Memorial do Convento

Memorial do Convento José Saramago




Resenhas - Memorial do Convento


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anarutyp 30/03/2022

Saramago e sua eloquência
Ler Memorial do Convento foi uma aventura e tanto. Há algum tempo atrás li Cem Anos de Solidão do Gabo e, sinceramente, me trouxe várias lembranças, não só quanto ao enredo, mas também pelos personagens. Em muitos trechos do livro de Saramago, percebe-se a solidão dos personagens e as críticas sociais, sendo essa última, marca constante nas obras desse autor.

Entrando na história, porém, sem spoilers, falo um pouco do casal Baltasar Sete-sóis: "porque vês às claras'' e Blimunda Sete-Luas: "porque vês às escuras". Quando vi o nome desses dois, imediatamente comecei a leitura.

Leitores dessa resenha, digo a vocês: - Esse livro é simplesmente impressionante!

Em uma época onde a inquisição barroca reinava ( séc. XVIII) e a soberania do rei predominava, Saramago critica severamente o uso indevido de riquezas vindas, inclusive, do nosso Brasil, bem como as atrocidades cometidas pela exploração do trabalho e da vida, que segundo D. João V, o quinto na linha de sucessão, "essas são baratas".

Em meio a todas essas barbaridades, temos Baltasar e Blimunda representando o Amor e a Cumplicidade. Esses dois vivem várias reviravoltas em seus destinos, no entanto, permanecem fiéis um ao outro. Ambos retratam o homem e a mulher contemporâneos, pelo menos, vi dessa forma. Tanto Blimunda quanto Batalsar enfrentam seus medos e estão dispostos a lutarem por seus objetivos, um pouco clichê isso, mas, realmente é o que acontece.
Tem vários outros personagens importantes, não cabe aqui citar todos. Leiam a obra e tirem suas próprias conclusões.
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@ALeituradeHoje 21/04/2022

Perfeito
Saramago nunca erra. Terminei o livro aos prantos e sempre que leio ele penso que o homem que coloca em palavras tudo que ele coloca (sentimento, pensamento, sonho...) não devia ser desse mundo.
Eu fiquei em choque.
Sofri horrores. Mas sofri amando intensamente.
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Marcella 09/05/2022

leitura difícil
Leitura difícil, foi preciso insistir muito para finalizar mas é uma leitura importante. É uma história repleta de críticas sociais, retrata um amor que nem a morte separou, um amor incondicional que perdurou. Não é um livro ruim, pelo contrário, porém não pude dar mais estrelas pelo fato da leitura ter sido um pouco exaustiva.
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Inês 11/05/2022

Não é para esquecer o memorial
Se é difícil entrar na escrita de Saramago ao primeiro contacto, é depois ainda mais difícil largar o conteúdo do contador de histórias.
O livro é perfeito, desde a caracterização da sociedade no tempo do absolutismo joanino ao romance de Baltasar e Blimunda, Sete-Sóis e Sete-Luas.
O mais importante do livro é sem dúvida percebermos a crueldade da história da religião cristã católica em Portugal e as atrocidades do Santo Ofício, assim como a exploração do homem pelo homem na construção do Convento de Mafra. Ficamos a perceber o palco de sangue, suor e lágrimas que foram o Rossio e Mafra.
Não se pode deixar repetir a perseguição pela religião e o fanatismo religioso exacerbado, nem as famílias que destruiu a construção do Palácio-Convento de Mafra.
O segundo foco do livro é, então, o romance. Baltasar e Blimunda contrastam com D. João V e D. Maria Ana, mostram-nos como o amor deve ser vivido com paixão e não deve ser apenas um contrato para a procriação. O casal do povo mostra-nos como o amor vai muito mais além do que ter filhos e como o amor é a entrega total um ao outro.
Relativamente ao Padre Bartolomeu de Gusmão faz-nos, novamente, refletir acerca do poder da Inquisição e de como a religião católica tinha de ser seguida sem questionamentos. Alerta-nos para a necessidade de questionar tudo o que nos rodeia e não aceitar/acatar tudo o que nós é ensinado ou dito. Rejeitem os dogmas.
Por fim, falando agora de Saramago, é um homem genial, desde a história, desde a crítica social à história e à criatividade da mesma.
Absolutamente, um dos meus livros favoritos de sempre.
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Rodrigo 29/05/2022

Um dos melhores de Saramago
Saramago consegue contar histórias que parecem banais, mas a forma como conta e como ele vai muito além das aparências banais, mostra como é um grande escritor.

