O som e a fúria

O som e a fúria William Faulkner




Resenhas - O Som e a Fúria


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Naty Dark Side 21/01/2022

O Som dos pensamentos e a Fúria da realidade pessimista.
A sociedade em que William Faulkner convivia explica mais dessa história do que a história em si. Tentando reconstruir o cenário completamente pessimista dos EUA poderemos entender porque o autor optou por uma narração complexa, atemporal e errônea que não exatamente cansa o leitor(a), mas que o faz fluir com pensamentos do tipo "Não acredito.", "Acho que estou entendendo o que está acontecendo."
"O Som e a Fúria" foi lançado em 1929 após uma ponga pausa do próprio autor referente às críticas que recebera sobre outra obra que não foi recebida pelo público tampouco pelos críticos. Porém...... O livro que será reconhecido não somente em território nacional, mas internacionalmente é produto de uma das maiores crises financeiras dos EUA em meio à ascensão do fascismo na Europa, às crises internas relacionadas a mulheres, população negra e imigrantes e o frequente abuso de autoridade do país e em meio a toda propaganda anti comunista que os EUA faziam contra a URSS.
Portanto, o tom débil, trágico, errante e confuso dá-se não por que Faulkner queria que seus personagens e a própria história passasse um clima de decadência, mas porque essa família nascia de um cenário decadente, de um autor recluso e de uma tentativa de expurgar da realidade não somente a tragédia dos Compson, mas a tragédia que passou a acompanhar toda e qualquer família de classe média alta no Sul retrógrado e escravista do país.
Eu, no entanto, continuo afirmando que em nenhum momento me senti próxima ou afetuosa de qualquer um dos personagens pois cada um deles tem uma personalidade que não pode ser defendida e por isso mesmo acompanham como uma ópera o fim deles mesmos e daquilo que um dia fora uma família de renome.
A luta pela abolição da escravidão mexeu sensivelmente com o Sul dos EUA já que eles tinham o monopólio de grandes terras, plantações de algodão entre outras coisas e dependiam do trabalho escravocrata para render lucros. É preciso perceber que esse é o fundo que norteia a complexidade da família aristocrata e também sua peleja que contribui em desafios cotidianos entre manter o semblante de um sobrenome que era pesado para todo o sul do país e o que realmente os remanescentes da família tinham se tornado.
Como se sabe... Essa história é repassada em narração por 4 personagens que na técnica do fluxo de consciência misturam presente, passado e futuro, mas quase sempre acabam padecendo diante da força do terror de seu passado.
O Som e a Fúria é antes de tudo um relato sobre a angústia, a depressão, a doença, a ira e a impotência de saber que um dia se foi algo grandioso e que agora se caminha pelos pecados hediondos do que por ser o que eram acabaram se tornando o que no presente do livro eles são.

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Michelle.Danielle 17/02/2022minha estante
Parabéns pela resenha. Adorei




Luiz Miranda 13/01/2018

Escalando o Everest literário
Pra sobreviver aos 2 primeiros capítulos (metade do livro) é necessário ciência da grandeza da obra e, principalmente, uma vontade inabalável de lê-la. São capítulos de linguagem experimental que levam o leitor médio a nocaute em dois segundos. A coragem de Faulkner é proporcional ao percentual de desistência do livro.

O primeiro capítulo acompanha o "fluxo de consciência" de Benjy, o autista da família Compson. Saltos no tempo, repetição de nomes, confusão. O que acontece aqui voltará sob outra perspectiva nos capítulos posteriores.

O segundo é o mais impenetrável de todos. Quentin, aluno de Harvard às custas do sacrifício da família, mostra todo seu tormento e confusão mental através de parágrafos enormes e sem pontuação alguma. Um emaranhado de lembranças que mais tarde farão parte do quebra cabeças final.

O terceiro foca no personagem que considero mais interessante. Jason Compson é carregado de ódio e movido por um código moral particular. Um personagem complexo, construído de maneira magnífica. Aqui a história ganha contornos mais sólidos.

No último capítulo a narrativa passa pra terceira pessoa, onde a estrela é a "criada" da casa, a abnegada Dilsey, outra brilhante criação de Faulkner. O capítulo revela as últimas pistas sobre os assuntos tratados nos 2 primeiros, só não espere algo próximo de uma trama ou um final redondo, isso realmente não interessa ao escritor.

