Annie 19/12/2010Resenha de "O Corcunda de Notre-Dame", por Ana Nonato.Introdução
História que gira em torno do corcunda Quasímodo e da cigana Esmeralda.
Estrutura
O livro é muito bem escrito, não tendo nada de cansativo. É uma narrativa que flui naturalmente, sem precisar ser cronologicamente ordenada (há momentos em que os fatos se sucedem no passado). Um livro agradável.
Conteúdo
A história começa na celebração do Dia de Reis, em que há a encenação de um mistério no palácio da justiça. A peça já começa com atraso sem a presença de Sua Eminência, o cardeal; quando o mesmo chega, a peça para de ser o foco da atenção do público de vez. O burguês Jacques Coppenole sugere que para eleição do Papa dos Loucos (uma tradição da época) se fizesse como em sua terra: cada candidato mostrava sua cabeça através de um buraco e fazia uma careta para os outros; o que fizesse a careta mais feia seria eleito. O público concorda, deixando Gringoire (diretor da peça) indignado. Com efeito, o Papa dos Loucos eleito é Quasímodo, o sineiro da Catedral de Notre-Dame, que ganhou apenas por mostrar seu rosto ao público (suas feições eram verdadeiramente horrendas). Colocaram-no em uma cadeira carregada por doze oficiais e foram desfilar pela cidade. Gringoire sai pela noite, indignado e com fome, até chegar na Praça da Greve, onde uma multidão se encolhia em volta da fogueira. Ao centro, uma jovem moça dançava, e Gringoire constatou que era uma cigana. Entre os rostos que admiravam a cigana, estava o de um homem careca, chamando a atenção por seu modo tão compenetrado e sinistro de observá-la. Uma velha começou a insultar a jovem cigana e Gringoire aproveitou para fugir da vista. Neste momento, a procissão do Papa passou pela fogueira, sendo parada pelo homem sinistro, estranhamente obedecido por Quasímodo, que desceu da cadeira, retirou suas vestes “papais”, e foram embora. Gringoire nota que o homem era o Arcebispo Cláudio Frollo. Gringoire decide seguir a cigana. Mais a frente ela é atacada por Quasímodo, e o diretor entra no caminho para defendê-la, abatido facilmente pelo corcunda. Capitão Febo, dos arqueiros da ordem do rei, a resgata. Como a cigana fugira, Gringoire continua a vagar atrás de alimento até que é atacado por uma multidão de mendigos no Pátio dos Milagres. Mesmo tentando passar em um tipo de teste, o diretor seria enforcado, até que Esmeralda aparece e se casa com ele.
O livro então passa a contar a história do corcunda, que fora depositado dezesseis anos antes na Igreja, e fora adotado por dom Cláudio (explicando o fato de tamanha obediência). Como se formara sineiro muito cedo, o barulho dos sinos o deixara surdo, e ele e o arcebispo daquele momento em diante se comunicavam por sinais. O arcebispo também criara seu irmão mais novo, Jean, mas este o decepcionara ao se tornar um vagabundo e só pedir dinheiro emprestado. E também é notável o desprezo e temor do religioso em relação aos ciganos.
Quasímodo fora preso na noite anterior e foi a julgamento. Senhor Florian,que também era surdo, começou o interrogatório que Quasímodo não respondia, até que finalmente fora condenado a duas horas de surra no pelourinho da Praça da Greve. Enquanto isto, três senhoras conversavam e levavam um bolo à reclusa da Tour-Roland, contando a história da mesma. Há dezesseis anos daquela data, a reclusa, jovem, tivera uma filha a quem amara muito. Um dia, uma cigana leu a mão da menina e dissera que ela seria uma rainha. Orgulhosa com a notícia, a mãe fora contar à vizinha sobre a premonição, e quando voltou a filha não estava mais lá. Deduzindo que a menina fora roubada pela cigana, a mãe a procurou exaustivamente, e ouvindo um choro de criança suas esperanças voltaram. Porém, o bebê era um menino de aproximadamente quatro anos, horroroso em suas feições (obviamente, Quasímodo), que fora enviado para Notre-Dame.
