O som e a fúria

O som e a fúria William Faulkner




Resenhas - O Som e a Fúria


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Stella F.. 14/06/2024

Genial e Instigante!
O som e a fúria
William Faulkner - 2017 / 376 páginas - Companhia das Letras

O romance “O Som e a Fúria” foi publicado em 1929. É ambientado no Sul dos Estados Unidos, particularmente no Mississipi e vai narrar a decadência da família Compson, utilizando-se de quatro vozes narrativas onde o passado e o tempo são “personagens” importantes. As quatro vozes narrativas são Benjy, Quentin, Jason e o último capítulo se dá em terceira pessoa, mas com muita ênfase na Dilsey.

Um romance famoso de um autor que reverteu o conceito de fluxo de consciência, fazendo um texto quebrado, muitas vezes sem pontuação, falas em itálico, idas e voltas no tempo, brincando com o tempo, fazendo o leitor aceitar ou não o desafio. Um desafio bastante difícil, mas que ao final é recompensador.

Ao iniciar a leitura eu tive muitas dificuldades, principalmente na primeira parte, mas ao ler relatos de leitores do romance, me animei e continuei bravamente. E não me arrependo. O livro é excelente, genial e desafiante, e nos faz querer voltar, ou seja, precisar voltar em algumas passagens para seguir adiante, porque nada é entregue de maneira óbvia, tudo é trabalhado para que possamos degustar aos pouquinhos, compreender passo por passo, bem devagar. E isso é instigante.

O capítulo 1 (7 de abril de 1928) é narrada por Benjy, um menino bobo, que sempre precisa de alguém para guiá-lo. Passa-se em vários tempos, então a leitura deve ser atenta, porque logo de início pensamos que está no presente, mas depois está no passado, quando crianças, e não se sabe muito dos personagens, não é dito quem é mãe, pai, irmão. Aos pouquinhos vamos tentando saber quem são, e mesmo assim ficam dúvidas. Comecei fazendo anotações, mas depois elas mesmas já não valiam, porque havia entendido errado.

Após uma intensa investigação de leitura, vamos descobrindo que a mãe se chama Carolina, o pai Jason, os filhos Benjy (antes Maury), Caddy, Quentin, Jason. Há o tio Maury e a neta Quentin. Os empregados são Dilsey e seus filhos. A mãe está sempre reclamando do Benjy, como se fosse um bebê, um problema que não tem jeito, o Luster implica com Benjy por ele ser chorão com 33 anos, e a Caddy o trata com muito carinho, o leva para passear e faz suas vontades. Há cenas importantes como quando as crianças estão no rio nadando, e vê-se um desentendimento entre os filhos dos empregados, entre os filhos da família Compson, uma grande amizade entre os irmãos Caddy e Quentin, com muitos diálogos. Há o aniversário do Benjy, a cena do Natal e a mãe sempre sofrendo, doente, a cena do balanço narrada neste capítulo será muito importante para esclarecer alguns detalhes, e a Dilsey sempre a ajudando e segurando as pontas da família. Ao longo do capítulo sabemos que a troca de nome de Maury para Benjy foi por medo de azar. O Benjy está sempre gritando, fazendo sons ensurdecedores. Ele é surdo-mudo. A grande maioria da família preferia que ele fosse internado em algum lugar, mas a irmã, Caddy, o protege. Aconteceu algo bem grave com ele, que só ficamos sabendo bem mais à frente na narrativa. Algo inacreditável! “Ele sabe muito mais que as pessoas pensa.” disse Roskus. “Ele sabe quando chega a hora de cada um, que nem aquele perdigueiro. Se ele soubesse falar ele dizia quando que vai chegar a hora dele. Ou a tua. Ou a minha.” (pg. 35)

