O Vermelho e O Negro

O Vermelho e O Negro Stendhal




Resenhas - O Vermelho e o Negro


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diogofaria 29/07/2016

Diálogo interior
Esse livro me trouxe de volta ao mundo da literatura. Há muito tempo não vinha lendo livros fora do meu estudo e trabalho.

Foi reconfortante e envolvente.

O diálogo interior apresentado pelo narrador nos faz entrar realmente na história...
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Gustavo 28/07/2016

Um clássico para ser lido
O vermelho e o negro de Henri-Marie Beyle conhecido como Stendhal, é um clássico da literatura mundial publicado em 1830. A ação ocorre na França na época da Restauração napoleônica e antes da Revolução de 1830. Julien, o protagonista, é filho de marceneiro, apaixonado por Bonaparte (mas leva esse amor escondido dentro de ti), e faz de tudo para ser rico e ter ascensão social.

Sua história ocorre em 3 partes: Primeiro, o amor com Sra de Renal. Segundo, sua ida ao seminário, opta pela carreira eclesiástica. Terceira, o romance com Senhora de la more.
É um livro que entra no aprofundamento de bases psicológicas e veremos sua ascensão como seu declínio.

Por ser tão egocêntrico e hipócrita, se afoga na suas próprias ambições e não consegue se desvincular delas. Um ótimo livro, digo, indispensável para quem é leitor, livrólatra, bibliófilo por assim dizer. A todos que pretendem ter um currículo literário suntuoso, não deixem de ler ''O vermelho e o negro'' de Stendhal.
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Lieje Gouveia 23/07/2016

O vermelho e o negro
Um clássico da literatura francesa. Cenas da sociedade da província, os valores da época. Cenas da sociedade parisiense e toda a superficialidade das relações da época. O personagem Julien Sorel,jovem ambicioso tenta romper a solidez das castas. A aristocracia em decadência, os industriais e comerciantes em ascensão, tudo isso é mostrado de forma encantadora na obra magistral de Sthendal. O relato dos sentimentos de orgulho, desprezo e a grande influência da igreja e sua importância na corte, com o fundo das batalhas de Napoleão Bonaparte, os liberais e os monarquistas. Maravilha da literatura. Adorei.
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Cristiano.Vituri 05/06/2016

A fantástica saga de Julien (e de certa forma, da humanidade)
Um dos livros mais incríveis e fortes que já li. A história te chama, e enquanto não acabar é impossível ficar longe.

Julien, inteligente e ambicioso, tem um sério problema em 1830: ser filho de marceneiro, pobre e da província. A importância das castas sociais é uma realidade na França pós-Napoleônica. ( E Stendhal lembra sempre de escancarar a mesquinhez e futilidade da sociedade de Paris).
Sem rodeios, o autor mostra a ascensão financeira de Julien, sua paixão por uma mulher casada -aqui também fica claro os dilemas pessoais quando o assunto é o amor-, sua rápida passagem pelo seminário, onde mostra seu valor intelectual, mas também revela sua vontade de poder e status. E sua ida para Paris, onde enfrenta preconceito por ser subalterno na Mansão dos La Mole. Sobrenome que vai subjulga-lo ate o fim. Mathilde La Mole, uma especie de Natacha (de Guerra e Paz) que vive com Julien páginas dignas de Orgulho e Preconceito.

No final nos restar perguntar: Julien estava certo? Foi longe demais ou lutou pelos seus ideais? a Sociedade é correta? O poder e aparência, valem mais que a consciência?
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Debb Cabral 04/04/2016

O Gato leu: O Vermelho e o Negro
As mais de 600 páginas do livro passam de maneira rápida. Apesar da história não ter grandes reviravoltas e se centrar nos desafios diários do jovem, a leitura flui muito fácil. Acho que o grande mérito disso está no fato que sabemos como cada personagem pensa, é interessante em uma mesma cena ver os diversos pontos de vista, além de um narrador que comenta e opina sobre os acontecimentos e os personagens. Sthendal, consegue escrever um livro muito real e crível, pois mesmo Julien, nosso herói, tem desvios de caráter, ambição e orgulho exacerbados.

site: Leia mais em: http://gatoqueflutua.com.br/2016/04/04/o-gato-leu-o-vermelho-e-o-negro/
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MCTS 23/03/2016

