As vinhas da ira

As vinhas da ira John Steinbeck




Resenhas - As Vinhas da Ira


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Vania.Cristina 29/01/2024

Ode à resiliência, à determinação e à solidariedade
Que livro impressionante! No começo achei muito descritivo e estranhei a narrativa diferentona, mas ele foi me ganhando cada vez mais, e não vai sair nunca da minha cabeça.

Trata-se da história da família Joad, pequenos agricultores que viviam em Oklahoma nos anos 30, tempos históricos da grande depressão norte-americana. Primeiro somos apresentados ao jovem Tom Joad que acaba de sair da prisão e está em liberdade condicional, retornando para a casa dos pais. Ao chegar, não encontra o cenário que esperava. Sua fazenda está abandonada. Um fenômeno climático trouxe seca e poeira para a região, dificultando as lavouras. Os bancos, verdadeiros donos das terras, expulsaram centenas de famílias para substuí-las por tratores, mais baratos

A família Joad está prestes a subir num caminhão velho com todos os pertences e seguir rumo à Califórnia, terra que promete trabalho e fartura. Da mesma forma que milhares de outras pessoas que também perderam suas terras, (terra que seus antepassados tinham tomado dos índios). Tom, mesmo sem autorização para sair do Estado, junta-se a sua família. Eles precisam estar unidos agora, contando com os esforços de todos, se quiserem sobreviver a essa jornada: Tom, seu pai, sua mãe, seu avô e sua avó, seu irmão mais velho (Noah)seu irmão de 16 anos que entendia de carros e motores (Al), seu tio viúvo (John), seus irmãos de 12 e 10 anos, (Ruthie e Winfield), sua irmã grávida (Rosa) e o marido (Connie). Junto também vai o ex reverendo Jim Casey. O caminho do êxodo é pela Rota 66.

Toda a família num único e velho caminhão entulhado. A casa, a terra, o passado... tudo é deixado para trás, e o centro vital da família passa a ser aquele caminhão. Dele tudo depende.

O livro intercala a jornada da família Joad com capítulos que procuram uma visão mais abrangente e jornalística. São praticamente pequenos ensaios que procuram falar das pessoas mas também dos contextos sociais, políticos, históricos e econômicos que estavam vivendo.

A crise no sistema capitalista, pós queda da bolsa em 1929, provocou mudanças radicais que afetaram a vida de milhares de pessoas. Se antes tínhamos um núcleo familiar rural, pratiarcal, baseado no trabalho árduo de todos com a terra, onde cada um tinha seu papel, agora as mudanças foram bruscas e desestruturantes.

É preciso uma enorme capacidade de resiliência para sobreviver às novas e extremas adversidades que a família Joad vai encontrar. As mudanças levam as mulheres, em especial a mãe de Tom, a assumir o protagonismo da família.

Não é possível encontrar lógica e sentido na situação, mas é profundamente sentida a necessidade de luta e justiça. No entanto, acima de tudo está a urgência em garantir a sobrevivência da coletividade.Toda a obra faz um apelo gritante pela empatia e pela solidariedade.

Há um sentimento de grandiosidade, de épico, em toda a jornada, e paralelos com textos bíblicos: o êxodo dos judeus no deserto em busca da terra prometida, as vinhas da ira de Deus citada no Apocalipse... A natureza também se revela com tons épicos e extremos: o fenômeno das tempestades de areia, a seca, o calor, as enchentes...

O próprio ciclo da vida tem o simbólico capítulo da tartaruga dedicado só a ele, um ode à resiliência, ao esforço árduo, ao seguir em frente, em movimento, não importa para onde. Quando estamos em movimento, espalhamos sementes. E elas brotam. A gente pode não estar por perto para assistir, mas elas silenciosamente brotam.
Carla.Floores 29/01/2024minha estante
Um bichinho entrou no meu olho aqui, de repente.
Eu tava esperando por essa resenha e ela veio como o bebê na caixa.
Parabéns, Vânia! E obrigada!
Essa resiliência e movimento é que dá o equilíbrio à tudo que existe, como andar de bicicleta. Livro belíssimo, como tudo que o Steinbeck nos deixou.