O capítulo 2 (2 de junho de 1910) tem como narrador o Quentin. Ele está cursando Havard e o personagem principal aqui seria o tempo. Está muito presente o relógio, fala-se dele sempre, o relógio que o pai deu a ele. É como se Quentin corresse contra o tempo, apressado, sempre olhando o relógio da praça, para cumprir algum tipo de plano. Ele quebra o relógio, vai na loja, fica querendo ver a hora cheia, chega atrasado na escola, pega o trem, faz a mala, e parece que está decidindo se vai para o casamento de alguém (provavelmente da irmã Caddy). Está muito presente aqui as sombras. Ao mesmo tempo tem os diálogos ou lembranças de diálogos com seu pai, os seus ensinamentos. E após um relato direto por algumas páginas, que parece mais linear do que o capítulo anterior, começam novamente textos em itálico com recordações do Benjy e outras lembranças. Nesta parte vemos uma pontuação ou falta dela completa. Uma palavra emendando na outra, e entrelaçando as frases em itálico, que seriam o fluxo de consciência. Os parágrafos são como uma colcha de retalhos que temos que ir juntando. Entre os pensamentos/lembranças de Quentin está a Caddy ter escolhido se casar com um cafajeste e ela dizendo que tem que se casar (deve estar grávida) e em relação à mãe querer levar embora com ela somente o filho Jason já que os outros filhos não gostam dela. Quentin conseguiu cursar a faculdade porque venderam o estábulo de Benjy para ele estudar e depois para a Caddy se casar. Essa situação preocupa a Caddy e faz Quentin prometer que cuidará de Benjy e do pai, este um fumante em vias de morrer. Benjy vê o dia do casamento da Caddy e fica urrando debaixo da janela. Enquanto isso, Quentin pega um trem, desce, acompanha uns meninos que estão pescando, e decidindo onde irão pescar, e tem umas passagens bonitas, poéticas, mas bastante herméticas e as falas do pai sobre o ser humano são bastante melancólicas. Há uma bonita passagem de um encontro do Quentin com uma menina, supostamente italiana a quem ele oferece pão na padaria. Nessa segunda parte já entendemos um pouco melhor o enredo, retornando muitas vezes à primeira parte para retomar algumas cenas. Há um mistério sobre uma carta e as malas que volta no quarto para pegar, mas subtende-se o que ele pretende fazer, pelos movimentos de todo o capítulo. “Dou-lhe este relógio não para que você se lembre do tempo, mas para que você possa esquecê-lo por um momento de vez em quando e não gaste todo seu fôlego tentando conquistá-lo. Porque jamais se ganha batalha alguma, ele disse. Nenhuma batalha sequer é lutada. O campo revela ao homem apenas sua própria loucura e desespero, e a vitória é uma ilusão de filósofos e néscios.” (pg. 79)

O capítulo 3 (6 de abril de 1928) é narrado por Jason (filho). É apresentado em uma escrita mais linear, com muitos diálogos e uma formatação mais tradicional em sua maior parte. Aqui alguns fatos vão ficando mais claros. O capítulo trata bastante da relação da Caddy e sua filha, Quentin. Sabemos que a Caddy foi abandonada pelo marido, e que sua filha foi criada pela avó e com o dinheiro de Jason, que após a separação do casal ficou sem o emprego prometido, e fica ressentido porque não teve a oportunidade do irmão Quentin e agora tem que trabalhar em uma lojinha qualquer. Jason tem um comportamento rude, grosseiro, sua fala é sempre áspera e maldosa, é preconceituoso principalmente em relação a negros e judeus. Com o desenrolar da narrativa tomamos conhecimento que está dando um golpe na mãe, finge ser sócio da loja, mas modifica o livro-caixa. A mãe acredita nele piamente. Caddy tenta ver a filha, e Jason a engana, a mostra de longe. Ela está proibida de entrar em casa e seu nome nem é citado ou mencionado à filha Quentin. O comportamento da filha repete o da mãe, que era muito namoradeira, e ficou grávida antes do esperado. Mesmo não convivendo, é como se a história se repetisse. Todas as despesas da casa são da sua alçada do Jason. Os embates entre ele e Quentin são geniais e os diálogos fortes, que nos prendem à narrativa. Aqui eu pude perceber muitos eventos antigos e voltar ao capítulo 1 para rever algumas cenas, e a principal delas foi a cena do balanço, quando a Quentin está saindo com um jovem do circo que se instalou na cidade. Ele usa uma gravata vermelha. Há uma insinuação de que a Quentin (filha) se parece muito com o Quentin (irmão), além de esclarecer o que aconteceu de tão terrível com o Benjy (ver acima). Tudo que o Jason queria era conseguir o seu dinheiro de volta, dinheiro que ele achava que deveria ter sido dividido entre os filhos e não só beneficiar alguns. Apesar do comportamento nojento do Jason este foi meu capítulo preferido, o que li com mais prazer e compreensão. “Quer dizer, até onde é possível fazer isso com um negro. Esse é o problema dos criados negros, quando eles estão há muito tempo com a gente eles ficam tão metidos a besta que não prestam mais como criados. Acham que mandam na família toda.” (pg. 212)