A Ambição e seus Limites
O enredo do livro desenrola-se em um contexto histórico específico: a restauração na França, isto é o período logo após a derrota de Napoleão que abarca os anos de 1814 até 1830. Trata-se de um período de ressurgimento do conservadorismo baseado na implantação de uma monarquia constitucional (rei Luis XVIII) e na retomada da influência da igreja católica.
A obra acompanha o percurso atribulado do personagem Julien Sorel. Apesar de nascido em condições sociais adversas - filho de família de origem camponesa e cujo pai é dono de uma serraria - alimenta o projeto de enriquecimento e ascensão social. Frente às escassas opções para alguém com sua origem em uma sociedade aristocrática e enrijecida, Julien opta pela carreira eclesiástica como atalho para alcançar seu fim.
O percurso de Julien ao tentar cumprir seu projeto de vida nos é descrito pelo autor em três fases. A primeira corresponde ao seu envolvimento com a família do sr. Rênal - prefeito da cidadezinha fictícia de Verrières, que o contrata para ser preceptor de seus filhos. A segunda transcorre no seminário de Besançon onde Julien ingressa a fim de preparar-se para seguir a carreira eclesiástica. A terceira transcorre em Paris para onde segue Julien a fim de trabalhar como secretário do Marquês de La Mole.
Embora inteligente e dedicado a incorporar o padrão de comportamento e etiquetas aristocráticos, Julien, em cada uma dessas três diferentes etapas, depara-se reiteradamente com o obstáculo de sua origem social ao tentar levar adiante seu projeto de ascensão. Ressentido por perceber a chance escassa de vir a ser aceito como um igual no seio da aristocracia e enredado em romances atribulados com mulheres situadas em um patamar social superior ao seu o enredo evolui para um desfecho muito diverso do pretendido pelo nosso personagem.
Stendhal, além de demonstrar a força da sociedade aristocrática em limitar o potencial e as qualidades de Julien - jovem, ambicioso e inteligente - nos oferece um retrato rico e envolvente de um período de transição histórica onde uma aristocracia ainda dominante emprega seus esforços em preservar seus privilégios e refrear a ascensão de uma burguesia emergente. Leitura mais do que recomendável!!!
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J.Jardini 11/01/2016

Identidade em Crise: uma resenha crítica de O Vermelho e o Negro



Em O Vermelho e o Negro, a princípio, Stendhal nos remete ao habitual ambiente bucólico consagrado pelo movimento romântico do século XIX. Julien Sorel, seu personagem, se mostra, à priori, como um um ente frágil e disperso; um verdadeiro sujeito fragmentado em seu ainda não totalmente desenvolvido processo de individuação; aquele através do qual concretiza-se identidade própria através do devir, da superação das contradições enfrentadas bem como das experiências vividas, no incorrer da maturidade.

A perspicácia de Stendhal sugere-nos, em nítido e expresso conteúdo filosófico permeado em sua obra, não o retrato móvel - e quiçá espalhafatoso - de uma crise identitária mas sim, mais precisamente, faz-nos apreender em seus diversos momentos, as idas e vindas não só de uma consciência moralmente instável mas, de uma verdadeira identidade em crise.

Tal fato teria seu subsídio no truculento ambiente familiar de Julien Sorel. Este, vítima de abusos físicos e psicológicos por parte de seu pai e irmãos, lhe é imposta à livre definição de sua individualidade, uma conflituosa flutuação entre a reprovação de seu comportamento e a violência à ele dirigida por sua aparente “natureza frágil”; destacadamente, frente à primazia de sua inteligência, uma franca dissonância para com os árduos trabalhos braçais da madeireira de seu pai, o velho Sorel.
Esta identidade em crise, absolutamente inseparável da trama principal, coloca à este jovem rapaz, intencionalmente deslocante, sempre imerso em uma noção de movimento, momentos que caracterizam rupturas; deixar sua família, o distanciamento para com o ideal de Napoleão, incursões e dispersões apaixonadas em relação à mulheres, constantes viagens e um incerto câmbio dos meios pelos quais atingirá seus sonhos e Desejos. Este quadro de rupturas fornecerá, esta matéria prima a qual, ao desenrolar de seus momentos culminantes, em desfechos que acompanham ao passo que desafiam o gênero romântico, agem quase como degraus que o elevam a garantir-se personalidade e se tornar um Ser que na medida em que progride torna-se cada vez mais complexo e autêntico.
Este atualizar constante da personalidade e das vontades de Sorel torna toda a história proposta numa inebriante mistura de drama e tragédia; uma progressão rumo à edificação de uma autêntica e marcante personalidade, verdadeira oscilação que entre o Vermelho e o Negro, sobressai-se um Sorel cada vez mais certo de si.

