Resenhas - Perto Do Coração Selvagem

Mimi102 01/05/2024

Coração Selvagem
Na minha concepção é um livro problemático. Não em um nível after, mas no nível humano. A protagonista é tão confusa quanto se dá a entender, oque me confundiu a leitura inteira. Todavia, acho que Clarice Lispector é uma leitura onde não tem oque se tem entender, apenas sentir. A momentos em que você só pode se entregar aos sentimentos descritos e deixar as palavras flutuarem em sua cabeça. Mas existem outros momentos onde você só olha a página e fala "que desgraça ta acontecendo com essa doida!?". Enfim, uma ótima leitura mas bastante confusa.

Débora 30/04/2024

"Eu nem chegaria a ver mesmo e a ouvir se não fosse você. Se me abandonar, ainda vivo um pouco, o tempo de um passarinho ficar no ar sem bater asas, depois caio, caio e morro".

Esse livro é muito sensível, caótico. Clarice consegue transformar em frases, em paragrafos sequenciados, o mal-estar delirante de quem tem na mente mais sentimentos do que ideias. Mais fotografias do presente e passado, embaralhadas, do que acontecimentos sequenciados e lógicos. E consegue, com isso tudo, ainda sim fazer sentido.

É um jeito muito inovador de contar uma história, é um impacto grande. Tem parágrafos bem sublimes, e também um lugar comum familiar às mulheres sensíveis demais.

De alguns diálogos eu não gostei, mas eles são só um aspecto minúsculo de um livro gigantesco. Meu Deus, Clarice.

Myllena.Silva 29/04/2024

Clarice é um ser que transborda questionamentos. Ela retratou bem isso através de Joana. Não é só mais um ser humano na terra, mas um ser que reflete bastante acerca de si, de seus sentimentos, das pessoas que conhece e dos acontecimentos da vida.
Através desse livro, dá pra sentir que Clarice sempre carregou o peso de ter que conviver com seus pensamentos e questinamentos incessantes, a ponto de sufocar.
É uma leitura que pede entrega, comprometimento e mente aberta pra acompanhar o fluxo do pensamento de Joana através de Clarice.

Larissa3099 28/04/2024

Para mim, ler Clarice é uma experiência. Tem que ser feito sem pressa e sem a ansiedade de querer entender cada palavra usada, pq ela é doida e é proposital. Agora to aprendendo isso e me acostumando, mas pensei em desistir algumas vezes pq parecia que só estava lendo um monte de coisas sem sentido.
Não abandonei pq as partes em que ela realmente conta da história me interessaram e eu queria saber oq ia acontecer no fim, mas definitivamente não sou a maior fã do fluxo de consciência.

O que me incomoda na escrita da Clarice é a falta de detalhes sobre aontecimentos ou personagens, coisas que fazem a gente se conectar com a história. A protagonista é escrita para ninguém gostar dela mesmo e com sucesso, nem quando ela sofria eu conseguia ter dó pq era como se eu só conhecesse as partes ruins dela.

Ainda assim quero reler em outro momento, com mais calma, anotando coisas.

hellen 27/04/2024

Joana é múltipla, é muitas, confusa, perdida, tem questões dentro de si desde a infância que acompanham quem ela vai se tornando na vida... Joana é complexa... e nós mesmos não somos todos assim?!
Se pudesse colocar em palavras soltas: solidão, abandono, medo, felicidade, dúvida, desejo. Joana me consumiu do início ao fim, questionando o vivido e o que ainda se pode viver, o questionando o outro, o do outro, para o outro, sobre o outro, sempre tão presente.

Lembrar que, alem de ser ideia é importante: "Não me perder em grandes ideias, sou também uma coisa" algo que se movimenta no cotidiano, que é afetada e afeta - "Eu me sinto tão dentro do mundo que me parece não estar pensando mas usando de uma nova modalidade de respirar"

Se "liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome", o que é esse além da liberdade? que sentir é esse? Clarice coloca a gente de frente com os desconfortos, as angústias, coloca no tom da palavra esses sentimentos indefiníveis, nos coloca cara a cara com si próprio. Esse é seu maior feito.

