Paulo.Vitor 02/01/2022
Um livro quase que obrigatório durante a pandemia.
A toda página que eu terminava, vinha um breve questionamento acerca das semelhanças de uma historia fictícia escrita ao final dos anos 40 com a realidade atual e principalmente do Brasil.
Fico imaginando se alguém que leu este livro nos anos que precederam a pandemia se perguntavam se as atitudes dos governantes de Orã só eram estas pois se tratava de um romance filosófico fictício, e a pandemia veio, justamente na época que temos o pior governante a frente do nosso país, e as semelhanças de atitudes, priorizando a economia ao invés da população aconteceu, e não foi apenas uma vez.
Apesar das inúmeras semelhanças, o ponto principal do livro não era apenas e em sua maioria a crítica aos governos, mas a existência efêmera dos seres humanos e as sensações de uma cidade inteira (e praticamente viva) de acordo com uma pandemia que assolava apenas aquela cidade. Há também grande reflexão quanto a fé dos indivíduos, representado pelo padre Paneloux
"Quem podia afirmar que a eternidade de uma alegria podia compensar um instante de dor humana?"
"Deus concedia hoje, às suas criaturas a graça de coloca-los numa desgraça tal que lhes era necessário reencontrar e assumir a maior virtude, que é a do Tudo ou Nada"
A filosofia da morte é bem abordada aqui, junto com a luta pela vida dos enfermos.
Este foi meu quarto livro lido do Albert Camus e coloco ele como um dos mais fáceis de se ler, junto com O Estrangeiro. Li 1/3 a princípio e dei uma pausa, mesmo gostando muito. Após alguns meses retornei a leitura e comecei do 0, terminei em 4 dias, degustei cada página e refleti muito sobre cada uma também.
Há enormes semelhanças com o jogo Pathologic 2 e com certeza, os desenvolvedores do jogo tiveram este livro como maior inspiração.