Stendhal não economiza adentrar aos rincões mais obscuros da consciência humana; ganância, joguetes de poder, orgulho, vaidade, prepotência, hipocrisia. Todo entre aprofundamento psicológico meio às podridões moralmente reprováveis da alma humana é marca de um estilo crítico, livre e necessário para com a naturalidade de sua proposta, através de uma sutil, quase gramatical ironia, estes conflitos constituem nada mais do que a própria realidade destituída de grandes alardes. O ser humano emerge aqui, destacadamente em Julien Sorel, como essencial e moralmente relativista, composto de uma intrincada síntese de diversos predicados os quais conferem à obra como um todo, uma verdadeira representação universal.

Neste sentido, a artificialidade própria dos salões franceses ou mesmo o evidente jogo de interesses subordinados da aristocracia provinciana em seus âmbitos propriamente ditos são determinantes; são como verdadeiras exteriorizações desta complexa e contraditória amálgama que o consciente romântico de Stendhal propõe à nossa observação.

Stendhal, como dito, parte de um cenário comum pertencente à uma literatura já há muito explorada e difundida. No entanto, ilustra sua destreza ao integrar, à plenitude de um descritivismo equilibrado, um cativante novíssimo frescor ao roteiro do que seria uma narrativa já esperada. Stendhal adiciona à fórmula romântica um crescendo exponencial de profundidade, bom senso, complexidade e de um imersivo sentimento em constante catarse, o qual perpassa-nos a saga do jovem Sorel.
Este, longe de se enquadrar em moldes de herói romântico, quebra totalmente com as preconizações de estilo e gênero ao ser posto como um ente falho, vítima de uma consciência que oscila entre uma despretensa leveza e o martírio sobre a retenção de suas angústias frentes à impulsividade e o imperativo absolutamente incontingente de seus interesses ideais e carnais.

Sorel longe de quitar-se completamente à uma ‘’futilidade do mundo” e imergir em uma angústia existencial própria, incorpora em si mesmo as mais superficiais vaidades e, assim, denota-se marcante em sua personalidade, a despeito de suas incumbências religiosas, uma cumplicidade para com as paixões mais terrenas, as quais afirmam em si, um caráter egocêntrico, passional e claro, profundamente hedonista. Seu percurso, ao transcorrer da obra, longe de ser maçante e retilíneo é inundado por atentas percepções e articuladas estratégias. Em interessantíssimas digressões de pensamento tomadas das atentas observações de Sorel ou mesmo na figura de um suposto filósofo, estabelecem-se francas interlocuções as quais é confuso afirmar se é Sorel ou o próprio Stendhal que que nos conecta à uma ponte direta entre o desenvolvimento da trama e a necessária detenção de seus momentos específicos, para com o leitor, em uma reflexão quase como conjunta.
Define-se, então, uma marca de estilo autêntica que pela simplicidade empregada em todo seu vocabulário, em sua divisão piedosa de capítulos, e ausência de escrúpulos quanto ao ordinário, qualifica esta obra como uma leitura densa e profunda ao passo que fluida e apreensiva.

Toda a proposta literária elaborada por Stendhal estabelece-se em alicerces que constituem um aprofundamento gradualmente intenso da trama psicológica que se prescreve. Um aglomerado denso, cativante e emocionalmente carregado se traduz não só durante toda a trama mas, destacadamente, ao seu final, num sentimento de profundo êxtase, identificação e eterna separação para com Julien Sorel. Neste ponto, este crítico em específico, acredita em uma interessante aproximação não só da exploração do âmbito moral e imoral em questões práticas bem como toda a edificação constitutiva de Julien Sorel como uma curiosa ressonância entre este mesmo e Willhelm Meister, do romance de formação Os Anos de Aprendizagem de Willhelhm Meister, de Goethe.

