Anderson 15/02/2014“O mundo estava cheio de fogo de todos os tipos e tamanhos”Fahrenheit 451, Ray Bradbury, um livro publicado há mais de meio século atrás, mas que poderia muito bem ter sido escrito ontem. Ele nos apresenta a um mundo distópico, onde a sociedade é subjugada por um governo arbitrário, e em que a livre expressão, o espaço para o raciocínio crítico e o simples ato de ler um livro foram totalmente abolidos e quase, por completo, consumidos pelas chamas.
Nessa sociedade, para efeito de exterminar os pecaminosos livros, os bombeiros foram desempenhados para uma nova função, diferente da qual estamos acostumados...queimar livros! Para eles, é divertido, prazeroso, é motivo de felicidade. É disseminado que as pessoas que leem são antissociais, se tornam infelizes, são enganadas por estórias falsas e fazem mal aos outros. Por isso quanto menos elas lerem, quanto menos tempo tiverem para ficar confabulando ideias, quanto mais tempo ficarem em atividades físicas, quanto mais ocuparem o corpo e não a mente, será melhor para elas e para todos. Que ingenuidade...
No meio disso, quando Montag, um bombeiro exemplar, um perfeito cidadão, casado, trabalhador, um completo seguidor das regras sociais, encontra Clarisse McClellan, uma jovem diferente, com hábitos estranhos, que envolvem apreciar a natureza, começa a perceber o quão estranho é aquela sociedade em que eles vivem. Esse é o primeiro passo dado rumo à descoberta e saída de uma realidade irreal e assustadora na qual ele vivia sem perceber.
São feitas no livro várias críticas à mídia, às instituições sociais e religiosas, ao governo, ao comportamento bestializado que predomina em grande parcela da população...
“O televisor é ‘real’. É imediato, tem dimensão. Diz o que você deve pensar e o bombardeia com isso. Ele tem que ter razão. Ele parece ter muita razão. Ele o leva tão depressa às conclusões que sua cabeça não tem tempo para protestar: ‘Isso é bobagem’.”
“Cristo agora é um da família [...] Ele é agora um bastão comum de guloseima, feito de açúcar cristal e sacarina, quando não está fazendo referências veladas a certos produtos comerciais de que todo fiel absolutamente precisa.”
Um livro curto e fácil de ser lido, entretanto, que possui uma enorme significância além de suas páginas. A parte final é fantástica! Recomendo a todos, sem exceção.