O capítulo 4 (8 de abril de 1928) é narrado em terceira pessoa, mas foca principalmente na Dilsey, ajudante da família. Um capítulo mais linear com diálogos excelentes, embates e debates muito bons, com frases simples que remetem ao tópico do capítulo 3. Jason continua roubando a mãe e até possui uma caixa em seu quarto com o dinheiro guardado. Continua perseguindo a sobrinha Quentin e a ofendendo com palavras ofensivas ao seu modo de se maquiar e se vestir. A mãe se culpando por não ter sinalizado ao marido sobre sua decisão de vender o os bens em favor de dois filhos, e não ter dado uma oportunidade ao Jason. Apesar disso, continuado egoísta, chamando a atenção para sua doença, sobrecarregando a Dilsey. A maldade do Jason é clara, e ele persegue tanto a sobrinha que ela um dia sai pela janela, apesar da avó trancá-la toda noite, e rouba o dinheiro do tio. Benjy continua gritando e babando, mas se acalma quando vai para a igreja e ouve música. Algumas cenas remetem ao Natal narrado no capítulo 1. O Luster (filho da Dilsey) sempre tem que tomar conta do Benjy apesar de claramente detestar, e a mãe sempre está dando broncas nele. No final do capítulo 4 reaparece novamente a personagem Frony (filha da Dilsey). “Elas entraram. Não era um quarto de moça. Não era um quarto de ninguém, e o leve odor de cosméticos baratos e os poucos objetos femininos e outras tentativas grosseiras e inúteis de torná-lo feminino tinham apenas o efeito de deixá-lo ainda mais anônimo, emprestando-lhe aquele ar morto e estereotipado de transitoriedade dos quartos de bordéis. (pg. 287)

Amei a leitura e a técnica do autor, e se você consegue não desistir no primeiro capítulo, então como li nas resenhas, é só deixar fluir que tudo se encaixa, quase tudo. Nunca fui de retornar para ler os capítulos de novo, e o fiz enquanto estava lendo o terceiro e quarto capítulos. E agora após finalizar os textos de apoio estou relendo o primeiro capítulo de novo. O ensaio anexado do próprio autor esclarece muitas dúvidas e os textos do tradutor e suas escolhas e o texto de Sartre, um pouco mais complexo, também ajuda em muitos fatos, principalmente porque fala do tempo na obra de Faulkner. Não sei se entendi tudo, mas gostei dessa experiência diferente de não estar tudo dado a priori, que provavelmente cada leitor vai ter uma experiência diferente da de outro leitor. Meu primeiro Faulkner! Adorei!