Destacando assim, em suas devidas proporções, a profundidade desta obra prima de Stendhal, não obstante, ter-se qualificado como uma das Imortais da Literatura Universal justamente, frente á universalidade e destreza com as quais Stendhal pinta, com científicas dissecações e matizes estudadas, a natureza do ser humano.


site: http://reflexoepoesias.blogspot.com.br/
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Patty 06/01/2016

Confesso que nunca tinha ouvido falar neste título quando, passando por um sebo, resolvi comprá-lo para completar um desafio literário. As letras miúdas, o texto rebuscado e as muitas páginas me desanimaram um pouco no início, mas aos poucos a leitura foi me envolvendo.
Para mim, o mais interessante na história do ambicioso Julien Sorel foi ver um pouco das características da época. O romance se passa na França dos anos 1830, e mostra muitos costumes do século, desde trâmites políticos ao comportamento e posição da mulher na sociedade.
Sem dúvidas, um livro interessantíssimo!
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Mil 05/08/2015

Preciso ler novamente
Eu comprei esse livro por indicação de uma professora de literatura quando eu frequentei brevemente a UFOP, lá mesmo eu peguei um na biblioteca mas não consegui ler. Não vou saber escrever uma resenha competente sobre o mesmo, até porque, eu o li em dias e até semanas alternados, portanto, não o entendi muito bem. Achei a história densa e complicada, um romance dramático, cheio de reviravoltas que até então, achei estranhas. Terminei de ler com a sensação de que preciso lê-lo novamente e com mais dedicação para compreendê-lo como deve ser. Sendo um clássico e recomendado, é porque deve ser bom e vai, com certeza, merecer 5 estrelas minhas.
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Henrique Fendrich 03/08/2015

Sob as vestes da virtude
Ao fazer a crônica dos costumes da alta sociedade francesa logo após Napoleão, Stendhal também, inevitavelmente, escancara aquilo que ela tinha de mais cínico e caricato. Embora muito se fale a respeito da exagerada ambição de Julien Sorel, o personagem que dá vida a “O Vermelho e o Negro”, é à hipocrisia que se deve atribuir o desenrolar dos acontecimentos no livro. Nessa sociedade marcada pela dissimulação, em que o próprio amor só é conquistado à custa de intrigas, desempenham papel importantíssimo as instituições religiosas.

As que o autor descreve estavam de tal forma desvirtuadas de seus propósitos originais que Julien não vê nelas senão uma oportunidade para fazer fama e fortuna. É por isso que, mesmo sem sentir nenhuma inclinação, decide se fazer padre. Todo o livro é um embate de aparências e, no que toca à fé, é possível constatar exemplarmente a diferença entre as manifestações exteriores de religiosidade e a devoção genuína. Aquilo que Julien faz em sua vida religiosa, sob o aspecto de retidão, não é mais do que buscar galgar para si posições privilegiadas.

Não há virtude em, meramente, ir para o seminário, vestir uma batina negra, sequer em saber a Bíblia de cor – todas essas coisas Julien faz com excelência, sobretudo porque causam grande impressão entre aqueles que deseja influenciar. Consciente de sua falsidade, ele ainda precisa lidar com padres que, em sua maioria, estão eles próprios imbuídos nas mais diversas intrigas, em busca de riquezas, promoções ou prestígio para as ideologias de que compartilham. Seus colegas de seminário, por sua vez, estão satisfeitos por terem se livrado de uma miséria certa.

Ora, não é de se estranhar que, neste ambiente, Julien desse bem pouco crédito ao Deus que fingia acreditar. Ao cabo de sua vida, abreviada em consequência de seus amores pela senhora de Rênal e por Mathilde, Julien se dá conta: “Por toda parte a hipocrisia, ou pelo menos o charlatanismo, mesmo entre os mais virtuosos, mesmo entre os maiores”. E se questiona onde estará efetivamente a verdade. Cogita a possibilidade de estar na religião, mas logo descarta essa ideia com desprezo – suas experiências impedem qualquer conclusão nesse sentido.