Se eu fosse justo, começaria agora mesmo a reler os 2 primeiros capítulos, pois sob a perspectiva dos fatos dos últimos capítulos, seriam apreciados em todo seu brilho. Pena que me falte tempo e disposição (um dia releio).

Me resta então ser honesto com minha modesta estrada literária e dar a cotação de 4 estrelas, mesmo ciente da grandeza da obra.
Paixão 24/02/2018minha estante
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edzlke 05/04/2022

ai, ai?
Olha, eu entendi. Entendi o livro, entendi a sagacidade do autor, entendi a história: eu entendi. Não é um bicho de sete cabeças.
Mas ó: eu realmente só entendi.
Eu não fui tocada, eu não me emocionei, eu não senti nada. Eu só fiquei irritada e entediada pois achei os personagens muitíssimo enrolados.
Sei que é um livro super amado, hypado, etc, etc. mas não posso falar aqui que AMEI, porque não é verdade. Achei inovador e tal, fluxo de consciência em 1900 e bolinha, mas não achei bom, não foi uma leitura que terminei e fiquei impactada. Fiquei contente de terminar.
Michela Wakami 05/04/2022minha estante
Exatamente, minha maior alegria foi terminá-lo.




Ana Gouvêa 23/08/2020

Se vai usar leitor de tela...
A narrativa é insuportavelmente truncada até os 78% da leitura, depois disso é apenas insubstancial e vazio. Já li clássicos ruins, mas esse foi pro top 3 dos piores da minha vida.
Michela Wakami 17/09/2021minha estante
?????




Rafa 09/09/2021

Grandioso
Abusando da técnica do fluxo de consciência, o autor exprime a decadência de toda uma família. A leitura realmente é desafiadora, mas, após as 30 páginas iniciais, vc passa a entender o estilo adotado (dica: não tente compreender o enredo logo no início, pois tudo vai se encaixando). Vale dizer que, a escrita utilizada é crucial para nos colocar na mente de cada um dos personagens. O final tinha tudo pra ser épico, mas decepcionou.
Roberta 09/09/2021minha estante
Ainda estou traumatizada com esse livro ?




Kelly Martinez 30/08/2020

Onde há intelectualismo aqui? Faulkner, seu pândego!
Senhoras e senhores; finalmente acabei meu suplício. Conclui a leitura desse clássico tao aclamado e afirmo: leitura odiosa.

Este é um daqueles livros no qual o leitor fica completamente perdido durante boa parte da narrativa.

Primeiro somos introduzidos na leitura através do fluxo de consciência (recurso narrativo horroroso) de um idiota, o Benjy, que narra todo o primeiro capítulo, dificultado a compreensão de tudo.

Logo após, seguimos com a narrativa ainda em fluxo de consciência, mas agora do personagem Quentin, que é estudante de Havard, o que não a altera em nada a dificuldade de compreensão do texto.

A narrativa segue truncada, sem pontuação , fazendo o leitor até mesmo duvidar da sua capacidade interpretativa.

Todo o enredo do livro é revelado em conta gostas para que no final o leitor conclua que se trata de decadência da família Compson. Tudo bem que temos alguns assuntos mencionados ao longo do livro mas em linhas gerais, é sobre a decadência que o leitor vai ler.

O grande problema aqui é que durante o caminho percorrido, somos apresentados a personagens que pouco nos cativam, nos fazendo caminhar pro final da obra com aquele espírito de "querer se livrar da historia"


Todo livro gravita em torno do ininteligível e do odioso.

Pra mim foi uma experiencia entediante e chata.
E veja bem, não é que não goste de livros complexos... eu amo desafios mas no caso de " O Som e a Fúria", não vi complexidade, vi um quebra cabeças besta, que não tive vontade de desvendar.
Bom, eu tenho duas teorias.
1) Ou Faulkner quis construir algo tão intelectual que acertou o vazio ou;
2) Faulkner foi um pândego, brincando de ser intelectual, construindo uma obra sem pé nem cabeça esperando às gargalhadas, as "sacadas" dos pseudo intelectuais de plantão. Hahaha.

