Rafael.J 12/08/2020Bukowski segue ácidoComecei a ler Bukowski por "Misto-Quente" e não poderia ter começado melhor. Acredito que ler suas outras obras sem antes conhecê-la pode acarretar em diversos problema para a compreensão da natureza de seu alter ego, Henry Chinaski. No entanto, falemos de "Factótum", já que essa resenha é sobre ele. Chinaski segue desalentado, desesperançoso e sendo arrastado pela vida por cidades, bares e empregos ruins. O livro não tem a mesma força de seu antecessor cronológico mas prende pela simplicidade da escrita e pelas afiadas reflexões do protagonista.
Algumas passagens e cenas trouxeram-me um incômodo gigantesco, podendo e devendo ser problematizadas. É essencial adotar um olhar crítico para não normatizar ou romantizar o comportamento problemático de boa parte dos personagens.
No final das contas, "Factótum" é uma leitura rápida, fluída e que entretém. Dificilmente vai agradar quem já não gosta do autor e até seus apreciadores podem e devem questionar seus trechos mais controversos, afinal de contas, Bukowski nunca foi uma unanimidade.