E, no entanto, ele deseja acreditar: “Ah, se houvesse uma verdadeira religião…”. Reconhece que “o homem não pode confiar no homem”, mas, para que se rendesse à ideia de um Deus que o transcendesse, seria preciso encontrar “um padre de verdade”, capaz de reunir as almas brandas do mundo, livrando-as assim do isolamento. Esse padre, contudo, teria dificuldade em falar sobre o Deus da Bíblia, associado profundamente por Julien à ideia de vingança. Ele tem mais simpatia pelo “Deus de Voltaire”, esse sim tido como bom, justo e infinito…

A imagem que tem dos religiosos em geral não é, certamente, nem um pouco favorecida pelo padre que, já no final do livro, pede que Julien se converta “com alarde”, julgando que assim seria mais fácil usar a influência da igreja em favor da sua causa. Julien gostaria de acreditar nesse Deus, mas como acreditar “depois do horrível abuso que nossos padres fizeram dele?”. De maneira semelhante aos escribas e fariseus admoestados por Jesus, eles fecharam a Julien o reino dos céus: nem eles entraram, nem deixarem que entrasse o que estava entrando.
Maria 17/12/2020minha estante
Que baita resenha!




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MR.Santi 26/03/2015

O espelho do real
“Pois bem, senhor, um romance é um espelho que se carrega ao longo da estrada. Tanto pode refletir para os seus olhos o azul do céu como a imundície do lamaçal da estrada. Por acaso o homem que carrega o espelho em sua sacola poderia ser acusado de imoral? Seu espelho mostra a sujeira e o senhor acusa o espelho? O senhor deveria acusar o longo caminho onde se forma o lamaçal e, sobretudo, o inspetor das estradas que deixa a água apodrecer e o lodo se acumular.” Esta é uma metáfora utilizada por Stendhal em seu clássico O vermelho e o negro. Um dos primeiros aspectos que se pode notar, assim, é a utilização de tópicos do contexto político na obra.
Stendhal é o pseudônimo de Marie-Henri Beyle, nascido a 1783, em Grenoble, França. Sua vida foi entremeada por um árduo caminho de tropeços nas relações pessoais e seu reconhecimento foi adquirido apenas post mortem. Foi subtenente no governo de Napoleão e participou como intendente das campanhas napoleônicas na Áustria, Rússia e Alemanha. Com a queda do império, passou a dedicar-se ao sonho literário. Escrevendo pelo menos duas páginas por dia, fosse de adaptação, tradução ou invenção, Stendhal chegou ao ápice de sua produção literária, com o lançamento de O vermelho e o negro, em 1830. É nomeado cônsul e vai para Paris, onde, em 1842, morre de um ataque de apoplexia.
Esta obra-prima do escritor acompanha a vida Julien, um jovem plebeu de 17 anos, estudioso do latim e que sabe a Bíblia de cor, que passa a ser o preceptor dos filhos do prefeito de sua cidade, Verrières. Rapidamente, Julien conquista a simpatia da sra. de Rênal, mulher do prefeito. Esta simpatia transforma-se em hesitações e culmina com os dois tornando-se amantes. Julien, então, deixa a cidade para continuar seus estudos em um seminário em Besançon até que, por intermédio de um padre que tomara-lhe como protegido, torna-se secretário do marquês de La Mole.
A segunda parte do romance começa em Paris, na mansão de La Mole. Julien atrai as atenções de Mathilde de La Mole, filha do marquês, e decide experimentar até que ponto pode exercer influências sobre a monarquia, sentimento que o acompanha durante toda a história. O intenso jogo amoroso e de orgulho estabelecido entre os dois culmina em um relato da sra. de Rênal sobre seu caso extraconjugal com o jovem. Ferido em seu amor-próprio, Julien resolve matar a sra. de Rênal em uma missa. Os tiros apenas a ferem e ele vai preso, assumindo seu crime.
O vermelho e o negro apresenta-se como uma obra extremamente equilibrada e harmoniosa, feito atingido pelo autor através de uma prosa objetiva e sem floreios. A narração segue seu curso naturalmente, encadeando ações e acontecimentos sem que o leitor se antene às gigantescas modificações que o escritor vai esculpindo pela história. As descrições breves e precisas complementam o quadro criado pelas ações, diálogos e monólogos interiores. A imagem dos personagens não é fornecida ao leitor através de um narrador exterior, mas através dos próprios personagens: o que falam, fazem e pensam, como falam, fazem e pensam.
A obra possui máxima lucidez, relatando, com fidelidade, os aspectos da vida social francesa de meados do século XIX. Seu romance encaixa-se perfeitamente em todo um plano histórico, sem o qual é impossível compreendê-lo. A estratificação social, as condições econômicas, o curto período pós-Napoleão e pré-Revolução de Julho, montam com excelência a Crônica de 1830, subtítulo aposto pelo editor.
Mesmo a história pessoal de Julien é inspirada em fatos verídicos. O ponto de partida de Stendhal foi o caso de Antoine de Berthet, muito repercutido na época. Assim como Julien, Berthet era um belo jovem enviado pelo padre ao seminário. De lá tornou-se preceptor na casa do prefeito e mais tarde, segundo as intrigas locais, amante de sua esposa. Deixou a casa e, tempos depois, conseguiu outro cargo de preceptor e nova demissão devido a um envolvimento com a filha do senhor. Após um período acusando por cartas a sua primeira amante, Berthet dá dois tiros nela, durante uma missa, e depois tenta se matar. Os dois sobrevivem e o jovem é condenado à morte.
Pode-se notar, portanto, que Stendhal monta um quadro diegético como se para colocar as situações em perspectiva histórica. As condições políticas e sociais estão intimamente enredadas na ação, são parte inseparável dela. Fazem uma conexão exata entre a ficção e o real que poucas obras conseguem realizar. Atinge uma narrativa precisa, gradual, que passa a imagem de um acompanhamento passo a passo da vida real no século XIX.

