Resenhas - Matadouro 5

Amanda 02/03/2023

Matadouro Cinco, de Kurt Vonnegut
A seguir, transcrevo um trecho do livro onde o próprio narrador o descreve:

“O livro é tão curto, tão confuso, tão desarmônico, Sam, porque nada de inteligente pode ser dito sobre um massacre. Todos devem ser mortos sem nunca mais dizer ou querer nada. Tudo deve ser muito quieto depois de um massacre, e sempre é, exceto pelos passarinhos. ”

E “é assim mesmo”! Este narrador interessantíssimo é um personagem autobiográfico de Vonnegut. Ele conta a história de vida de Billy Pilgrim, que conheceu quando foram reféns dos alemães e que sobreviveram ao massacre de Dresdem ao final da segunda guerra mundial.

A história de vida de Billy é marcada pelo trauma causado pela guerra. Os fatos não são narrados em ordem cronológica, há saltos temporais constantes acontecendo na mente de Billy. Momentos ocorridos durante a guerra são intercalados com sua vida antes e após este momento.

A habilidade de lidar com o tempo ele aprendeu com os extraterrestres, após ser abduzido. A ficção-científica traz a dúvida do que é real e do que é trauma além de muitas discussões sobre a importância do tempo e dos acontecimentos predestinados a ocorrer.

Misturar um fato real e ficção de maneira tão interessante fez o livro crescer para mim a cada página. O autor usou de ironia e de uma escrita crua e direta para tecer muitas críticas. A leitura foi muito desconfortável em diversos momentos. Afinal, o próprio autor não queria romantizar a guerra. Ele está certíssimo e conseguiu.

lorenaeow 01/03/2023

"Todo o tempo é o tempo todo. Não muda. Não se presta a avisos ou explicações. Simplesmente é."

vênus 19/02/2023

Fenomenal
Esse livro é considerado um clássico por um motivo, que, na minha visão, reside na destreza em condenar a guerra com sarcasmo, tristeza e choques de realidade.

A premissa de viagem no tempo e alienígenas misturada com Segunda Guerra Mundial me deixou suspeita por me lembrar de um filme muito ruim que misturava zumbis e nazistas. PORÉM, saí da leitura estarrecida com a grandeza dessa obra minuciosa e genial!!

O sarcasmo de Kurt é diretão na ferida. O humor evidencia ainda mais o absurdo das guerras, a falta de sentido em armar crianças para matar, é assim mesmo. É um eterno ciclo de desgraça e de tantas perdas que no fim a gente já espera pelo "é assim mesmo", e isso é terrível.

Tirei uma estrela porque eu não gostei da exploração superficial das personagens femininas. Eu acredito que existem reflexões mais profundas sobre as mulheres que vão além dos estereótipos machistas da década de 60.

Mesmo assim, o saldo foi positivo. É uma leitura essencial.

Valerio.Assolari 18/02/2023

Um dos melhores livros sobre 2ª guerra que já li.
É impressionante o que Kurt Vonnegut conseguiu fazer com esse livro! Ele traz sua experiência da segunda guerra de uma forma impactante ao mesmo tempo cômica misturando sarcasmo com ficção científica e romance. É um livro que ao mesmo tempo gera incômodos é quase impossível parar de ler, o tempo todo somos instigados à saber o que ocorrerá ao personagem.

Guilherme.Lefort 15/02/2023

Realmente um clássico!
Após concluir a leitura é muito impressionante perceber como o autor conseguiu descrever um evento terrível com uma linguagem fácil, com humor, mas com reflexão e críticas ácidas a guerra! E para mim a principal reflexão do livro é como o ser humano consegue se acostumar e adaptar a tudo, até às atrocidades! Realmente amei o livro e apesar de toda sua loucura de mistura de história real com ficção científica ele termina como uma experiência incrível e enriquecedora

Felipe 08/02/2023

Doido e emocionante
Um mergulho na mente de um ex-militar que lutou na segunda Guerra Mundial.
Todos os dramas e situações vividas pelo personagem tem muito do autor, como ele mesmo deixa claro no início, mas ele vai além e consegue surpreender colocando outros elementos como a esquizofrenia e o estresse pós traumático na dança toda, o que torna o livro divertido, com menções a viagens no tempo e viagens para outros planetas. E feito de maneira tão leve e espontânea que nós, leitores, nos pegamos nos perguntando se realmente aconteceu isso, se é um livro pé no chão, ou u. A ficção científica qualquer como qualquer outra, porém com o desenrolar da história a gente entende do porquê essas viagens.
Li muito rápido, o livro infelizmente é pequeno mas é o suficiente. O autor passou o que quis dizer e me cativou.

"Deus, me conceda a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para mudar as coisas que posso, e sabedoria para sempre reconhecer a diferença"

LeandroCastro88 07/02/2023

O livro foi muito bem recomendado. A edição é bonita. A história não me atraiu muito. A parte que mais me interessou, que foi a parte do zoológico, não foi muito aprofundada. O restante do livro não me gerou muito interesse.

Lavs.Simonavicius 31/01/2023

Proposta do livro honrosa
Infelizmente o livro não me agradou tanto, mesmo eu entendo a proposta dele. O autor fala da guerra de modo satirizado e cômico, não como algo que deve ser louvado e repetido. Isso é muito bom. A narrativa varia entre acontecimentos do presente, passado e futuro do protagonista que intercala essas lembranças com viagens imaginárias de outras vidas que ele estaria vivendo.

No entanto , a forma da narrativa não me agradou ou simplesmente não foi o que eu estava esperando, por isso não teve o impacto grande em mim. Mas reconheço que é um bom livro.