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liz 11/06/2024

Um grande qualquer coisa
Nada aqui faz sentido, mas não no sentido positivo, tipo "uau, tô meio perdida, mas essa é a intenção". Não. Esse é o tipo de livro que só chegamos ao fim porque é considerado um clássico, afinal, queremos entender por que tanta gente ama e a conclusão é que eu estou longe de ser uma dessas pessoas. Apesar de tudo, a primeira parte do livro foi a melhor para mim. Me envolvi e interessei pelos personagens, pelo enredo mostrado e a forma com que nos é introduzido àquele pequeno mundinho. A confusão não foi o problema. Mas nada acontece a partir daí, e o que acontece é jogado, simplesmente cuspido na nossa cara, a troco de nada. Uma única frase citando um acontecimento que deveria ser importante e pronto: já não me interessa mais. O final, então, é realmente desanimador. Para ser mais precisa: ruim. Não sei se sou aquela criança no fundo da multidão dizendo que o rei não está usando roupa nenhuma ou estou mais para o idiota que precisa ver para crer, mas pelo menos tirei mais um da minha lista para nunca mais voltar.
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Nicole 01/06/2024

A inexistência do futuro, o peso do passado
Se eu pudesse fazer uma resenha de duas palavras seria: meu deus. Eu comecei esse livro esperando uma experiência parecida com a que eu tive com Meridiano de Sangue pela escrita maluca dos dois livros, mas ao contrário de Meridiano, eu me conectei muito com O Som e a Fúria, a ponto de que toda vez que pegava pra ler, sentia um peso no estômago, aquela angústia que não chega a ser tristeza mas está ali, persistente, e se eu pudesse descrever esse livro com uma sensação física seria exatamente essa.

É um livro difícil, mas assim que você passa o capítulo do Benjy, as coisas deslancham. O segundo capítulo, do Quentin, é mais fácil mesmo ainda sendo confuso, e já no terceiro capítulo, do Jason, é como se estivesse lendo um livro comum, então eu diria que o desafio mesmo é só passar o so Benjy (nos 2 meses que levei pra ler, 6 semanas foi só pra passar ele kk), e vale totalmente a pena a paciência e a persistência porque é de fato um livro genial.

A profundidade dos personagens durante o livro me chamou atenção, achei que o Faulkner desenvolveu as particularidades de cada um de um jeito simplesmente maestral, cada um instável de um jeito diferente mas todos inegavelmente instáveis, o Benjy com a deficiência, a Caddy incontrolável, o Quentin e a melancolia, o Jason e o ressentimento. Pra mim foi como se, pela maneira que o Faulkner escreveu, todos esses aspectos dos personagens fossem palpáveis, não sei explicar direito, é como se eu estivesse observando a singularidade dessas pessoas como se essa singularidade fosse captada por todos os meus sentidos. É uma viagem que eu não sei descrever KKK só mostra o nível de conexão que eu tive.

O livro trata também da questão do tempo. O tempo como um fardo, como na passagem do Jason pai: "A gente pensa que as desgraças se cansam, mas aí é o tempo que é sua desgraça." E fica bem ilustrado no início do capítulo do Quentin, afundado pelo peso das memórias que ele não esquece, que ele crê que moldam tudo o que ele é e tudo o que ele tem, quando ele quebra o relógio que o pai deu pra ele. Independente da diferença da vida de todos os irmãos Compson, é perceptível como o passado volta pra assombrá-los de uma maneira incansável, e não há perspectiva de futuro melhor, sequer há perspectiva de futuro. Sobre como o Faulkner desenvolveu essa questão, tem uma reflexão muito boa no final do livro.

Enfim, mesmo sendo um livro que precisa de paciência e persistência, definitivamente é uma experiência completamente única, especialmente pra quem ainda está entrando na literatura mais obscura e melancólica. As razões por ser um clássico tão aclamado e conhecido ficam muito óbvias à medida que você vai lendo, eu não sei descrever o que o Faulkner fez aqui, parece até que ele não é humano.
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Niki Pádua 06/05/2024

Um livro recompensador
Antes de começar a leitura de 'O Som e a Fúria', eu ouvi muitas pessoas comentando sobre a dificuldade deste livro. Agora, após a leitura, posso confirmar. Esse livro requer muita atenção e paciência, principalmente durante os primeiros capítulos.
É muito doida a experiência de te entregarem as informações todas embaralhadas, escritas de formas e por personagens diferentes. Tudo o que aconteceu está lá desde o início, mas não é para ser entendido. Assim como um quebra-cabeça, você leitor vai montando as peças e descobrindo o que realmente aconteceu com essa família. E esse é só um dos pontos que faz esse livro ser tão bom.
Tenho certeza de que vou reler essa obra logo, deve ser uma experiência totalmente diferente.
Um clássicão daqueles pra não por defeito, 5 estrelas.
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Livros_daruiva 23/04/2024