site: http://prosaicu.wordpress.com/
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João Souto 22/02/2015

Paixão e ambição
Queria tentar resenhar com alguma imparcialidade, mas como fazer isso com uma obra que entrou na minha lista de favoritos em posição de destaque? O livro é poderoso, e esse é o primeiro adjetivo da minha pseudo imparcialidade. Criei vínculos com a história e, em vários momentos, admito, senti que ele contava minha história, com algumas diferenças é claro, mas essencialmente transcrita naquelas páginas.

Foi a primeira vez que me identifiquei tanto com uma obra literária e ainda questiono-me porque me senti puxado a ela desde que a vi na prateleira daquela livraria.

Um triângulo amoroso. Paixões exacerbadas. Orgulho, muito orgulho. Uma obra a frente de sua época, muito atual e, de novo, muito poderosa.
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@pacotedetextos 03/02/2015

Valor histórico
O Vermelho e o Negro é um romance histórico psicológico, em dois volumes, do escritor francês Stendhal, publicado em 1830. Costuma ser citado como o primeiro romance realista, mesmo com grande carga de uma sensibilidade romântica. A ação transcorre na França no tempo da Restauração antes da Revolução de 1830, supostamente entre 1826 e 1830, e trata das tentativas de um jovem de subir na vida, apesar do seu nascimento plebeu, por meio de uma combinação de talento, trabalho duro, engano e hipocrisia. (Fonte: wikipedia)
Jorge Luis Borges incluiu o romance entre os maiores de todos os tempos.

Bom, eu não sou Jorge Luis Borges (“ooooooh“). Tudo bem que é inegável a importância histórica do romance – talvez mesmo por isso eu tenha me dado a tarefa de lê-lo -, mas muitas vezes eu me pegava perguntando “quando esse livro vai acabar?“.
Em alguns momentos, a história se arrastava páginas e páginas seguidas; noutros, a passagem de cena era abrupta, e eu demorava a entender o que havia acontecido. Numas situações, surgiam verdadeiros deus ex machina, solucionando questões aparentemente insolúveis e permitindo a mudança de cena, ainda que de forma bastante inverossímil (pelo menos para mim); noutras, que permitiriam um desenvolvimento maior, o autor simplesmente usa e abusa de etc. etc.
Ainda assim, há que se destacar o melhor do livro: o final. E com isso eu não quero dizer o fechar do volume e a sensação de “finalmente acabou”, mas sim as 50 últimas páginas.
Há, além disso, uns trechos bem interessantes, que se aplicam não só ao século XIX como à atualidade, como o seguinte:

O inconveniente do reinado da opinião pública, que aliás busca a liberdade, é que ela se mistura ao que não lhe diz respeito: por exemplo, a vida privada.

Pode ser que um dia, se eu resolver reler O Vermelho e o Negro, eu reveja meus conceitos – assim como um belo dia, no “auge dos meus quinze anos”, cheguei a achar estúpido o final de um livro do Machado; hoje em dia, bem, não preciso dizer nada! Mas, no momento, ouso discordar de Borges. Com todo o respeito, claro.

