Brenda.Balk 20/12/2020
Arrastado e cansativo
Em Factótum, segundo romance de Bukowski, publicado em 1975, Chinaski vivencia as peripécias de sua vida caótica durante o período a Segunda Guerra Mundial. Sendo considerado inapto para o serviço militar, ele não entra para o exército dos Aliados. Dessa forma, não sendo considerado um herói combatente de guerra, ele é visto pela sociedade na época como um perdedor e um fracassado, já que não tem emprego fixo, nem profissão estável (é escritor eventual) e não tem perspectivas de uma mudança de vida. Afunda-se na bebida e no jogo (corrida de cavalos), juntamente com uma companheira ambígua em termos de caráter (tão ou até mais instável que o próprio Chinaski). Particularmente, considero o livro uma narrativa arrastada, com foco apenas nas fraquezas e fracassos dos personagens, em seus defeitos e suas falcatruas, deixando de lado uma perspectiva mais realista da vida, afinal, eles são responsáveis por todo o caos que acontece em suas vidas, e não querem nem conseguem mudar isso (preferem colocar a responsabilidade de seus fracassos nos outros e na situação em si). Isso provavelmente se deva ao fato de que é o próprio Chinaski quem narra a história, e ele não consegue encontrar nada de bom em que se apoiar ao longo da narrativa. Ao contrário de Misto quente, um livro fantástico, Factótum é cansativo, arrastado, e não acrescenta em nada como leitura. Não indico esse romance como sendo uma boa para iniciar a leitura de Buk. O autor é definitivamente muito melhor do que deixou transparecer esse romance. Foi uma continuação pífia de Misto quente, e talvez esse fato (desse último ter superado minhas expectativas) fez com que eu depositasse todas as minhas fichas em Factótum, e eu acabei me frustrando muito. Não recomendo a leitura.