Desafiador!
Cheguei ao final do livro com a sensação de dever cumprido. Por várias vezes pensei em desistir da leitura, e reli página por página até entender o contexto da história e me acostumar ao ritmo dos capítulos.
Além do desafio, essa obra é BRILHANTE! Precisei de um tempinho pra ler e não me arrependo, história completa e igualmente boa.
Uma família com intrigas, loucuras, e nenhuma paz no seu dia a dia. O difícil é saber quem era o mais louco daquela família.
É a obra mais conhecida de William Faulkner, prêmio Nobel de literatura em 1949. Principalmente por conta das quatro vozes narrativas, e os saltos no tempo que compõe o livro e que o torna tão difícil.
Ah, e não sou muito de falar sobre a tradução dos livros, mais essa em especial está muito boa e tentou manter ao máximo sua escrita original.
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Liamara.Wollinger 20/04/2024

Uma leitura desafiadora. Uma escrita que contém presente, passado, diálogo e pensamento de personagens diferentes no mesmo parágrafo sem pontuação. Uma história intensa numa linguagem simples nesse arranjo que, pra mim, foi uma descoberta incrível. Muito bom.
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Jordana Borges 18/04/2024

Sem dúvidas, uma das leituras mais desafiadoras que já fiz.
Vi muitas pessoas apontarem o primeiro capítulo como muito complexo, de fato é, mas nele eu ainda conseguia entender e conectar um pouco as coisas, pra mim o segundo capítulo que foi o mais denso e complicado da obra, muito confuso? Dito isso, afirmo que vale passar pelas pedras pra chegar no destino final hahaha? No capítulo 3 que é contado na perspetiva do Jason, já consegui me conectar mais com a história (mesmo ele sendo um dos personagens mais desprezíveis que já li). Quando você começa a entender a história e a encaixar as passagens de tempo você entende como Faulkner foi genial.
Vale muito a pena persistir os 2 primeiros capítulos para chegar até o fim do livro.
A análise crítica do Sartre no final do livro é maravilhosa também.
Michela Wakami 18/04/2024minha estante
Parabéns, amiga. Terminar esse livro é uma vitória!?

Ao final da leitura da vontade de sair gritando pela rua: consegui, consegui? ?????


Jordana Borges 18/04/2024minha estante
Amiga, é esse sentimento mesmo! E quando as coisas começam a fazer sentido da vontade de gritar ???

Mas todo sufoco valeu a pena ?


Michela Wakami 18/04/2024minha estante
Que maravilha!?


Flávia Menezes 19/04/2024minha estante
Que resenha boa de ler, Jordana. Esse livro é incrível por tudo isso: por ser desafiador, por ser provocador..mas ao mesmo tempo, ele nos pega de um jeito que não queremos mais largar esse homem chamado Faulkner! ?


Fabio 20/04/2024minha estante
Adorei a resenha, Jô!!!???
Parabéns!
Concordo contigo que o segundo capítulo, é o mais difícil da obra!
E que as análises do Sartre são sublimes!!!


Jordana Borges 24/04/2024minha estante
Michela, graças as suas dicas valeu a pena chegar ao final amiga ??


Jordana Borges 24/04/2024minha estante
Flávia, disse tudo, é desafiador mesmo, mas quando as peças começam a se encaixar vale a pena todo o sufoco ??


Jordana Borges 24/04/2024minha estante
Obrigada Fábio!!
Eu amei as análises do Sartre, uma das partes favoritos do livro.




Iwatanii 15/04/2024

O som é a fúria vai contar a história da família Compson. Os membros da família são: Benji, Quentin, Jason, Caroline, Canddy, Jason(pai) e Dilsey(empregada da família).
O livro é dividido em 4 capítulos.
Capítulo 1: 7 de abril, 1928 - Benji;
Capítulo 2: 2 de junho, 1910 - Quentin;
Capítulo 3: 6 de abril, 1928 - Jason;
Capítulo 4: 8 de abril, 1928 - Dilsey.

