Maikel.Rosa 24/05/2021
Fiquei encantado!
"O centauro no jardim" foi um presente na minha lista de leitura, que surgiu como opção depois de uma resposta a uma enquete sobre nomes marcantes
de personagens.
Aliás, Guedali... que personagem! O centauro que nasceu entre uma família de judeus, imigrantes russos
no interior do Rio Grande do Sul, representa
muito mais do que um ser lendário, que já carrega
por si só todo o peso do atavismo mitológico.
Tão protagonista quanto quem vive às margens
da sociedade, ele é mais humano do que muitos
homens. É falho, inseguro, egoísta e, paradoxalmente, é na sua versão homem-cavalo que consegue se aproximar do ideal, algo que persegue mesmo quando relega a verdadeira natureza.
Sua vida poderia se confundir com a de muitos: Guedali é um indivíduo que não entende seu papel no mundo, e que acha que ninguém no mundo é capaz de entendê-lo. Sente-se deslocado, seja como humano, seja como centauro, sempre à espera de alguém que lhe diga "você É um homem", afinal.
Embora escrito numa prosa muito fluida, esse livro é
quase um poema de Moacyr Scliar, um romance que
tem o dom de resgatar nossa fantasia, mas é também
um recado a seus amantes: cuidado pra não ser
esmagado sob seus cascos.