Ele é profundo, poético, e muitas vezes, irônico, sagaz.

O desfecho foi belíssimo (no sentido mais Saramago possível).
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Clio0 01/06/2022

Memorial do Convento é uma alegoria para a História de Portugal.

Saramago entremeia duas construções - a do Convento que nomeia o livro e a uma "máquina voadora" - em que ambas, a instituição e a quimera são formações comuns na literatura portuguesa, onde encontramos isso em clássicos como A Ilustre Casa de Ramires e o tão nosso conhecido Os Lusíadas. Pois, é disso que a história trata, a construção do Estado e senso de aventura lusitano.

Saramago utiliza personagens básicos para a narração, mas esses não devem ser confundidos com simples. Sete-Luas e Sete-Sóis representam o estereótipo de seu povo que não fica tão distante assim ao do povo brasileiro: o interesse pelo novo, o misticismo exagerado, o respeito distraído, a desobediência justificada, são todas peculiaridades que permeiam a caracterização de obras latinas.

A forma que a história é descrita também lembra um pouco do realismo fantástico que foi tão bem escrito por Garcia Marques, ainda capitaneado por Vargas Llosa - e que tem seus próprios representantes brazucas, como Adriano Suassuna.

O estilo do autor pode ser um pouco intimidante para leitores novatos a primeira vista. Não há parágrafos, capítulos ou travessões. Ao invés de tornar a experiência cansativa, ela promove o inverso, sua leitura se torna fluída, dinâmica.

Recomendo.
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Danilo 18/06/2022

Saramago
Saramago em boa forma, criando o estilo formal pelo qual ficou conhecido. Os acontecimentos se dão de forma episódica.
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Paulo.Jose 16/07/2022

Todo o ácido de Saramago!
Certamente, a leitura mais árdua entre as obras de Saramago que já li. Ao fim, percebemos o porquê desse livro ter sido censurado e veementemente repudiado pela Igreja. Um dos meus autores preferidos não faz apenas uma crítica mordaz, ele joga a Igreja numa piscina de óleo fervente, denunciando toda a sua hipocrisia, rindo e nos fazendo rir de seus descalabros e sujidades. No meu sentir, a obra passa longe de uma história de amor entre Blimunda e Baltasar, ou de apenas relatar epicamente a construção de um convento: o livro é uma grande provocação! E, para mim, é o que torna ele maior.
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Marquinhos 27/07/2022

Memorável
Em Memorial do Convento Saramago entrelaça fatos históricos e o melhor da trama ficcional em uma fina crítica social. Ressalta a importância das pessoas comuns esquecidas pela história, seus grandes feitos e seus grandes reis. Permanecem os sonhos, os desejos, as "pequenas vidas" que controem a história.
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fepopi 04/08/2022

Um dos melhores
Esse livro realmente é algo. Gostei muito da história e dos personagens. A escrita de Saramago é mágica! Gostaria de ler mais coisas nesse estilo. Já recomendei para umas 5 pessoas! Se Saramago for assim, serei sua seguidora.
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Lucas 19/08/2022

Ficção histórica/poética: as verdadeiras boas histórias estão ocultas nos grandes eventos da civilização
Não sou estudante de letras ou estudos literários, apenas alguém que gosta de ler... Mas sempre tive na minha vida de leitor uma enorme vergonha: nunca ter lido nada do português José de Sousa Saramago (1922-2010). Isso ficou no passado bem recentemente, restando apenas uma revolta por não ter ficado muito, muito antes.