Curiosidade:
Há controvérsias sobre o porquê do nome O Vermelho e o Negro. Minha opinião? Deve ter algo a ver com amor e ódio, sentimentos tão opostos que, ao mesmo tempo, muitas vezes caminham lado a lado – na mesma pessoa.

Trechos:

. No Franco-Condado, quanto mais muros se constroem, quanto mais guarnecidas as propriedades de pedras enfileiradas umas sobre as ourtas, tanto mais se adquire o direito ao respeito dos vizinhos. (p. 12)
. A tirania da opinião – e que opinião! – é tão estúpida nas pequenas cidades da França quanto nos Estados Unidos da América. (p. 13)
. Mas essa emoção era um prazer e não uma paixão. Ao voltar a seu quarto, ele só pensou numa felicidade, a de retomar seu livro favorito; aos vinte anos, a ideia do mundo e de nele produzir um efeito prevalece sobre qualquer outra coisa. (p. 62)
. Eis aí a fortuna imunda a que chegarás, e somente a terás nessa condição e em tal companhia! Terás talvez um cargo de 20 mil francos, mas será preciso que, enquanto te empanturras de carne, impeças de cantar o pobre prisioneiro; oferecerás almoços com o dinheiro que tiveres roubado de sua miserável ração, e durante teu almoço ele será ainda mais infeliz! (p. 121)
. O andarilho que acaba de escalar uma montanha íngreme senta-se no topo e encontra um prazer perfeito em repousar. Mas seria ele feliz se o forçassem a repousar sempre? (p. 133)
. Estranho efeito do casamento, tal como o produz o século XIX! O tédio da vida matrimonial faz seguramente morrer o amor, quando o amor precedeu o casamento. No entanto, diria um filósofo, ele gera em seguida, nas pessoas bastante ricas para não trabalharem, um cansaço profundo de todos os gozos tranquilos. E somente as almas secas, entre as mulheres, não buscam de novo o amor. (p. 133)
. Desde Voltaire, desde o governo das duas Câmaras, que no fundo não é senão dúvida e exame pessoal, e dá ao espírito dos povos o mau hábito de duvidar, a Igreja da França parece ter compreendido que os livros são seus verdadeiros inimigos. Para ela, é a submissão do coração que é tudo. Ser bem-sucedido nos estudos, mesmo sagrados, é suspeito, e com razão. Pois quem impedirá o homem superior de passar para o outro lado, como Sieyès ou Gregóire? (pp. 152-153)
. Que juiz não tem um filho ou pelo menos um primo a promover na sociedade? (p. 172)
. Sempre haverá um rei que quererá aumentar suas prerrogativas; a ambição de querer ser deputado, a glória e as centenas de milhares de francos ganhos por Mirabeau sempre tirarão o sono dos homens ricos da província: chamarão isso ser liberal e amar o povo. A vontade de ser par ou fidalgo da Câmara sempre dominará os conservadores. Na nave do Estado, todo o mundo quer ocupar o comando, pois é bem pago. (p. 195)
. Um romance é um espelho que se leva por uma grande estrada. Ora ele reflete a vossos olhos o azul do céu, ora a imundície do lodaçal da estrada. E o homem que transporta o espelho nas costas será por vós acusado de ser imoral! Seu espelho mostra a imundície, e acusais o espelho! Acusai antes o grande caminho onde está o lodaçal, e mais ainda o inspetor de estradas que deixar a água empoçar-se e o lodalçal formar-se. (p. 297)
. A política … é uma pedra atada ao pescoço da literatura e que, em menos de seis meses, a submerge. A política em meio aos interesses da imaginação é como um tiro de pistola em meio a um concerto. É um ruído dilacerante sem ser enérgico. Não combina com o som de nenhum instrumento. Essa política irá ofender mortalmente uma metade dos leitores e aborrecer a outra, que, ao contrário, a julgou especial e enérgica no jornal da manhã… (p. 312)
. Um viajante inglês conta a intimidade em que vivia com um tigre; ele o criara e o acariciava, mas tinha sempre sobre a mesa uma pistola armada. (p. 356)

site: https://pacotedetextos.wordpress.com/2015/02/03/resenha-stendhal-o-vermelho-e-o-negro/
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