Thamiris.Treigher 26/11/2023
A vida é um absurdo?
Esse foi um livro que, ao terminar a leitura, fiquei sem entender se tinha gostado ou não, porque achei muito doido. Precisava de um tempo para processar. Mas entendi que a questão principal não é gostar ou não do livro, e que essa leitura vai muito além disso.
Ela vai além do que a gente espera, do que as expectativas humanas nutrem, do que a razão parece mostrar como o "certo" e o "esperado".
Em "O Estrangeiro", de Albert Camus, somos apresentados a Mersault, um homem que é diferente de qualquer expectativa e totalmente fora da caixinha. Ele é indiferente a tudo que acontece em sua vida, na vida das pessoas e no mundo, dos pequenos detalhes às grandes coisas. Para ele, tudo é "tanto faz" e nada parece ter um sentido maior. Ele não sofre com a morte da mãe, para ele tanto faz casar ou não com a mulher que se envolve e não sabe se prefere uma coisa ou outra, pois ele está apenas sendo "levado" pelo absurdo que é a vida (essência do pensamento camusiano).
Ele não tem objetivo de vida, fé em alguma crença, planos, remorsos, gostos, sonhos, paixões, ideologias, consolo, relações profundas... Nada parece fazer sentido ou ter uma explicação.
Até que um dia, ele comete um crime, simplesmente também por cometer, sem nenhuma grande motivação ou sentido por trás, exatamente nesse mesmo movimento em que ele leva a vida.
Durante o processo de prisão e julgamento, diversas reflexões que giram em torno do absurdismo são apresentadas. Será que, por ser assim, Mersault é um homem livre, já que não precisa de sentido nem explicação pra nada? Absurdo e liberdade são faces da mesma moeda? É possível ter paz vivendo assim?
Uma leitura curta, mas que revira, mexe com nossas expectativas e que tem alto teor filosófico (amo), provocando ainda mais questionamentos sobre esse grande mistério que é a vida.
Camus é genial, isso é inquestionável!