Enquanto isto, o castigo de Quasímodo começara. Ele implorava por água, mas a multidão não o atendia, até que a cigana Esmeralda apareceu e lhe deu atendeu, fazendo rolar uma lágrima dos olhos do "monstro". O castigo terminara e tudo voltara ao normal. Jean foi procurar dinheiro com Don Claudio, que tinha um plano arquitetado em mente. O irmão do Arcebispo Frollo se encontrou com o Capitão Febo e foram beber. Depois saíram bêbados da taverna, acompanhados de perto pelo religioso. Jean ficou pelo caminho, e Febo seguiu, acompanhado pelo arcebispo. Os dois trocaram algumas palavras, e se encaminharam até um quartinho, onde Dom Claudio ficou escondido observando o encontro entre o Capitão e a cigana. Se aproveitando de um momento de distração, o arcebispo cravou uma lâmina nas costas do oficial, fazendo este e a moça desmaiarem. Ao acordar, Esmeralda foi presa e acusada do assassinato do capitão, e ficou meses definhando ao esperar pelo julgamento. Quando o mesmo aconteceu, Gregoire a viu e a cabritinha querida também. A moça fora coagida a confessar o crime através de tortura, e condenada à forca.
No dia da execução, Dom Claudio fez as honras, mas Quasímodo fugiu com a moça para dentro da Catedral, alegando asilo (impedindo assim que os oficiais pudessem prendê-la novamente). Meses se passaram assim, a bela moça sempre acompanhada de perto pelo mostrengo cada vez mais apaixonado. Dom Claudio não gostava nada disso, e tramou com Gringoire um ataque à catedral para apanhar a moça com o auxílio dos mendigos do Pátio dos Milagres. O ataque começara na noite anterior em que a justiça parisiense iria tomar a catedral. Bravamente, Quasímodo impedia qualquer aproximação ao jogar toras, pedras, metal derretido nos agitadores. Eles quase conseguiram invadir a catedral, mas os oficiais do rei chegaram e colocaram ordem à balbúrdia. Feliz, Quasímodo foi ver como estava Esmeralda, e encontrou o esconderijo vazio.
Dom Claudio e Gringoire, se aproveitando da confusão, fugiram com Esmeralda através de um barco, atracando perto da Praça da Greve. O diretor fugira com a cabra, e esta fora obrigada a ficar junto de Dom Claudio, que causava intensa repulsa na moça. O homem deu o últimato:
— Está vendo? Eles ainda a perseguem, mas posso salvá-la. Tenho tudo preparado. Você só precisa querer.
Puxando-a apressadamente, ele dirigiu-se para a forca e a apontou com o dedo:
— Escolha entre nós dois — disse friamente.
(trecho adaptado).
A moça, por fim, escolhera a forca. O Arcebispo a deixou aos cuidados da reclusa da Tour-Roland. A mulher começa a blasfemar e a ofender a cigana, que fica humilhada e entristecida. A mulher praticamente esfrega o sapatinho da filha, a única coisa que lhe restara, no rosto da jovem. Emocionada, Esmeralda busca o amuleto que também carrega consigo: o outro pé do mesmo sapatinho. Mãe e filha haviam se reencontrado. Desesperada, a reclusa tenta esconder Esmeralda, mas os homens do reino a retomaam. A mãe não sobreviveu, morrendo de um ataque do coração, e Esmeralda foi efetivamente enforcada. Dom Claudio foi atirado por Quasímodo, que descobriu que fora ele quem entregara Esmeralda aos soldados, do alto da catedral. O corcunda sumiu da cidade, sendo encontrado seu corpo dois anos depois junto ao de Esmeralda.
Quando quiseram separá-lo do esqueleto que abraçava, desfez-se em poeira.
(trecho adaptado).
Análise
Um livro agradabilíssimo de ler. Nem a morte da cigana ou qualquer acontecimento trágico ao longo da trama conseguem tirar esse clima "tranquilo" da leitura. O fato da moça ser filha da reclusa é adiado com maestria pelo autor, a fim de não parecer tão óbvio, e evitando o "milagre" que seria se o amuleto da moça só aparecesse no encontro final com a reclusa. O amor de Quasímodo por Esmeralda é algo que suaviza a impressão do homem horrendo, que faz a justiça com as próprias mãos. Não me admira este livro ser um dos melhores de sua época.
Recomendações
Recomendo a todos os leitores. É um livro fantástico, sem ser muito fora da realidade da época (a história se passa 1482). Uma ótima oportunidade também de conhecer melhor o trabalho do autor Victor Hugo.
Disponível em: http://odesafiodecadadia.blogspot.com/2010/12/resenha-livro-o-corcunda-de-notre-dame.html