Danielle.Rosa 30/08/2014O mais fraco livro da sérieDecepção. É essa a palavra que me veio para falar sobre O Festim dos Corvos, quarto livro d'As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin.
Mesmo a história se passando em Westeros, que é o meu local preferido e que contém os personagens mais desenvolvidos, todos os eventos são cansativos e sem-graça. Os "melhores" momentos da obra, se é que posso chamá-los assim, ocorrem perto do final do livro, dando a sensação de que Martin poderia nos ter poupado de tanta encheção de linguiça, seja diminuindo o número de páginas ou mesmo unindo este ao Dança dos Dragões (que, por não se passar em Westeros e pela decepção com o livro quatro, estou realmente sem vontade de ler). O livro é pedante e sem energia. Só é importante para sabermos as consequências de todas as confusões ocorridas ao final de Tormenta de Espadas.
Neste Festim dos Corvos, as mortes épicas deram lugar a pensamentos e comentários sexuais em praticamente todos os pontos de vista. Me pareceu que todos os personagens eram movidos a pensar e a viver apenas para o sexo, como que animais irracionais que copulam pela sobrevivência da espécie (só que em excesso). Vocês podem me dizer: "ah, sua careta, mas em todos os livros do Martin há comentários desse tipo". Respondo: nem todos; A Guerra dos Tronos, o primeiro livro, mal se lia algo assim. E nos outros dois anteriores, os comentários e pensamentos eróticos/sexistas eram medidos e por vezes necessários para dar realismo a determinados contextos ou estilo de vida/modos de pensar de alguns personagens. O que li em Festim dos Corvos foi um festival de piadinhas exageradas de cunho sexual, o que me pareceu também ser uma tentativa de compensar e dar mais "graça" a uma história tão fraca e sem emoção. A iniciação sexual de um personagem, digamos, "rejeitado" pela sua forma física, é de uma bizarrice que eu não sabia se ria ou se me enojava.
Os acontecimentos em Dorne, com Doran Martell, sua filha Aryanne e as filhas do saudoso Oberyn Martell, foram uma boa surpresa. Até chegar às Ilhas de Ferro, com os aborrecidos Greyjoy lutando pelo trono do igualmente aborrecido e falecido Balon Greyjoy. Nessas horas, só com leitura dinâmica para suportar.
Este quarto livro mereceria apenas 1 estrela. Mas lhe dei mais uma por conta do ponto-de-vista de Brienne de Tarth, minha personagem preferida até aqui, que continuou mostrando sua bravura, lealdade e coragem ao tentar encontrar as filhas de Catelyn Stark. E também pelo respeito que ainda irei manter, mesmo com este péssimo livro, pelas Crônicas de Gelo e Fogo, que não merecem ser reduzidas a um único livro que não deu certo.
Posso ter exagerado; avaliação literária é algo subjetivo. E também minha impressão pessimista pode ter sido consequência do ótimo Tormenta de Espadas, que para mim, é o melhor livro da série e um dos meus preferidos de muitas obras que já li. Mas temos que concordar que até mesmo o mestre George R. R. Martin pode pecar pela falta do que dizer.