Diferente do que muito se lê e se acredita por aí, Saramago nunca me causou nenhum tipo de medo com o seu, de fato, peculiar e único estilo de escrita. Pelo contrário, sempre vi esse senhor com enorme respeito desde 1998 quando, em um dos mais antigos eventos que guardo em minha memória, o autor venceu o Nobel de Literatura e se tornou o primeiro (e único até hoje) escritor da língua portuguesa a alcançar tal feito. Obviamente, isso trouxe um grande impacto midiático e, naquela época, já despertou curiosidade e fascínio em mim. Mas, devido a uma série de eventos, contratempos e a uma fila interminável de experiências literárias vividas e a viver, chegou o momento de, enfim, dizer: eu conheço Saramago e quero ler tudo o que leva a assinatura deste homem.

A impressão positiva nasce da convivência que tive com Memorial do Convento (1982), terceiro romance publicado por Saramago e aquele que, incontestavelmente, fincou o nome do português no cenário literário universal. Sim, convivência, porque em se tratando de Saramago já posso dizer que você não lê um livro dele: você adota alguns personagens, cenários e contextos que ficarão consigo, pelo menos enquanto a narrativa não terminar. Nesta obra específica, Saramago empregou uma técnica que marcou suas obras até o ano de 1995: a utilização de contextos e personagens reais (que na sua escrita tornam-se normalmente coadjuvantes), pintando assim um quadro de determinada época. Tal "estratégia", entretanto, não é nada inovadora na literatura (poder-se-ia exemplificar facilmente umas vinte obras importantes do cânone universal que também fazem isso), mas saiba o leitor que ninguém faz isso com tanta poesia e graça como José Saramago.

O contexto real de Memorial do Convento é a construção do suntuoso Palácio Nacional de Mafra, alcunha atual do que foi em seus primeiros anos um convento e que atualmente é um enorme museu, sediado nas proximidades de Lisboa. Sua construção iniciou-se em meados de 1717, atendendo a uma promessa do então rei português D. João V (1689-1750) para que tivesse descendentes com a rainha Maria Ana de Áustria (1683-1754). Dono de um caráter materialista, D. João V ordena fazer do convento um palácio epopeico, comparável apenas, segundo ele, à Basílica de São Pedro, símbolo do Vaticano. A construção é tão relevante que as finanças do reino tornam-se comprometidas, mesmo com o auge da exploração de ouro do Brasil (diga-se, de Minas Gerais); grande parte dos adornos do palácio, que lá existem até hoje, deixaram um rastro de sangue escravo, crimes e atravessadores.

Saramago então aproveita-se desse momento importante de Portugal, a qual pode ter sido o auge do seu poderio econômico e náutico, para construir a fictícia, linda e mística história de Baltasar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas, os protagonistas de Memorial do Convento. Baltasar era um soldado, que teve a mão esquerda decepada num dos muitos conflitos bélicos ocorridos naqueles tempos entre Portugal e Espanha. Natural de Mafra, vilarejo (hoje distrito) próximo de Lisboa, ao se ver num auto de fé (espécie de apresentação pública dos condenados pela Inquisição, forte na Igreja Católica daquela época) na capital portuguesa, acaba conhecendo Blimunda. A relação entre eles, como as alcunhas de ambos dão a entender, é cercada de uma aura de misticismo e encanto desde quando seus olhares se cruzaram pela primeira vez. Blimunda possuía um dom peculiar: ela tinha a capacidade de enxergar o interior das pessoas, desde que estivesse em jejum e não fosse à lua minguante.

