Fernanda631 31/07/2023
Anna e o Beijo Francês
Anna e o Beijo Francês #1 foi escrito por Stephanie Perkins.
Anna Oliphant está satisfeita com a vida que leva em Atlanta, Geórgia, onde mora com a mãe e o irmão de 7 anos: tem um emprego em um cinema, uma melhor amiga, Bridgette, e um namoro a começar com Toph, colega de trabalho e garoto por quem ela se sente atraída há um bom tempo. Seu pai, um famoso escritor de Best-sellers, cujas adaptações para o cinema têm rendido uma boa quantia de dinheiro, influenciado pelo atual status social, decide enviá-la para cursar o último ano letivo em Paris, em um internato para americanos – a School of America in Paris, a SOAP – e isso não a agrada nem um pouco.
Anna Oliphant está sendo forçada a se mudar para a França. Forçada, sim, porque seu pai, um famoso autor de romances dramáticos (Nicholas Sparks feelings, mais precisamente) acha que ela precisa aproveitar seu último ano do Ensino Médio numa escola aclamada - depois de conseguir a vaga lá, e sendo obrigada a deixar tudo que conhece para trás em Atlanta (e por tudo que conhece lê-se sua melhor amiga, Bridge, e o seu possível futuro namorado, Toph). Na França, no entanto, nada é tão sombrio e solitário como Anna imaginava - ela se aproximava de Meredith e de seus amigos. Principalmente de Étienne St. Clair
A narrativa da Stephanie é toda querida. Ela tem um jeito muito fofo de contar a história pelo ponto de vista da Anna. Um jeito tão diferente e cuidadoso que te faz ver os arredores como se estivesse mesmo passeando pelas ruas de Paris. Como se pudesse ver St. Clair com seus olhos, como se tivesse sido forçada a se mudar para a França na companhia da senhorita Oliphant.
Eu adorei a brincadeira com o nome da Anna, aliás. Banana Elefante. O fato de ela colecionar elefantes e bananas por causa da amiga dela e presentear Bridge com várias pontes por causa do nome dela, achei tão bizarramente criativo! A Perkins tem muito disso. Piadinhas e tiradas e comentários bobos, mas muito perspicazes, que criam um humor excelente na história.
Étienne e Anna desenvolvem, ao longo daquele ano estudantil, uma ligação fortíssima. O romance não está destacado em letras garrafais, mas você consegue sentir ele crescendo conforme os dois se aproximam. Consegue entender as dúvidas da Anna, as hesitações e questionamentos dela, e o receio de se aproximar demais. Afinal de contas, Étienne está ou não apaixonado de volta? Será que é tudo coisa da mente dela?
A história foca em muitas questões diferentes, além do romance: amizade, família, mudanças, medos. Tudo é muito bem construído e bem longe de clichês, abominados pela autora. Algo que todos puderam perceber é a semelhança entre o pai de Anna e o escritor Nicholas Sparks, que recebe críticas e mais críticas de Stephanie. O mais próximo de clichê que há no livro é a “vilã”, Amanda, a típica garota linda e malvada das escolas americanas.
Acho que o tema principal do livro, para mim, é o medo, até mais do que as mudanças. O medo é a reação natural a qualquer mudança e, muitas vezes, é o que retarda os acontecimentos ou a aceitação de algo. Dessa maneira, muda, também, a visão que temos dos fatos. São diversas as situações que Anna interpreta de maneira errada por puro medo; ela prefere se isolar a encarar e resolver, pelo menos em um primeiro instante. Situações que são teoricamente simples de serem resolvidas, mas complicadas por nós mesmos, são recorrentes aqui. E, a parte mais linda, é ver Anna descobrir onde é seu verdadeiro lar. “Lar é o lugar onde você foi mais feliz”.
A lição que o livro deixa é: se não expressarmos o que sentimos talvez nunca saberemos de fato o que está acontecendo entre todos os envolvidos na história, e em todo o contexto em si. Fazendo-nos perceber que um erro cometido pelo outro pode ser compreendido e perdoado quando é cometido por nós mesmos.