Raul.Coutinho 28/01/2023

Rimas e metalinguagem
*O que venho apontar é a manha da arte (nada mais é que artimanha). A estrutura vai ser enxergada se você já leu Matadouro cinco*
Vonnegut alterna suas rimas. Sim, calma, não é um poema; o livro é sobre os eventos de Billy Pilgrim antes, durante e após a batalha de Dresden. E quanto ao Vonnegut rimar, é, por exemplo, o que ocorre no primeiro capítulo ele realocar sua continuação no sexto capítulo. Billy transita no tempo passado, futuro, presente. E se sabe se sonha em outro lugar? Tem paranóia? Vertigem? Realmente fora abdusido por uma nave Trafalmadoriana? Ninguém sabe. O que eu sei: o livro não causa confusão, conforme muita gente resenha. Então por isso a rima alternada, não só de continuidade, mas de imagens. E olha que Vonnegut é didático, faz metalinguagem, (comenta a respeito da estrutura narrativa no próprio livro) segundo seu alter-ego Yon Yonson.
Matadouro cinco mata leitores acostumados com Jornada do Heroi.
É assim mesmo.

João Luiz 27/01/2023

É uma mistura de ficção com história, muito bem construída pelo autor. Billy Pilgrim, ex-combatente da segunda guerra vive atormentado com seu passado, revivendo momentos terríveis da guerra. O livro é muito bom, flui de forma tranquila. Vale muito a pena ler.

Everton101 21/01/2023

Não é um livro ruim... Mas achei confuso, tive dificuldades com a permanência narrativa na memoria. Também achei as reflexões sobre a vida humana pouco consistentes...

Jonathan.Queiroz 12/01/2023

Me deixou com mais perguntas do que respostas
Gostei bastante da experiência de leitura e da gama de sentimentos conflitantes que a gente vivência durante. O autor escolhe se referir à guerra e ao seu passado de uma maneira bem particular, refletindo e rindo da pior de todas as desgraças, mas sem ser desrespeitoso consigo mesmo e nem com os outros que passaram por isso. Apesar de ter gostado, confesso que acabei o livro ainda com muitas questões e acho que vou precisar ler uns textos de apoio para compreender melhor os objetivos do autor. Fiquei muito intrigado com a escolha do autor de usar elementos de sci-fi para contar essa história, mas terminei o livro sem nenhuma conclusão plausível kkkk com certeza vou voltar pra essa obra no futuro.

Cristiana 07/01/2023

Leve e tenso
Como contar os horrores da guerra sem deixar a leveza e a poesia de lado?
Pode parecer impossível, mas Kurt Vonnegut conseguiu com maestria
A sutileza anda de mala dadas com o sarcasmo e muita inteligência.

Eduardo Mendes 30/12/2022

Texto leve, dinâmico, cômico, psicodélico e ao mesmo tempo exagerado e insano
Matadouro Cinco explodiu a minha cabeça e sem dúvidas entrará na minha lista de melhores leituras de 2021. Dito isso, vale lembrar que o livro foi escrito em 1959 por Kurt Vonnegut, que vivenciou a Segunda Guerra Mundial lutando ao lado dos aliados. Aliás, Matadouro Cinco é o nome do abatedouro onde Kurt foi prisioneiro de guerra em Dresden, na Alemanha.

Logo no primeiro capítulo o autor comenta sobre a sua vontade de escrever sobre a guerra sem endeusá-la como a mídia faz, já que ela nada mais é do que um matadouro, um massacre onde as vítimas não possuem voz. É assim mesmo.

Pra tratar de um tema tão complicado, as escolhas narrativas de Vonnegut são nada menos do que geniais. Acompanhamos a trajetória do personagem Billy Pilgrim, que assim como o autor, testemunhou como prisioneiro de guerra em 1945 a morte de milhares de civis, a maior parte deles por queimaduras e asfixia, no bombardeio que destruiu a cidade alemã.

Seu texto é leve, dinâmico, cômico, psicodélico e ao mesmo tempo exagerado e insano. Billy Pilgrim é abduzido por alienígenas e viaja no tempo, (o autor diz que Billy ficou solto no tempo). A trama ganha contornos fantásticos, ainda mais quando o autor quebra a barreira entre o narrador e o personagem, deixando o leitor ainda mais atônito com a bagunça entre realidade e ficção!

É uma grande sátira recheada de acidez às guerras. Mais do que isso, curioso notar como Vonnegut traz um forte discurso anti guerra enquanto mostra que nos acostumamos com a violência institucionalizada e somos capazes de nos divertir à custa do sofrimento de milhões. Isso fica evidente em Billy Pilgrim, um personagem fatalista, conformado e desmotivado. Billy surta, não consegue assimilar e se conectar à realidade absurda ao seu redor, e repete ao longo de todo o livro uma espécie de mantra do pessimismo: “É assim mesmo”.

É um daqueles livros que te pega nas entrelinhas e te faz questionar sobre o caminho que humanidade pretende seguir em meio à tanta violência no mundo. Fantástico!

site: https://jornadaliteraria.com.br/matadouro-cinco/

Kelvin 26/12/2022

É assim mesmo...
O livro traz relatos de um período que mancha a história humana e através de extraterrestres e viagens no tempo tenta suavizar o discurso sem deixar de demonstrar a monstruosidade daquilo tudo.
O mais intrigante é questão de como Trafalmadorianos entendem o tempo e como isso traz a ideia do conformismo... Tudo é o que é... É assim mesmo...
Só um alienígena pra entender as loucuras da humanidade.