Gen - Pés Descalços #1

Gen - Pés Descalços #1 Keiji Nakazawa




Resenhas - Gen Pés Descalços #1


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Gabriel 14/06/2014

Como ser humano diante de grandes adversidades.
Venho aqui hoje para recomendar o incrível mangá Gen - Pés Descalços, de Keiji Nakazawa. A obra é dividida em dez volumes, sendo que a Editora Conrad até o momento lançou até o sétimo em nosso país.

E porque eu recomendo este mangá? Porque é uma obra que tem a capacidade de transmitir sentimentos e valores que diariamente vêm sendo cada vez mais ignorados. É uma obra que ensina a nos colocarmos no lugar dos outros, e assim, a nos emocionarmos e sentirmos compaixão verdadeira pelo sofrimento humano, além de sentirmos a alegria dos personagens quando eles conseguem algo de bom na vida diante do mais puro caos.

E que caos seria esse? O caos de enfrentar a bomba de Hiroshima. O caos dos sobreviventes de encarar os efeitos da bomba, de enfrentar os preconceitos surgidos e difundidos pelas pessoas de cidades vizinhas, que não queriam se contaminar com o "veneno da bomba". O caos da miséria decorrida desse processo todo. O caos do complexo moral da sociedade.

Guerra após guerra, suprimentos alimentares e outros tipos de recursos são tirados da população civil menos abastada para ser doada aos "bravos guerreiros", que, como robôs, não têm autonomia de pensamentos, são meros fantoches do governo sem se darem conta; pacifistas ativos são vistos como estorvos da sociedade; preconceitos são difundidos hipnoticamente, até se tornarem jargões populares e lugares comuns. Aqui no Brasil seria por acaso diferente? Em relação a essa Copa do Mundo, por exemplo, se pensou alguma vez em se deslocar e demolir algum imóvel das classes mais abastadas para a melhoria da infra-estrutura? (Esse é o tema do primeiro volume).

O segundo volume retrata Gen e o que restou da sua família pela sobrevivência depois da bomba. Como ter bom senso diante do desastre? Imagine o exemplo de se estar morto de sede, ter água na sua frente e não poder bebê-la por conta de uma contaminação invisível.

O terceiro volume retrata o senhor Seiji, que foi atingido pela bomba e foi pedir ajuda aos seus familiares, que assim o manteve em quarentena, isolado e carcomido pelos vermes. Gen é uma luz para este homem. Para mim este é o mais bonito de todos os volumes.

Os demais volumes também são magníficos.




Como ir contra uma sociedade envenenada, manipulada. Lembro das palavras de Liev Tolstói em Guerra e Paz:

Os pensamentos que têm enormes consequências são sempre singulares. Minha ideia é que, se as pessoas corrompidas estão relacionadas entre si e constituem uma força, as honradas devem fazer o mesmo, pois é fácil.

Será que é tão fácil assim? Diante do sistema atual, em que as pessoas boas são obrigadas a serem corruptas no dia a dia por questão de sobrevivência, é cada vez mais difícil a união pela promoção da justiça e e pela honra (por exemplo, simplesmente não podemos correr o risco de sermos demitidos de nossos empregos por conta de atrasos, então, se necessário for, não estamos errados em furar a fila dos ônibus, em esmurrar os outros trabalhadores e estudantes que também têm seus horários a cumprir, não receamos atropelar criancinhas e idosos, e no fim das contas, quando estamos todos imprensados como sardinhas numa lata imunda, cada um de nós lava as próprias mãos. As pessoas que ficaram para trás, esperando pacientemente nas filas, deixaram de ser pessoas honradas; na verdade, não passam de manés: rimos e debochamos deles, soltamos língua, fazemos careta, lhes chamamos de otários. Eis algumas palavras fundamentais de Juli Zeh, autora de A Menina Sem Qualidades:

Se nos limitarmos a lamentar e chorar o vazio surgido, a vida passará por cima dessas lacunas com suas longas pernas e construirá para si pontes de ilegalidade cujo material de construção chama-se pragmatismo. O problema não consiste no fato de homens gostarem de fazer coisas cruéis, mas sim da crueldade ser algo tão simples. E o que funciona bem e com sucesso hoje em dia é considerado bom. Portanto o pragmatismo subdivide homens e suas ideias segundo a sua capacidade funcional; ele faz com que todos se lancem uns sobre os outros, e coroa o vencedor como bom. Nisso, ele atende ao mais antigo e mais primitivo dos instintos: os instintos da selva. A natureza é pragmática; todos os animais são pragmáticos. O homem é só um animal onde suas ideias acabam. O pragmatismo substituiu tudo que no passado as grandes ideias poderiam nos oferecer.