Fofox 26/04/2024

Me faltou intelecto
Eu comecei entendendo bem até, mas do meio pro fim fui me perdendo mais nos diálogos e terminei o livro ainda sem saber se o amante dela era real ou não

De Domenico 25/04/2024

Perto do coração selvagem
É difícil encontrar palavras para descrever esse livro, justamente porque lida com dois dos temas mais complexos que existem: Quem somos nós e como nós vivemos?

Apesar da minha definição bem generalista do livro, experienciamos seus temas de uma forma bem particular, pela protagonista Joana, uma das personagens mais complexas e bem realizadas que já encontrei na literatura. Usando a técnica de fluxo consciência, Clarice Linspector nos coloca no olho da tempestade de tudo que Joana passa. Isso leva muitas vezes a uma leitura confusa, com o mar de metáforas algumas vezes nos obstruindo do ?ponto principal? de determinado capítulo, mas em retrospectiva, ajuda essa personagem a parecer ainda mais real. Temas ou objetos que são estabelecidos desde o começo da história aparecem repetidas vezes tanto dentro, quanto fora da cabeça de Joana, e em cada instância dessa eu sentia pequeno calafrio subindo.

É difícil tentar dissecar o que pode se tirar do fim dessa narrativa, mas diria que o título diz tudo. Joana quer viver o quão próximo do coração selvagem que é possível.
Esse vazio existencial que clama por vida dentro da personagem recebe diferentes soluções durante a história. É uma falta de feminilidade? É uma falta de maturidade?
Essas primordiais perguntas são lentamente seguidas por questões diferentes: O que é a feminilidade? O que é maturidade?
Acho que muitas coisas na vida real prendem esse coração selvagem nosso de realmente se libertar. Talvez nunca o libertaremos por completo, mas? tentar se desacorrentar é o suficiente.

Bom, quero tatuar algumas frases desse livro no meu cérebro e nunca mais me esquecer. Recomendo a todos que já sentiram algo mais no seu corpo chamar por você e querem explorar esse sentimento.

Lets Aquino 25/04/2024

Continuo sempre me inaugurando ...
Quanto mais leio Clarice, mais difícil se torna falar de sua escrita e de seus livros, "Perto do coração selvagem" é poético como seu título, mas bem longe de ser um romance simples, pois quando se trata de Clarice, "o simples" passa longe.

Este livro traz a personagem principal, Joana, e sua vida dividida em partes, desde sua infância, adolescência, à vida adulta, embora não seja linear e vamos juntando as peças para compreender (tentar na verdade), euma ssa mulher que nasce ao longo dessa história.

O livro todo traz um universo feminino, personagens mulheres que vem trazer uma composição para os acontecimentos, o que é interessante dado ao fato que Joana é órfã de mãe, tendo passado a infância apenas com seu pai.

Também observamos ao longo da narrativa os elementos da natureza que Clarice traz como referências e analogias sobre as características dos personagens, e a ligação de Joana com a água (que tem a ver com nossa relação com a mãe).

O enredo é uma busca de Joana se encontrar no meio de tantas coisas que a sociedade e o mundo externo vê como aceitável - Joana é profunda, de gênio forte, sagaz, de uma inteligência ímpar e questionadora que não cabe nos moldes impostos e que se ditam aceitáveis, por isso também é uma personagem acima do que podemos julgar que é moral ou não.

Depois aparecem as figuras masculinas de um professor e de Otávio, seu marido e, a partir desses relacionamentos uma Joana amadurecendo como mulher adulta e dona de si, ainda questionando os padrões sociais e o ponto forte do enredo que é seu casamento e a infidelidade de Otávio, e essa crítica exposta sobre o papel da mulher e do comportamento patriarcal e a luta de Joana de quebrar esses padrões e ser livre em suas escolhas e atitudes.

