ele vence a luta, mas se sente derrotado. Não tem o que almeja, fica sem a carne, não tem o alimento, não tem o retorno financeiro, sequer tem o retorno do reconhecimento. Ao que parece, remanesce apenas o orgulho pessoal, uma boa história para contar, mas a que preço?