A família Compson é muito problemática. Aqui veremos: um ódio absurdo uns pelos outros da família, problemas financeiros, um amor ?incestuoso?, roubo, racismo, machismos, rebeldia, depressão, doença, violência etc. ou seja, com tudo isso, a decadência da família é nítida. Porém, os problemas dos filhos se destacam na história. Vamos acompanhar as angústias de cada personagem. Por causa do fluxo de consciência, isso se tornará bem complicado. Até porque o primeiro capítulo é narrado por um personagem com problemas cognitivos. Senti mais facilidade e entendimento no capítulo 4 narrado pela Dilsey, e nesse capítulo vamos vê através dos olhos dela a relação do Jason com a sobrinha.

Só acho que o livro deveria ter começado pelo apêndice, já que no capítulo 1 até o 4 você não entende nada mesmo. Ainda bem que Faulkner introduziu o apêndice para melhor entendimento daqueles que ficaram em dúvida(porque se dependesse só dos capítulos, eu não teria entendido quase nada).
Depois de ler o ?apêndice?, ?traduzir o som e a fúria? e ?sobre o som e a fúria?(que é um resumão da história), vim entender o porquê o autor é tão famoso. O cara era genial! Criou um quebra-cabeça literário e o leitor que se vire para montar. Ele quebrou o fluxo do tempo e embaralhou a história dentro desses 4 capítulos.
Trecho: traduzir o som e a fúria: ?o leitor só recebe as informações necessárias para compreender boa parte do que lhe é apresentado bem depois das passagens que elas finalmente esclarecem, o que torna a releitura de toda a obra uma exigência fundamental.?
Falei que não iria reler tão cedo, mas depois de compreender e saber o que aconteceu, a releitura será muito mais interessante.
Achei muito interessante a visão de Faulkner sobre o tempo, passado, futuro e consciência.

Obrigada pela companhia, amiga @Jordana! Graças a essa LC a gente nao abandonou a leitura kkkk. Que venha outras LC.


Quotes:

?Cada homem é árbitro de suas próprias virtudes?.

Para alcançar o tempo real, é preciso abandonar essa medida inventada que, afinal, não é medida de nada: ?[?] o tempo morre sempre que é medido em estalidos por pequenas engrenagens; é só quando o relógio para que o tempo vive?.

?Dou-lhe este relógio não para que você se lembre do tempo, mas para que você possa esquecê-lo por um momento de vez em quando e não gaste todo seu fôlego tentando conquistá-lo. Porque jamais se ganha batalha alguma, ele disse. Nenhuma batalha sequer é lutada. O campo revela ao homem apenas sua própria loucura e desespero, e a vitória é uma ilusão de filósofos e néscios?.

?O homem passa a vida lutando contra o tempo e o tempo o corrói como um ácido, arranca-o de si mesmo e o impede de realizar o humano. Tudo é absurdo: ?A vida [?] é uma história cheia de som e fúria, contada por um idiota e que não significa nada?.

?O pai disse que o homem é o somatório de suas desgraças. A gente fica achando que um dia as desgraças se cansam, mas aí o tempo é que é a sua desgraça disse o pai.?

?Dilsey não emitia nenhum som, seu rosto não tremia enquanto as lágrimas desciam em sulcos profundos e tortos, caminhava de cabeça erguida, sem sequer esboçar nenhuma tentativa de enxugá-las.
?Para com isso, mãe!? disse Frony. ?Todo mundo olhando. Daqui a pouco a gente vai passar na frente dos branco.?
?Eu vi o primeiro e o derradeiro?, disse Dilsey. ?Não preocupa comigo não.?
?Primeiro e derradeiro o quê?? perguntou Frony.
?Não preocupa não?, disse Dilsey. ?Eu vi o princípio, e agora eu vejo o fim.?
(Sobre Dilsey ter visto o início da família e no final ter que vê o fim dela).
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Michela Wakami 15/04/2024minha estante
Amiga, eu só compreendi totalmente o livro na releitura, que foi maravilhosa.
Se você puder não demore para fazê-la.
Parabéns pela resenha e pelo empenho na leitura.
????