É interessante que seja o primeiro romance de Clarice pois a escrita é extremamente madura, concisa e de seu estilo disruptivo, considerando a data de escrita/publicação.

É daqueles livros cheios de frases e quotes famosos de Clarice e é preciso sentir mais do que entender tanto Joana quanto sua história.

Rafaellamfferreira 24/04/2024

Clarice é única!
Uma narrativa intensa e introspectiva, que mergulha nas profundezas da alma humana.
Amo a Clarice porque ela sai do habitual, do padrão, e esse livro é exatamente assim, com uma narrativa que não segue uma linearidade temporal rígida, mas sim uma trajetória emocional, onde passado, presente e futuro se entrelaçam.

Tem muito simbolismos e metáforas e uma protagonista - Joana - como uma mulher complexa, sensível na sua eterna busca por compreensão e identidade. Passando pela solidão, amor, morte e a busca pela liberdade, explorando as contradições e os conflitos da condição humana.

É um livro que transcende as barreiras do tempo e do espaço, que sempre vai me emocionar! Clarice, você é atemporal. Você é ímpar! Obrigada!

JoJo 24/04/2024

"Havia uma força pronta para arrebentar em violência"
Estar perto do coração selvagem é sobre a intensidade de se entender não através da inteligência mas sobre entrar em contato com a extrema sensibilidade, sobre a busca constante e consciente de encontrar a razão de sua existência.
Viver é uma difiícil alegria, é jogo e risco.

Mc Brendinha Carvalhão 24/04/2024

E perto da minha loucura
Não sei o que dizer, nem se entendi. Vou fazer uma releitura futuramente, por que acho que dessa vez não foi pra mim.

Larissa.Herculano 23/04/2024

O livro trata da história de Joana, tendo lapsos da sua infância e vida adulta. Joana desde pequena era muito intensa, sonhadora e peculiar. Viveu parte da infância ao lado do seu pai, que morreu ainda durante sua infância fazendo Joana mudar-se para morar com seus tios, que pouco a compreendia, tratando a criança como um infortúnio e mandando-a para um internato. Na vida adulta Joana vive um romance com Otávio e casa-se com ele, que na minha concepção acha que Joana o apaga ou não o compreende, sendo que ele pouco a compreende também, sem muitos conflitos, posteriormente se separam. Joana vive um breve romance carnal com um desconhecido e por fim, embarca numa viagem solitária em busca de si. Não fui muito aguçada pelo drama da vida de Joana, nem me aproximei muito da personagem, pouco consegui viajar junto a ela pela sua própria vida, mas no geral, é um livro agradável.

stephanie.2 21/04/2024

Ser feliz é pra se conseguir o quê?
Joana é uma menina questionadora e uma mulher intensa, procurando o sentido de sua vida. Mais que isso, Joana é uma mulher que não se contenta com padrões, que quer ir além, que quer a liberdade plena ? mas, como ela mesma diz, "o que eu desejo ainda não tem nome". Foge da imagem de "mulher boazinha" que tinham à época.

É difícil falar de uma forma lógica desse livro e dessa personagem, que é tão complexa. Só posso dizer que me identifiquei em muitos momentos, compartilhei medos com Joana.

Talvez o livro da Clarice que eu mais tenha me conectado até aqui. Gostei muito!

Clarafsantos 19/04/2024

E o meu coração selvagem tem essa pressa de viver
Ninguém soa como Clarice.

Diz muito sobre esse livro saber que ela escreveu aos 20 e poucos, logo depois de casar, já que a leitura sendo um romance, reune vários pensamentos fragmentados sobre vários aspectos da vida.

Clarice escreve uma personagem intensa muito complexa, quer e não quer, pode tudo e não pode nada, ama viver mas pensa em morrer.

A narração do livro toma consciência de todos os pensamentos, dos personagens, nos fazendo estar imersos em vários momentos filosóficos.

Cakichi 19/04/2024

Muito bom e muito relatável. meio confuso em algumas partes por ser o primeiro livro dela, mas é bem bom