Invasão Bárbara 11/03/2024
O Velho e o Mar, Ernest Hemingway
Este é o sexto livro do autor norte-americano Ernest Hemingway, último publicado em vida, que lhe rendeu o Prêmio Pulitzer em 1953 e o Nobel de Literatura no ano seguinte. É considerado sua obra-prima.
A narrativa é curta e direta, em apenas um capítulo, para ser lida de preferência em um fôlego só. Alguns detalhes não são contados, mas o leitor consegue pegá-los no ar, como o local e a época em que a história se passa. Hemingway chamava isso de “Teoria do Iceberg”, a ideia é bem semelhante à utilizada na literatura e no teatro clássico japonês “De cada 10 passos, caminhe apenas 8”, ou seja, conte apenas alguns fatos e deixe o leitor concluir o resto.
Juntando o quebra-cabeça de informações soltas, ficamos sabendo que o livro se passa em Cuba (o pescador vê as luzes de Havana ao longe e navega pelas Correntes do Golfo), no final da década de 40 ou início dos anos 50 (há conversas sobre Joe DiMaggio estar de volta no time de beisebol dos Yankees).
Santiago é um pescador idoso vivendo na miséria, preso às lembranças do passado e lendo notícias de jornais velhos. Há 84 dias não pesca nada e acredita que a sorte o abandonou. Ao seu lado está Manolin, um garotinho que o ajudava no barco até começar a maré de azar e os pais da criança o obrigarem a mudar de embarcação.
No 85º dia, Santiago vai sozinho para o mar aberto e começa uma batalha contra um peixe enorme que dura três dias e três noites. Ela é descrita com a mais bela riqueza de detalhes que se pode imaginar: os machucados nas mãos, a náusea, o cansaço, as câimbras, as conversas em voz alta com a voz dos pensamentos e o desejo desesperado de não aceitar a derrota – para o peixe, a idade e a vida –, então, vem uma das passagens mais lindas, simples e angustiantes que já li:
“ ’Eu nunca tinha sido derrotado e não sabia como era fácil. E o que me venceu?’, pensou ele.
– Nada – disse em voz alta. – Eu fui longe demais. “
Por mais que Hemingway só quisesse contar uma história sobre pescaria, ele acabou criando acidentalmente uma narrativa cheia de simbolismos e com várias camadas de complexidade.
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