Bruna Britti 08/02/2015
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A Libélula no Âmbar foi, certamente, uma das maiores decepções literárias que tive nos últimos anos. Com expectativas condizentes com o sucesso da autora, e, principalmente, com o alcance mundial da série de TV, a continuação de “A Viajante do Tempo” não só deveria fazer jus a reputação do primeiro livro, como também deveria seguir a linha entre um romance intenso mesclado à cenas históricas em meio a um cenário de lutas e de conspirações instigantes. Infelizmente, não é o que encontramos neste segundo volume.
Após um salto de vinte anos no tempo, Claire está de volta e decide contar para sua filha, Brianna, a história de seu verdadeiro pai. Na França, Jamie e Claire se estabelecem e passam a trabalhar no ramo de bebidas alcóolicas, mas possuem outros planos em mente. Os dois seguem meses oferecendo jantares a companheiros jacobitas, contudo, as coisas começam a dar errado em uma sucessão de acontecimentos que vão desde uma tentativa de estupro misteriosa até ao aparecimento de um antigo inimigo dos dois.
A Libélula no Âmbar é uma compilação de cenas arrastadas e de diálogos prolixos que dão voltas e mais voltas em um cenário corriqueiro. Diana Gabaldon enfrenta a difícil tarefa de passar todo o seu conhecimento ao leitor sem entendiá-lo com uma longa e cansativa aula de história. Entretanto, é justamente isto que acontece. Em vários momentos, a autora se perde no ritmo, e sua trama é deixada de lado para nos dar o vislumbre de páginas e mais páginas detalhadas - e enfadonhas - dos costumes ou das situações políticas da época.
O romance, tão comumente apontado como um dos mais apaixonantes entre os fãs do gênero, dificilmente poderia ser considerado como tal. Claire e Jamie passam boa parte da história envoltos em picuinhas bobas, reclamações a torto e a direito e em discussões políticas-sociais. Uma difícil situação os afasta por um período, e mesmo a reconciliação não consegue ser convincente, sumindo com a química apresentada no primeiro volume. Claire se comporta como uma velha matrona, e Jamie, em discussões sobre piolhos na região íntima do corpo, falta de banho, arrotos e comportamentos grosseiros, está longe de ser um rapaz de arrebatar corações.
Em alguns momentos a autora atiça o leitor, mas logo volta ao texto morno e apático. Ao terminar o livro, fica a sensação de termos enfrentado uma leitura difícil, longe deste termo trazer algum significado que enalteça a obra. O fundo histórico certamente é promissor, tanto que engole os personagens fictícios e tudo mais que diz a respeito a eles. O que sobra? Quase mil páginas de pura enrolação, um contraste gritante entre a o primeiro e o segundo volume. Fica a questão pessoal do porquê de tanto sucesso ao ponto de virar uma série de TV, se não exclusivamente pela história apresentada em “A Viajante do Tempo”.
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