.marie 09/05/2024
(explosão)
Sobre uma inocência pungente, a miudeza e a grandeza de cada ser, ?a hora da estrela? é uma leitura inebriante. Dolorosa. Estranha. Linda. É tantas coisas em apenas oitenta e oito páginas; traz nelas tantos sentimentos que, por um momento, me encontrei pensando: será que posso parar de sentir?
O início, com uma leve enrolação para o de fato desenrolar da história, pode trazer a breve dúvida: será tudo isso? Mas o desenrolar da história prova que sim. Esse livro é tudo isso e um pouco mais.
Porque em ?a hora da estrela?, de forma dolorosa, Clarice Lispector apresenta uma protagonista de uma inocência, uma fragilidade, uma ignorância sobre sua existência. (explosão) Macabéa é uma mulher tão infeliz, tem uma vida tão miserável e sequer sabe disso. Ela acredita que é feliz porque não entende o que é ser. Ela não se enxerga enquanto alguém, mas todos os dias segue esse fluxo que é a vida. Macabéa é como tantas outras por aí e, ainda assim, é tão especial.
Em alguma parte do livro, ela diz: desculpe mas não acho que sou muita gente. Mas ela é, sim. E eu me
senti tão sensibilizada por essa mulher, que ainda é tão menina, e não enxerga o quão querida é. Sua inocência é pisada e esta me entristeceu.
Ela não sabe que há seu direito ao grito e ela deve gritar. Mas que fique o lembrete à nós: ?há o direito ao grito. então eu grito.?
Clarice Lispector, tu era tão estranha, tão esquisita. Mas essa estranheza me cativou.