CrisIngrid 03/11/2020
Minha opinião
"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar."
Um homem bate à porta de seu rei para pedir-lhe um barco, pois deseja viajar para encontrar uma ilha desconhecida. Ao ter seu pedido questionado pelo rei, que afirma não existir mais ilhas desconhecidas, entra num jogo de argumentação para defender seu desejo de viajar em busca do novo. Nada irá dissuadi-lo de buscar aquilo que deseja.
É devidamente óbvio que este conto é uma metáfora, logo pode ser interpretado de inúmeras maneiras. Eu vejo essa história como uma maneira de nos alertar para as amarras que a sociedade, muitas vezes, nos impõe, nos fazendo acreditar que não há nada mais a buscar, nenhuma ilha desconhecida com a qual sonhar. Querem cada dia mais nos impor limites, podar nossos sonhos e fazer com que nos contentemos com aquela velha história: "mais vale um pássaro na mão do que dois voando." Eu nunca gostei desse dito popular, sempre achei que, de certa maneira, ele dizia que tínhamos que nos contentar com aquilo que nos rodeia e não ir atrás de nada mais por medo do desconhecido. Ou seja, me acomodar e me conformar com a situação que me cerca, independente se ela me angustia e me faz infeliz. Eu não sei quanto a vocês, mas eu não quero viver o resto da vida com um pássaro na mão, quero pegar o meu barco e ir atrás da minha ilha desconhecida. Quero ir além, quero ver pássaros voando!
Quanto à escrita de Saramago, tive um pouco de resistência no começo, já que ele escreve de maneira bem peculiar. No entanto, ele usa de um vocabulário tão simples e compreensível que essa dificuldade logo foi superada e eu pude saborear melhor sua narrativa.
Então, se você se encontra desmotivado e acha que está acomodado demais, talvez esse conto possa te dar alguma motivação. Talvez, esse rapaz que não teme o que não conhece e vai em busca de realizar o seu desejo, te inspire a fazer o mesmo.
"Se não sais de ti, não chegas a saber quem és..."