Déh Carvalho 22/01/2023
“Próxima parada, Manifest”
“O movimento do trem me embalava como uma canção de ninar. Fechei os olhos para a área rural empoeirada e imaginei a placa que só conhecia de histórias. A que ficava no limite da cidade e anunciava com grandes letras azuis - Manifest: Uma cidade com um passado rico e um futuro brilhante”.
Abilene Tucker sempre esteve viajando em trens e se mudando frequentemente com o pai. Mas agora é diferente, Abilene está viajando sozinha em um trem, tendo consigo uma bússola, um vestido azul, duas moedas brilhantes e uma carta de seu pai informando que ela será recebida na estação de Manifest por um tal de pastor Howard. Abilene não sabe porque teve que se separar de seu pai, muito menos o que irá encontrar em Manifest.
Em sua nova escola, Abilene recebe a primeira tarefa: escrever uma história durante as férias de verão. Esse é um início para grandes mudanças em sua vida. Ela finalmente encontra a amizade em um grupo excêntrico de pessoas: as primas Lettie e Ruthanne, o velho pastor Shady, a irmã Redempta, a colunista Hattie Mae e a Sra. Sadie, uma vidente que parece só conseguir revelar o passado misterioso de Manifest. A grande aventura de Abilene, Lettie e Ruthanne começa em uma investigação em busca do paradeiro de Cascavel, um possível espião de Manifest, que parece ser um dos infindáveis segredos da cidade que os adultos não podem revelar. As garotas recebem uma mensagem enfática de que devem “deixar isso para lá”, mas é quase impossível abrir mão de uma investigação como essa.
Paralelamente, Abilene conduz sua investigação particular em busca de Gideon, seu pai e companheiro fiel de viagem nos trilhos. Ninguém parece capaz de responder para onde Gideon foi, porque ele a deixaria viajar sozinha para a cidade de Manifest - onde ele morou quando mais novo -, e o mais importante, se ele irá voltar para buscá-la.
Adorei ver o amadurecimento de Abilene e o fato da história de Manifest ser revelada aos poucos, de um jeito tão instigante. Os personagens também são muito cativantes, cada um tem uma função especial para a narrativa. A escrita de Clare Vanderpool é única.
Para finalizar, embora eu acredite que “não se deve julgar um livro pela capa”, esta edição de Minha Vida Fora dos Trilhos sob o selo da Darkside Books é simplesmente uma graça. Os trechos das matérias de jornal que são intercalados às páginas da narrativa fizeram total diferença, nos fazendo adentrar na realidade da história. O livro em si imita uma caixa de madeira - a velha caixa de charutos que é tão preciosa para a protagonista e o desenvolvimento da trama.
“Você se lembra de quando Manifest parecia um lugar muito distante para voltar lá? Um lugar bom demais para ser real. Um lugar que dava orgulho de chamar de lar. Lembra? Para quem fez dessa cidade um lar, vamos sempre lembrar. E para aqueles que não voltaram para casa, não vamos nunca esquecer”.