Mars 29/04/2022
O drama de Sara Crewe, perdeu tudo e agora mora no sótão
"É mesmo uma história. Tudo é uma história. Tu és uma história, eu sou uma história."
Pode conter spoilers
Gente, primeiramente eu tenho que comentar que a Sara é uma protagonista muito boazuda. Ela tem uma força de espírito formidável, de modo que sua personalidade se compara àqueles idosos sábios como Gandalf ou Dumbledore. O que, para ser bem sincera, torna ela 100% não crível. Não existe criança na terra que tenha semelhante comportamento, mas isso de forma alguma deixa a personagem menos interessante, ao contrário.
Essa história é quase uma epopeia, e a Sara é, mesmo, uma heroina.
Agora vamos à resenha propriamente dita.
Eu assisti o filme homônimo quando ainda era uma criança e gostei muito mesmo já naquela época. Resolvi pegar o livro para ler, eu não tinha muitas grandes expectativas, e imaginei que seria uma versão de Mulherzinhas ou algo assim. Bastante maçante, mas confortável. Como me enganei.
O projeto desse texto foi muito bem feito, e algo de muita importância sempre está acontecendo para puxar o leitor de volta à história. Se não é algo de grande importância, ao menos é algo muito encantador. Os capítulos têm todos um começo meio e fim bem amarrados, coisa que eu valorizo demais.
Aliás, a escrita é muito fluida, e eu ainda li a versão portuguesa, o que trouxa um "quê" a mais de sofisticação. Fiquei felicíssima quando descobri que a autora era mulher e também havia escrito O Jardim Secreto, muito bom também.
A história é a receita clara para você ficar feliz pela protagonista. Muito bom, muito confortável, muito emocionante e eu amei.
As tramas que começam do meio pro fim, foi bem reviravolta mesmo, mas como eu já sabia o que ia acontecer, não me chocou tanto assim. No filme é diferente, no entanto.
Gostei dos elementos asiáticos presentes, achei bastante revigorante. A Becky é uma graça, e a reverência dela por Sara é muito convincente e eu achei adorável.
Eu achei de faltou explorar mais da Família Grande.
E eu gostei muito do personagem águas-furtadas. Aquele sótão tem quase vida própria, gente. Quando a trama da protagonista começa a andar, ele entra em cena, e ele muda também conforme os sentimentos da protagonista. Quando ela está triste, seu quarto lhe parece mais frio, quando está em paz ou meramente feliz, as águas furtadas com pardais lhe trazem alento. Quando está muito frustrada, ela imagina, e quem muda junto com seu humor, é a aparência do sótão.
O que antes era um luxo para ela, ter um quarto mais especial que as outras, vira então um lugar sujo e desconfortável.
As questões morais da Sara me deixaram pensativa também. Ela continuaria conseguindo fazer de conta que é princesa mesmo na miséria? Ela conseguiria ser boa num estado de calamidade? A resposta vocês terão de descobrir, mas eu já dei diversas dicas aqui nessa resenha.
Eu achei a trama delicada, pueril e bastante esperançosa.
Enfim, leiam :)
"Se tudo já cá não estiver de manhã, miss, esteve pelo menos esta noite, e eu nunca mais me esquecerei."