@thereader2408 19/07/2022A versão japonesa da segunda guerra mundialHá 77 anos a bomba atômica foi lançada nas cidades de Hiroshima e Nagasaki matando mais de 100 mil pessoas e afetando gravemente outras depois do ocorrido. Esse apocalipse aconteceu em 6 agosto de 1945, alguém que caminhasse pelas ruas de Hiroshima nesse dia veria o próprio inferno na terra. No meio do caos, o menino Keiji de 6 anos lutou para sobreviver juntamente com a mãe, os únicos sobreviventes da família.
Com muito esforço Keiji sobreviveu e em 1972 decidiu contar em desenhos tudo o que viu e viveu de uma maneira diferente do que se via em livros escolares. Keiji publicou sua história em uma série em mangá chamada "Gen-Pés descalços", Gen é o alter ego do artista. É importante mencionar que logo após o fim da guerra, o Japão que integrou o Eixo foi proibido de contar seu lado da história, mas após o tratado de paz algumas obras foram liberadas e Gen foi uma delas.
Foi publicado pela Educomics no ocidente com o título de I saw (Eu vi) em 1982. Com o sucesso obtido pelos quadrinhos a história foi transformada em animação no ano de 1983, porém somente um resumo das três primeiras partes da história são mostradas no filme. No Brasil, chegou no início dos anos 2000 pela Conrad numa edição compacta, a minha edição é a de 2011 e tem 10 volumes.
Keiji conta a sua história mostrando os horrores da guerra vividos pelas pessoas comuns que não estão em campo de batalha. Os personagens são constantemente aterrorizados pela fome, a guerra afetou a distribuição de comida. O pai de Gen era agricultor e artesão de chinelos e diferente dos outros cidadãos ele era anti guerra, por isso ele e sua família foram considerados traidores e isso lhes trouxe inúmeros problemas.
Em Gen vemos uma Hiroshima arrasada e o autor aproveita para lançar uma crítica política sobre a posição do Japão na guerra, isso foi extremamente corajoso em virtude do período em que o mangá foi escrito e a visão dos derrotados na guerra era pouco conhecida. Gen é um manifesto pacifista e uma abordagem realista e incômoda para a época. Keiji mostra com seus relatos pessoais que a guerra não serve para nada e não há vencedores.
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