Iwatanii 16/04/2024minha estante
Obrigada, amiga! Vou reler em breve, tenho certeza que a experiência vai ser muito boa ?. Descobri tbm que tem um livro de conto dele, que conta a história dos personagens quando eram crianças.


Jordana Borges 18/04/2024minha estante
Amei a companhia amiga, que venham outras LCs! ?
Foi uma caminhada difícil mas vencemos kkkkk no final valeu a pena!




MaywormIsa 12/04/2024

Brilhante
Faulkner utilizou das mais variadas técnicas para contar a história de uma família complicada e disfuncional, experimentando a decadência de toda uma linhagem de generais e pessoas de importância e coragem.

O livro conta com 4 capítulos, sendo os três primeiros, narrados em primeira pessoa e o último em terceira pessoa onisciente. Cada capítulo conta com um tipo de complexidade diferente, um dos grandes chamativos da leitura, conferindo-lhe adjetivos como "difícil" e "complexa".

Esta é uma família de 6 pessoas: o pai, Jason, um homem se tornando alcoólatra; a mãe, Caroline, uma inválida mimada e mestre em chantagem emocional e seus 4 filhos, são eles: Candance (Caddy), Quentin, Benjamin, e Jason. Além disso, temos a presença muito marcante e importante dos negros empregados da família, e dentre eles Dilsey é a mais importante.

Benjamin, é um filho com deficiência cognitiva e por isso, não fala, age como um bebê, mesmo em idade adulta, e precisa de cuidados especiais o tempo todo. E este é o nosso primeiro narrador.

Por sua condição, Benjamin acaba sendo para sempre um bebê, e é no capítulo dele que temos as maiores lembranças da infância desses irmãos. Já no segundo capítulo, narrado por Quentin, vemos com clareza a completa desorganização mental e a confusão de pensamentos. Suas lembranças giram em torno da adolescência de suas vidas. Em seguida temos o capítulo narrado por Jason, o filho. Ali, estamos conhecendo o que se passa na família em sua fase adulta e por fim, o último capítulo dá enfoque em Dilsey que já é uma senhora de idade, e no final daquela família.

Pescaram a linha do tempo? O livro conta uma vida inteira de uma família, jogando acontecimentos importantes em parágrafos muitas vezes sem pontuação (algo que eu achei que era erro de revisão de texto do livro lkkkkkkkk) e também de uma forma não linear, apesar de ficar claro que há uma crescente de "maturidade" entre os capítulos.

No começo, senti uma enorme dificuldade em compreender o que estava se passando, mas isso vai ficando melhor conforme a nossa dedicação e disciplina durante a leitura. Mesmo não entendendo algumas partes, precisamos seguir em frente, pois tudo vai sendo explicado e desenrolado, basta que o leitor esteja muito atento.

Ao final da leitura, senti a necessidade de voltar ao capítulo de Benjy, pois lá está uma fonte inesgotável de informações sobre os acontecimentos dessa família, que é extremamente difícil de decifrar, mas ao termos o quebra cabeças montado, conseguimos pescar com maior facilidade o que Benjy está nos dizendo.

Gostei muito do livro e senti que foi um desafio que valeu a pena ter encarado!
Fabio 12/04/2024minha estante
Adorei a resenha, Isa, parabéns pela escrita e parabéns por ter concluído este livro dificílimo!!!
Agora, vencido estar desafio, bora ler Ulisses, do Joyce! Kkk


MaywormIsa 12/04/2024minha estante
Obrigada!! Joyce? Vixi tô fora hahahah (por enquanto?..)


