Lê Golz 10/04/2016Adorei!Pode beijar a noiva é o primeiro livro que leio da autora Meg Cabot, que nessa obra escreve como Patricia Cabot, seu pseudônimo. Dizem que a autora escreve de maneira singular ao usar os dois nomes, mas posso afirmar que escrevendo com seu pseudônimo, ela arrasou. Pode beijar a noiva é uma publicação do Selo Essência (Editora Planeta), e está em sua segunda edição com essa capa linda.
Cabot nos apresenta Emma Van Cout, uma jovem órfã, que fora criada por seus tios ricos e praticamente junto com os primos Stuart e James. Desde criança, Emma tem fascínio por Stuart, sua vocação para a igreja e suas intenções de estar sempre ajudando os menos favorecidos. James, por sua vez, era o oposto do primo e vivia entrando em confronto com Emma. Quando Emma anuncia seu desejo de casar-se com Stuart, não apenas a família desaprova, como James fica enfurecido. Como era inevitável, os dois fogem para se casar e viver em Faires, uma pequena cidade longe de Londres, onde poderiam cumprir a missão que Stuart sempre sonhara - ajudar os pobres.
Por uma infelicidade do destino, Stuart falece deixando Emma viúva em poucos meses depois do matrimônio. Ao ficar sabendo, meses depois do ocorrido, James vai para Faires a fim de buscar o corpo do primo falecido e encontra o que não imaginava - a viúva ainda morando no local, e com uma herança para receber, mas com a condição de casar-se novamente. Com isso, Emma tem inúmeros pretendentes, mas nenhuma intenção de unir-se a algum deles. James, então, terá que ajudá-la nesse requisito...
Cabot escreve maravilhosamente bem, com uma narrativa em terceira pessoa e nos envolvendo a cada virada de página. Sua escrita é ágil e simples, o que nos faz devorar o livro em um dia. Com uma obra recheada de diálogos e descrições comportamentais da época, a autora me conquistou com a criação da trama.
O que mais gostei no livro, além da escrita ágil, foi o perfil de seus personagens. O fato de Stuart querer seguir a carreira de cura, e Emma desejar acompanhá-lo como esposa, rendeu um ar cômico e ao mesmo tempo trágico no enredo. Nossa mocinha foi atraída por essa devoção dele em querer sempre fazer o bem e servir a igreja. E Emma realmente acreditava que o amava por isso. Ao contrário, James era mais frio e parecia ter um coração rude, apesar de ser sempre ele que desde criança acalentava Emma quando ela precisava. Essas personalidades distintas dos primos irão animar a história e render momentos de reflexão em nossa personagem. Tenho que dizer que gostei ainda mais da construção de James, do que de Emma, e a forma com que ele demonstrava sutilmente seus sentimentos.
A única coisa que senti falta no desenvolvimento da obra, foi o crescimento dos sentimentos de Emma. Temos, em toda a narrativa, os mais íntimos pensamentos dos personagens, principalmente da viúva, mas sentimos o afeto de James muito mais do que sentimos o dela. Gostaria de ler uma melhor descrição do crescimento do afeto de Emma, e não apenas ver que ela simplesmente constatou as diferenças gritantes entre os primos. Pode-se dizer que o leitor desfrutará de algumas demonstrações de afeto, às vezes, discretas, e poucas vezes intensa.
Fora esse detalhe, que não tira a qualidade da obra, a trama, apesar de previsível, teve um toque especial de mistério, e que só foi revelado nas últimas páginas. Isso foi o que mais me surpreendeu, pois não imaginava esses segredos que estavam por trás da morte de Stuart. Além disso, a obra de Cabot é levemente romântica o suficiente para fazer o leitor suspirar. Há algumas cenas sensuais, mas sem vulgaridade, que fizeram todo o livro valer a pena (isso não significa que recomendaria para menores de 18 anos).
"Nos braços de James, com o rosto a centímetros do dele, Emma fitou-o com olhar arregalado. E naqueles olhos, azul-escuros como o oceano, James enxergou uma emoção que o deixou desorientado e excitado. Acanhamento. Emma, por algum motivo, estava com vergonha. Dele." (p. 142)
Somado aos elogios, temos uma diagramação perfeita nessa segunda edição, onde a capa me agradou muito, apesar de achar que a outra era igualmente linda e, o título, por sua vez, é muito adequado. As folhas são amareladas, fontes grandes, revisão impecável - tudo preparado para uma leitura confortável.
Portanto, para os fãs de romance de época ou de uma leitura leve, divertida, com uma pitada de romantismo e mistério, eu recomendo Pode beijar a noiva. Não é um romance intenso, mas não deixa de ser apaixonante, principalmente depois que você conhece James.
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