Ai, ai, Faulkner, seu menino brincalhão.

Michela Wakami 16/09/2021minha estante
Kelly, quero ser sua amiga! kkkkkk.
Penso exatamente como você !
Maravilhoso encontrar alguém, para dividir a minha indignidade.




Jorlaíne 20/08/2023

O enredo retrata a decadência dos Compson, família aristocrática do sul dos Estados Unidos. Como acontece na década de 20, o autor também faz questão de representar o racismo e a xenofobia que acontecem em meio a uma crise financeira mundial.
O livro é narrado por quatro vozes, e isso é difícil de ser identificado (por sorte me avisaram). E vi que o autor sofreu forte influência de James Joyce com seu livro Ulysses, por isso, muitas vezes, nos deparamos com frases sem pontuação e com neologismos. Além do famigerado fluxo de consciência, recurso muito utilizado por Faulkner.
Não é uma leitura difícil pela escrita do autor, mas sim pelo cansativo enredo.
Até o momento, para mim, quem melhor utiliza o fluxo de consciência é a Clarice.
Rayza.Figueiredo 20/08/2023minha estante
e a Virginia Woolf tbm ?




Evelyn.Christine 02/03/2023

Difícil dizer qualquer coisa
Este é um apelo sincero: alguém me explica porque esse livro ganhou o prêmio Nobel?

Uma narrativa muito difícil para uma trama bem simples. Andamos, andamos bastante e aonde chegamos? Pois é, eu também não sei
Leonardo.H.Lopes 01/07/2023minha estante
Este livro não ganhou Prêmio Nobel, livros não ganham o Prêmio Nobel. Quem ganha é o autor e pelo conjunto da obra, por ter produzido "no campo da literatura o trabalho mais notável em uma direção ideal".




13marcioricardo 30/07/2023

Dá trabalho..
Bem, se prepare. Se quiser ler este livro tem que saber de antemão que vai precisar pegar o touro pelos cornos...

Eu estava lendo o Desassossego do Fernando Pessoa e, na minha inocência, pensei que ia começar e terminar como qualquer outro, mas não aguentei e tive que intercalar com outro. Vai daí e peguei este kkk

Tipo, não tem nada a ver um livro com outro, mas ambos são difíceis. Pra ter uma noção, não dá pra entender nada nos dois primeiros terços da obra.

E, pela primeira vez, sinto necessidade de reler, pra entender bem. Com muitos e bons livros pra ler, tenho para mim que não farei releituras, pelo menos nos próximos anos, por isso vou procurar o filme.
Roberta 04/08/2023minha estante
Muito difícil




Rahrt 03/04/2021

2 de junho, 1910
O Som e a Fúria é um livro difícil.
Por vezes você se vê perdido e sem entender o que está acontecendo, mas nem assim você tem vontade de parar de ler.
Minha primeira experiência com Faulkner e posso dizer que fiquei encantada com todas as narrativas do livro, embora vá precisar ler mais uma vez - no mínimo - para entender todos os detalhes.
A narrativa que mais me tocou foi a da segunda parte - que dá o nome à resenha - por ser tão dotada da fatalidade do fim desde o início e, ainda assim, conseguir ser sutil.
Seu maior vilão também me fez ficar inquieta durante a leitura - conseguiu despertar minha aversão.
Por fim, todos os personagens e suas visões de mundo são a história por si só, fatos entrelaçados aos fatos que nunca são inteiramente contados, onde você precisa ir organizando as peças para conseguir entender.
Mateus 05/04/2021minha estante
Estou com esse livro aqui para ler, depois de ler sua resenha fiquei ainda mais interessado :)




