spoiler visualizarsky 13/03/2024
O que você faz ofusca aquilo que fez anteriormente
Antes de falar sobre o livro, vou dar algumas informações que, creio eu, foi fundamental a minha opinião final.
Tardei mas não falhei! O Colecionador era um livro que fez parte do meu interesse pelos títulos da DarkSide, coisa essa que ficou pela minha adolescência e não levei para os anos da frente. Dito isso, esse tipo de temática - suspense, crimes, etc - não me interessam muito. A razão da qual li esse livro são triviais, o que posso dizer é que não correspondem 100% apenas a minha pessoal decisão. O que não é uma coisa ruim, como vou defender.
O Colecionador é um livro que promete reflexões sociais com apelo a moral. Exige um ponto de vista pessoal. Mais do que absorver os acontecimentos e razões dos personagens, fiquei atenta a como eu reagia aquelas decisões e sentimentos. Claro que, na grande maioria eu colocava Caliban em sua caixa de maluco e Miranda como a jovem raptada que não estava em posição de ser sã (embora em minha visão ela não tenha dito ou agido de nenhuma forma que eu não julgasse natural - na margem do desespero - de alguém que foi sequestrada e mantida em cativeiro).
Frederick nunca me convenceu com aquele papinho de amor. Não foi tão cruel quanto poderia ser mas isso não faz dele menos sequestrador.
Até concordo com Miranda sobre ele ser sem graça, sem alma, sem vida. Mas desse lado daqui, quando sou eu com essa opinião, soa mesquinho. Como se eu não tivesse entendido a profundidade desse personagem. Ha! Sei que essa era exatamente a intenção do autor.
Miranda não me dava pena. Um estado que cujo desanimado. Ela me dava esperança. Lembro de algumas resenhas dizendo que os relatos dela causavam raiva. Como ela poderia estar falando de relacionamentos enquanto eu presa? Não irei entrar em detalhes, mas que opinião boba! Os relatos de Miranda, suas visões sobre arte (ou aquelas inteiramente de G.P que ela decidiu guardar) mostrava mais sobre o que ela era. Ou sobre quem foi. Ou quem queria ser.
A relação de Miranda e Caliban me soou quase que previsível. Natural. Frederick era um idiota em pensar que aquilo ia para frente. Miranda poderia ter momentos de afeto para com o seu sequestrador. Mas no final ele era apenas isso: o homem que a raptou. Por nenhum bom motivo que não seja mesquinho. mimado. Um lunático fingindo de humano. Como se esclarece no final.
Toda a narrativa é bem construída. Os personagens são desenvolvidos a prol de exercitar os julgamentos pessoais do leitor. Por muitos anos após minha vontade de ler livros da DarkSide se expirar, pensei que esse livro fosse uma bomba. Um livro de uma mulher sequestrada escrita por um homem? O que de bom poderia sair disso? Mas esse livro é surpreendente. Fico contente que, de alguma forma, ele entrou no meu caminho novamente. Melhor ainda nessa idade.