Fabio 12/04/2024minha estante
Kkkkk Isa, imagine um livro todo escrito no fluxo de consciência do Quentin!
Pois bem, é o Ulisses de James Hoyce


Fabio 12/04/2024minha estante
Eu demorei quase 2 meses para encerrar o livro kkkk




Carol 10/04/2024

Abandonado
Eu já tinha assistido uns vídeos, entendido a árvore genealógica, achei que daria pra ler. O primeiro capítulo foi bem, gostei. No segundo, a falta de pontuação me incomodou demais, pulei umas páginas, usei o chat GPT pra me contar o que acontecia naquele capítulo, tentei começar o terceiro, não deu. O vai e vem da história e os nomes repetidos tornaram minha leitura chata. E é isso, não é porque é um clássico e todo mundo gosta que eu também gostaria, não é? Já dizia a minha mãe: ?você não é todo mundo?. Não sou mesmo.
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Maria Clara 24/03/2024

Vale muito a pena!
Nunca tive uma experiência com um livro, como foi a de ler ?O som e a fúria?, tive dores de cabeça até conseguir me conectar, Faulkner é genial!
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jessyroux 06/03/2024

"O Som e a Fúria" é uma obra desafiadora e fascinante que mergulha nas profundezas da psique humana e nas complexidades das relações familiares. Faulkner nos leva a um mundo complexo e perturbador através das vozes dos membros da família Compson, oferecendo uma visão penetrante da decadência social e moral no sul dos Estados Unidos. A narrativa fragmentada e não linear pode ser um desafio para alguns leitores, mas é essa mesma estrutura que enriquece a experiência literária, permitindo uma compreensão mais profunda das complexidades dos personagens e de seus conflitos internos. A linguagem poética e evocativa de Faulkner cria uma atmosfera densa e imersiva que cativa o leitor do início ao fim. "O Som e a Fúria" é uma obra-prima da literatura americana que merece ser lida e apreciada por sua profundidade e riqueza literária.
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Juju 28/02/2024

Família em ruínas
Se você quer uma história difícil de ser entendida e estressante onde todos os personagens são capazes de ferver seu sangue, esse livro é para você!

Um grande nome da literatura e até mesmo premiado, põe certa pressão no leitor que quer gostar de uma obra simplesmente porque muitos outros também gostam. Eu tentei, eu juro... Mas esse livro não foi pra mim.

A escrita é complicada, com fluxos de consciência desconexos e pulos no tempo sem transição?
- Sim, absolutamente.

Foi por isso que não gostei?
- Não!

As dificuldades de leituras foram enfrentadas e ganhas, mas a história não me prendeu. Sei que é um estilo diferente, algo fora dos padrões. Só não gostei. Para uma pessoa que se estressa muito fácil como eu e que tenha baixa tolerância para com os outros, foi detestável. Não gostei de nenhum dos personagens, com exceção talvez de um, que foi um grande pobre coitado com final trágico. De resto, senti antipatia por todos. Figuras chatas, com histórias não muito interessantes, em decadência.
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Ane 27/02/2024

Um livro para sentir
Uau, nunca um título foi tão coerente. O livro faz você sentir todo o som e toda a fúria da história. As palavras, o desenvolvimento da escrita em si, o ritmo, todos esses elementos são para serem sentidos. É como uma tempestade que vai aos poucos se acalmando. A raiva que cega e deixa tudo confuso e o tempo (nosso único aliado), que vai deixando tudo mai claro. Simplesmente lindo!
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Lais 24/02/2024

Vale muito a pena ler
Eu gostei muito do livro, efetivamente ele é bem difícil de entender, mas quando eu peguei o jeito da leitura e foi-se passando os capítulos, consegui conectar as histórias e fluiu super bem. Achei incrível a forma como o Faukner conta a história, por pedaços, dizendo quase não dizendo, e eu como leitora inferia ou tinha uma leve dedução do que ia acontecer e lá na frente ele dava a resposta. Para quem for ler, recomendo a ler sobre fluxo de consciência antes de iniciar o livro, que me ajudou a entender como o livro foi escrito, e também a tentar ter na cabeça a árvore genealógica dos personagens, ajuda a passar pelos capítulos.
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