Tal habilidade acaba se revelando de grande valia para outro núcleo do livro: a trama que gira em torno da lendária Passarola, uma engenhoca de tamanho descomunal similar a um pássaro/barco que foi projetada para voar. O autor de tal engenhosidade? Um padre, nascido em Santos/SP e que viveu boa parte da vida em Portugal: Bartolomeu de Gusmão (1685-1724). Nele, Saramago encontrou uma infinidade de referências fáticas e as explorou com uma sabedoria literária incomparável. Dos vários personagens reais da obra, o padre Bartolomeu é o que mais se desenvolve, especialmente em torno dos dois protagonistas: as cenas em que os três estão reunidos, normalmente em questões relacionadas à Passarola, formam a maior parte das dezenas de momentos inesquecíveis que Memorial do Convento lega à eternidade.

Como todo livro histórico e ficcional, Saramago não faz cerimônia alguma em deixar seus protagonistas num segundo plano para narrar com muita acidez o contexto histórico, como a história da construção do convento/palácio. Nesse sentido, é importante destacar que estamos diante de um dos escritores mais irônicos que já existiram. Ateu assumido, Saramago lança luz a inúmeros aspectos da fé católica que se sustentam em hipocrisias e falsidades, algo que a própria Igreja deveria condenar: as incongruências entre ritos e valores cristãos, a adoração desenfreada a imagens e o próprio convento do título, a qual foi construído com o suor, sangue e vísceras (literais) de muitos indivíduos comuns. Ou seja, só porque um rei conseguiu engravidar sua rainha (como se só dele fosse essa "vitória"), centenas de indivíduos sacrificaram-se para a construção de um palácio absolutamente luxuoso... Terá isso realmente algum cabimento, se tomado sob um sentido plenamente prático, que era o único existente para José Saramago? Da mesma forma, ele nos ensina que, nos grandes eventos e construções da civilização ao longo das eras, as histórias mais incríveis estão nos tipos mais humildes e não necessariamente nos protagonistas. Estas são apenas duas das várias reflexões que a leitura de Memorial do Convento e, creio eu, de todas as outras obras do autor são capazes de criar no leitor.

O núcleo da realeza (D. João V e seus familiares), a Passarola e seus desdobramentos (há desenhos que comprovam que o padre Bartolomeu projetou-a) e a odisseia da construção do convento de Mafra: é neste tripé que se sustenta a narrativa. Blimunda e Baltasar acabam transitando entre estes mundos, especialmente nos dois últimos. E quando Saramago não está contando sobre eles, está, com a mesma perspicácia poética, montando uma narrativa ora calma, ora frenética, mas sempre linda. Suas duas principais características estéticas (as frases de grande tamanho e os diálogos transpostos livremente, sem travessões) reforçam (e não atrapalham) a experiência de leitura. E para nós, brasileiros, torna-se ainda mais especial acompanhar o gênio de Saramago: ele sempre exigiu que seus livros, obviamente escritos no português nativo de Portugal, não fossem em nada adaptados para o português de outras vertentes, como o do Brasil. Ou seja, temos nas mãos um texto universal, puro e sólido de alguém que representou como nenhum (a) outro (a) a nossa língua nos últimos séculos.

Na vida real, a Passarola não voou, o convento de Mafra está firme e forte com três séculos de existência e onde estão Baltasar e Blimunda? Talvez estejam no sol e na lua, enriquecendo ainda mais a mística destes astros. A verdade é que eles eram especiais demais para esse mundo real e por isso são eternos nas páginas de Memorial do Convento: o primeiro grande livro de José Saramago é contagiante, com um final poeticamente destruidor e imprevisto e de uma beleza incomparável, que ecoará até o fim dos dias como um monumento genial da nossa amada língua portuguesa.
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Adriana 21/08/2022

A escrita é um pouco complicada de entender, embora as personagens estejam muito bem construídas e o enredo seja bom
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Karinny 28/08/2022

Livro delicioso de se ler, denso, mas escrito de forma magistral. Uma verdadeira obra prima. Tem um final que é de arrepiar de tão lindo.
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withlovebea 13/09/2022

uma leitura obrigatória para as aulas (e a única) que me surpreendeu pela positiva. José Saramago fez-me recordar o meu amor pela leitura e a razão pela qual dedico tanto do meu tempo a ler.
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