Eis a lamentável realidade.) É disso de que se trata o complexo moral social. E é disso que se trata Gen - Descalços. Como manter a dignidade em meio ao desespero? Como ter sentimentos humanos como compaixão e piedade em um momento em que os instintos estão ávidos pela saciedade, e em que é difícil não se entrar em disputas por recursos extremamente escassos?

O complexo moral social é algo que merece ser estudado fortemente nas escolas, e eu indico plenamente Gen - Pés Descalços para essa finalidade, por ser fácil e rápido de ser lido, por ser impactante, triste e ao mesmo tempo engraçado. Se você é educador ou pai, conheça essa obra e a repasse a seus alunos e filhos adolescentes, a sociedade agradece. Pode ter certeza que este mangá vai engrandecer o caráter de quem o ler.

OBS: Em 2001, a Conrad lançou uma versão resumida em 4 volumes, que é boa também, mas menos abrangente do que esta versão atual.

Outras postagens de filmes, livros e afins:

http://oquadropintadodecinzas.blogspot.com.br/
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Fruggerr 15/06/2014

Gen Pés Descalços
O mangá teve sua primeira publicação nos anos de 1973 a 1985. Nos anos 2000 e 2001, chegou ao Brasil por intermédio de uma editora nacional.

Ao folhear e olhar superficialmente o livro, fiz uma boca em conjunto com careta, tive a sensação de que poderia não gostar de lê-lo. Nesse momento deixei novamente no seu lugar na estante e saí em busca de outra obra mais interessante para ler.

Na medida que os quadrinhos foram ficando mais escassos na biblioteca do meu irmão, peguei novamente o mangá Gen Pés Descalços e fui tentar ler. Inicialmente, aquela atenção que você dar ao ler o livro não apareceu e a vontade de passar os olhos e me concentrar na leitura foi se esvaindo. Deixei novamente na estante e peguei outra obra para substituir a leitura.

Agora na terceira tentativa para ler o livro, tive a coragem de compartilhar alguns momentos da minha vida com ele. Confesso que não é uma história que me interessa em um livro, pois há sofrimentos verídicos vividos por pessoas. Como tenho o hábito de não deixar escapar nenhuma letra na leitura, tive que me esforçar para ler nomes japoneses, trechos musicais e anotações de rodapés. Tornando a leitura cansativa a princípio.

Já acostumado com a leitura e concentração estabelecida, fui progredindo na história. O sofrimento de ser tachado por antipatriotismo, apenas por estar contra a guerra, privação do direito de se alimentar para entregar aos soldados (que são vangloriados e heróis para os nativos), de ter a fonte básica de comida para suprir a necessidade do corpo humano de se sustentar e agressão de todo o tipo são presenças constantes não apenas da família Nakaoka, e sim de outros habitantes de Hiroshima. Não basta tanto sofrimento dos japoneses que estão passando, soa o alarme de aproximação dos inimigos e alguns aviões começam a bombardear
para completar a dor que os habitantes estão sentindo.

Presenciamos os japoneses em total apoio à guerra e vibrando com os inimigos mortos. A minoria que é contra o combate está sofrendo, como nunca sofreu ou vai sofrer na vida. Para mim não tem algo pior o que eles passaram. Cenas emocionantes são retratadas no mangá. Uma pena mesmo!

Apesar de todas as dificuldades encontradas, os Nakaokas não esquecem do companheirismo e altruísmo. Quando a família consegue alimento, nem que seja em pouca quantidade, são momentos que levam a êxtase de alegria. Contagiando o leitor com sentimentos, momentos marcantes e emocionantes, o Gen Pés Descalços conta como aconteceu a história que antecede o fatídico dia do ataque da bomba atômica. Um ato impensado do ser humano que até hoje assombra o mundo. Paz sempre tem que prevalecer.

