bibia 08/12/2021
Um colecionador de borboletas e sua mente psicótica
A história se passa na Inglaterra na década de 1960, e a narrativa possui dois pontos de vista: o de Frederick Clegg e o de Miranda Grey. Ambos não se conheciam, até que Miranda virou a loucura/obsessão de Clegg. Ele então decide sequestrá-la e tê-la para si como "hóspede" no porão de sua nova casa. A partir desse momento eles passam a ter uma relação de prisioneira e carcereiro que assemelha-se a um romance (em certos pontos). Miranda faz de tudo para fugir, mas será que ela conseguirá?
Primeiramente, sou obrigada a dizer que esse foi um dos melhores livros que já li! Com certeza um dos meu favoritos! E não é pra menos: o livro é super denso em relação a conteúdo, seus personagens são desenvolvidos em camadas e mostram o pior lado do ser humano, além disso apresenta discussões políticas, históricas e artísticas que permitem uma profunda reflexão por parte do leitor.
Frederick, também chamado de Caliban por Miranda, é um sociopata totalmente egoísta, repugnante e voltado para o vitimismo que tenta a todo momento justificar suas ações e mostrá-las como boas e necessárias para seu propósito. Através de seu ponto de vista, é possível até mesmo ter empatia em certos momentos da história pelo personagem, já que ele consegue manipular o leitor, colocando Miranda como "a pior pessoa do mundo" quando está de mal humor ou rebate suas falas.
Por outro lado, Miranda, em seu diário, traz um novo lado da história contada por Clegg, "quebrando" essa narrativa romantizada por ele. Com o passar dos dias, é possível perceber o quão caótica Miranda se encontra tanto física quanto mentalmente, o quanto amadureceu e refletiu sobre tudo e todos, e que pode ter começado a desenvolver síndrome de Estocolmo.
Admito que o final não me surpreendeu mas não é ruim, pode-se dizer que é esperado. Apesar de ser um final aberto dá a entender o caminho pelo qual Clegg seguirá no fututo: será ele o novo Ted Bundy (antes mesmo dele existir), um compulsivo serial killer?
Como já dito, o conteúdo do livro é denso, principalmente sobre arte, o que faz com que o leitor queira pesquisar sobre o assunto durante a leitura e, em minha opinião, o que torna o livro ainda mais interessante.
Apesar de serem diferentes, Miranda e Clegg possuem diversas semelhanças, como a idealização que fazem de seus "amantes". Aliás, Miranda tem interesse em um homem 21 anos mais velho que ela, G.P., o qual tenta moldar sua personalidade e colocar ideias "apropriadas" em sua cabeça, e ela acaba por fazer o mesmo com Clegg.
Realmente recomendo esse livro para qualquer pessoa, e, inclusive, acredito que seja uma leitura necessária. É um livro incrível e que merece total reconhecimento! Sem dúvida o leria novamente!