Déa Paulino 29/04/2012

Demorei muitos meses para me convencer de que precisava ler Faulkner pela primeira vez, e alguns outros meses para decidir tirá-lo da estante. O primeiro incentivo veio do fato de o José Luis Peixoto, um dos meus autores favoritos, ser declaradamente fã da literatura do Faulkner (e o Peixoto é daqueles que, como eu, marca na pele as declarações de amor).
Pouco tempo depois, encontrei a edição maravilhosa da Cosac Naify, editora que tem meu amor eterno, - e nem me paga para escrever isso - pela metade do preço. Foi assim que o livro chegou até mim.
O Som e a Fúria foi um caso raro de paixão despertada mais por admiração que por identificação ou pertencimento.
Gosto do fato de o livro ter sido escrito durante um período de reclusão, após um fracasso do autor, e me interesso pela temática abordada. As infelicidades familiares, na literatura, me atraem; e as manifestações do racismo, hoje velado como se fosse moralmente inaceitável, são tão chocantes nos livros quanto na padaria ou na fila do banco.
As primeiras páginas não foram fáceis. A primeira parte do livro é constituída por diálogos que muitas vezes parecem ininteligíveis. A leitura das páginas narradas por Benjy, que sofre deficiência mental, foi de uma diculdade angustiante.
Superado o obstáculo, que posteriormente justifica-se necessário e desejado, agradeci, a cada virada de página, pela oportunidade de ter em mãos parte da obra um autor que - a despeito dos prêmios ou títulos que, muitas vezes, podem parecer assustadores - foi genial.
Ler O Som e a Fúria é, além de desfrute, uma aula. São muitos livros em um só. Muitos modos de escrever e de descrever. Um delicioso passeio por diferentes estilos e pontos de vista.
As estórias das personagens de O Som e a Fúria são tão tristes quanto a maior parte das relações humanas, se observadas com atenção. Sob o olhar de William Faulkner, a tristeza, neste livro, tornou-se bela.
Me apaixonei pelo autor, por isso quero (ler) mais.
Ronnie K. 27/11/2012minha estante
Para mim um dos melhores romances de todos os tempos! Legal que você tenha gostado. Beijos.




Dom Ramirez 08/05/2015

Sonoro e furioso, de fato
Ao ser questionado sobre qual conselho daria aos críticos que diziam não entender seus livros mesmo após lê-los duas ou até três vezes, o Nobel de literatura William Faulkner respondeu: “Sugiro que leiam quatro vezes.”
Não há dúvida de que, ao citar tais críticos, a entrevistadora se referia ao seu livro mais complexo e importante: O Som e a Fúria. O título é retirado de uma frase famosa da peça Macbeth, de Shakespeare, em que se diz que a vida é “uma história cheia de som e fúria, contada por um idiota e que não significa nada.” E, de fato, a narração da saga da família Compson começa a ser descrita pelo idiota Benjy, o narrador do primeiro capítulo.
Ao ler a história da degradação dos Compson, o leitor deve estar preparado para sentir em paralelo uma degradação de sua capacidade intelectual: durante os dois primeiros dos quatro capítulos que compõem o livro, o leitor acompanha a história do ponto de vista de um retardado mental mudo e um homem desesperado prestes a se suicidar, e o desespero da narrativa, seu som e sua fúria, emanam das páginas com tamanha caudalosidade que quase não é possível acompanhar a história.
O terceiro capítulo, narrado pelo sádico e inescrupuloso Jason, oferece ao leitor uma narrativa mais convencional, mas ao mesmo tempo o desconforto permanece através do confronto com o cinismo demasiadamente humano da personagem.
O derradeiro capítulo é narrado por uma voz onisciente focada na personagem Dilsey, a empregada negra dos Compson. Em seu encerramento sublime, Faulkner subverte a noção de apoteose e apresenta o clímax do livro através do único momento de tranquilidade do retardado Benjy.
O próprio autor disse que este foi o trabalho que mais sofrimento e angústia lhe causou, como a mãe que tem mais amor pelo filho que se tornou ladrão ou assassino do que por aquele que se tornou sacerdote. Complexo demais, furioso demais, sonoro demais, O Som e a Fúria deve ser abordado da mesma maneira que seu autor sugeriu que se abordasse o Ulisses de Joyce: com fé. Fé na arte, fé na humanidade. Os incautos podem não resistir à violência do jorro verborrágico das primeiras páginas, mas a recompensa é sublime.
Poucas vezes a literatura alcançou um estado tão elevado, e, enquanto a leitura deste livro pode ser incrivelmente difícil, é fácil demais entender porque este é considerado um dos maiores clássicos do século XX.
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