Fabio Martins 07/08/2015
O grande Gatsby
Muitas vezes as pessoas vêm me perguntar o que acho de tal escritor. Acontece que, em algumas situações, eu não conheço a obra da pessoa questionada e, às vezes, sequer ouvi falar dela. Quando isso acontece eu vou atrás de referências sobre elas e suas obras.
Há um tempo, não conhecia F. Scott Fitzgerald. Já havia ouvido esse nome, claro, mas na minha cabeça ele era um político famoso ou um grande astro do cinema antigo. Quando assisti ao filme Meia-noite em Paris, de Woody Allen, em que F. Scott Fitzgerald e sua esposa, Zelda, são retratados, me interessei bastante em conhecer sua obra. Nele, o casal se mostra de forma bastante interessante, festeiro, inteligente e problemático.
Aproveitando o lançamento de um novo filme sobre uma das principais obras de Fitzgerald, O Grande Gatsby, decidi lê-lo antes de acompanhar nas telonas. O livro atualmente é reconhecido como uma das obras mais importantes da literatura norte-americana por retratar de forma irônica os ostensivos e extravagantes anos 1920, em que a economia do país prosperava após a Primeira Guerra Mundial. E o autor acreditava na potência de sua obra. Em cartas trocadas com seu editor, Fitzgerald escreveu: “Acho que meu romance é provavelmente o melhor romance americano já escrito. É brutal em algumas passagens...”.
O livro é, de fato, brutal, quando lido como uma crítica à sociedade norte-americana nos 1920. Tanto que na época de seu lançamento não fez muito sucesso, pois parecia apenas mais um romance cotidiano. A obra só foi fazer mais sentido como uma verdadeira crítica cheia de ironias depois do crash da Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929.
A trama é narrada por Nick Carraway, jovem relativamente bem-sucedido que vai viver em West Egg, Long Island. De sua modesta casa, observa diariamente a mansão incrivelmente grande de seu vizinho misterioso, conhecido apenas como Gatsby, que frequentemente promove festas para centenas de pessoas. Poucas pessoas sabem quem é realmente Gatsby, qual é o seu passado e com o que trabalha.
Do outro lado da baía, de frente para a casa de ambos, vive a prima de Carraway, Daisy, e seu marido, Tom Buchanan, casal muito bem-sucedido e pertencente à elite americana da época. Aos poucos, o narrador começa a ser convidado para as festas do vizinho, sem ao menos conhecê-lo. Quando o conhece, percebe sua ambição, obstinação e os meandros de sua conturbada vida, pois para Gatsby tudo foi planejado. Sua fortuna, sua fama, até mesmo sua casa de frente para a de Daisy – seu antigo e verdadeiro amor.
O desenrolar do reencontro deste antigo casal é marcado por aparências, fingimentos, enganações e toda a hipocrisia da época que Fitzgerald fez questão de transpirar em sua obra. O Grande Gatsby é um livro muito agradável de ler. Fitzgerald constrói muito bem a imagem misteriosa de Gatsby, cujo passado é revelado aos poucos.
site: lisobreisso.wordpress.com