Não me arrependo de ter começado a ler o livro. Agora estou ansioso para descobrir o destino de Gen e sua mãe. Como conseguirão se reerguer após perdas de entes muitos queridos e as lembranças que foram marcadas em suas mentes para a eternidade.
Inglidy 18/12/2016minha estante
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Matheus 29/05/2016

Apesar de um traço que em certos momentos pode até expressar um viés mais infantilizado da história, nos fazendo duvidar de sua força para nos inserir em uma realidade de guerra, esse gibi consegue nos fazer chegar ao ódio contra a guerra, e principalmente ódio àqueles que a financiam e lucram, enquanto o povo é enganado e levado a contribuir com um suposto esforço de guerra em busca de uma vitória que não o beneficiará em nada. Talvez esse traço mais simples, alegre até em momentos mais tensos, seja intencional da parte do autor, para contrabalançar o grau de tragédias e problemas que vão sendo enfrentados por Gen e sua família. Graças a sensatez de seu pai quanto a situação do país, e sua coragem de expor sua verdadeira opinião sobre a guerra, desde o inicio da história vemos como sua família passa a ser desprezada, como se o simples fato de enxergar a realidade fosse decisivo para a derrota do Japão. Lidando muito bem com a paranóia e estado de pânico em que viviam os japoneses na época, esse gibi tem grande êxito também em explorar a mentalidade japonesa da época, onde o imperador era visto como um verdadeiro deus que provia a tudo, e a nação japonesa era vista pelos próprios como perfeita. Ao mesmo tempo, vemos como uma minoria privilegiada não tinha pudores em se aproveitar desta mentalidade, lucrando com o sofrimento do povo. Desde o inicio o pai de Gen parece ser um dos poucos que vêem isso, mas aos poucos o desespero e o sentimento de revolta vão abrindo os olhos de alguns poucos japoneses para sua real situação. Mas, até que isso aconteça, uma série de problemas são enfrentados pela família de Gen graças às opiniões de seu pai. O autor consegue trabalhar muito bem a expectativa do leitor quanto ao acontecimento principal da história. Todos sabemos que a bomba caiu em Hiroshima. E esperamos por esse momento na história. Mas conforme vamos sendo testemunhas do sofrimento daquela família, que ao mesmo tempo não se deixa abater em momento algum, começamos a torcer para que de alguma forma a história seja mudada, e que o motivo maior de sofrimento para aquele povo não aconteça. Mas, inevitavelmente, em uma manhã ensolarada, em uma sequência de cenas construídas pelo autor de forma a nos fazer ter esperanças de um futuro melhor para os personagens, vemos pelos olhos de Gen um cilindro de metal sendo jogado de um avião no meio da cidade. O resultado deste horror é conhecido por todos, e os acontecimentos são desenhados pelo autor de uma forma que ficam impressos na mente do leitor, como um lembrete do sofrimento inútil que um povo inteiro foi levado a passar, tanto por seus governantes e exército, quanto por seus inimigos. Mesmo contando com alguns erros históricos (a insistência do autor em desenhar Einstein como membro da equipe de projeto da bomba demonstra ou uma certa ignorância histórica quanto ao projeto em si, ou uma vontade de incriminar qualquer um que tenha tido qualquer influencia sobre seu desenvolvimento), ainda assim Gen não pode ser considerado somente um gibi para entretenimento, sendo muito melhor apreciado como um emocionante documento histórico da história recente japonesa.
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Bella 19/07/2022

Devastador. Chorei, o que não fazia a muito tempo. A história é revoltante do início ao fim, acompanhar um país como o Japão na segunda guerra não é uma tarefa fácil. Senti mto ódio.
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Deborah 06/01/2023

A Historia do ponto de vista das vítimas
Estamos acostumados a estudar a 2 guerra mundial e a ver fotos e vídeos da bomba de Hiroshima sem refletir sobre os agentes da história que não são presidentes, Reis e generais; a história das pessoas comuns importa e é necessária para entendermos que toda guerra gera fome, pobreza e morte, qualquer guerra é sem sentindo.
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Joao Felipe 12/01/2017

Um Historia Marcante
Muito emocionante e de uma delicadeza dura.
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Kenny 29/08/2020

Início perfeito
Uma leitura que te deixa completamente preso, personagens carismáticos e uma narrativa particularmente trágica abrem este livro. De fato, não é uma história leve, mas os que ousarem se aventurar não vão se decepcionar.
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santos 27/07/2022

Forte.
Confesso que não estava muito empolgada para ler esse mangá, folheei algumas páginas e imaginei que seria algo genérico sobre a 2 guerra. Mas depois que comecei a ler e conhecer mais da família nakaoka eu fui me apaixonando mais e terminei a hq numa manhã. Me apegar aos personagens que foi meu erro.. mas não vou continuar para não ser algum spoiler para alguém.
Amo como o autor construiu a história mesmo ela sendo muito triste. O Gen com seu irmãozinho mais novo são uma graça e dão um ar tão leve mesmo num cenário tão triste e revoltante que eles vivem.
Gostei muito dos traços. E o melhor (ou pior) é que essa é uma história real, do próprio autor!!
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