Vania.Cristina 29/01/2024minha estante
Obrigada Carla! Equilíbrio... sim, essa é também uma palavra importante na obra. Esse livro tem tanto a dizer né. Parei de escrever sentindo que tinha muito mais a ser dito.


Vania.Cristina 29/01/2024minha estante
E o final heim! Que final!!!


Yasmin V. 30/01/2024minha estante
?? Amei a resenha!! Esse livro é espetacular! Um dos finais mais impactantes que já li!


Vania.Cristina 30/01/2024minha estante
Obrigada Yasmin! Sim. Espetacular e impactante.


Carla.Floores 30/01/2024minha estante
O final é típico do Steinbeck, ele tem outros assim tão impactantes quanto. Sempre aberto, deixando a gente boquiaberto e digerindo. É uma delícia. Ficou com vontade de ler mais algum dele? Depois de Vinhas da Ira eu li "Luta Incerta" porque fica aquela sensação ali de que eles iriam se rebelar.


Vania.Cristina 30/01/2024minha estante
Fiquei sim Carla. Vamos ver qual consigo pegar. Saiu agora nova edição de A leste do Eden né


Cleber 01/02/2024minha estante
Que resenha incrível! Tenho que ler o livro tbm ????????


Carla.Floores 01/02/2024minha estante
Saiu, Vânia. Achei a capa um pouco sem conexão com a história. Mas comprei a minha edição num sebo e é do finado Círculo do Livro, que fez a mesma capa pra vaaaarios livros, então...
É um calhamaço pra ler em uma semana. De tão imerso na história que a gente fica. Tô lendo ele pela segunda vez.


Vania.Cristina 01/02/2024minha estante
Obrigada Cleber! ?


CPF1964 03/02/2024minha estante
Linda Resenha, Vânia. O final foi .....


Vania.Cristina 03/02/2024minha estante
Obrigada Cassius! ?




Eduardo 28/09/2018

"Caminhamos porque somos obrigados a caminhar"
O que torna uma obra singular não é apenas a história que ela abrange, mas, acima de tudo, a maestria com que é descrita e esmiuçada. Steinbeck não considerava As Vinhas da Ira um grande livro, mas, quanto a isso, fosse por autocrítica ou modéstia, ele estava completamente errado.

Em meio às consequências econômicas da Grande Depressão e também do devastador cenário agrícola da época, a família Joad é obrigada a abandonar os campos de Oklahoma e partir rumo à Califórnia. A ascensão das máquinas agrícolas, as dívidas de grandes fazendeiros, o domínio bancário sobre as propriedades, a crise que devastava o país e a crescente disparidade de classes fizeram com que milhares de famílias como essa abandonassem suas terras em busca de um novo rumo, de trabalho, de sustento, condicionando suas vidas a um destino ainda incerto, a uma terra onde a promessa de uma vida melhor era quase o esboço do paraíso. O que fazer? Esperar pela fome, pela desgraça iminente, em meio a terras devastadas, cobertas de poeira, desalento e morte, ou arriscar-se em uma viagem longa e cansativa não para viver, mas para sobreviver?

É nesse panorama que somos apresentados a Tom Joad, que ganha sua liberdade condicional por bom comportamento depois de ter sido preso por homicídio em legítima defesa. Livre, ruma então às terras da família, não sem antes encontrar, nesse percurso, o ex-reverendo Tim Casy, antigo conhecido da família, que agora, desacreditado em sua fé, tenta encontrar algum sentido na vida.

Ao chegar às terras da família, ambos são informados de que os Joad haviam abandonado sua casa e preparavam-se, agora na casa de tio John, para uma grande viagem rumo a terras californianas. Incitados pela incessante propaganda de trabalho em abundância na costa oeste, e diante da falta de qualquer outra alternativa, a família – composta por Tom, seus cinco irmãos (incluindo Rosa de Sharon, grávida), seu cunhado, seu pai, sua mãe, seu tio, seu avô e sua avó – junta suas poucas economias e compra um velho caminhão, em cima do qual também se juntam o reverendo Casy, convidado a seguir viagem com os Joad, um dos cachorros da família e os poucos pertences e a parca comida que lhe restavam.

Em As Vinhas da Ira acompanhamos não apenas a trajetória dos Joad rumo a sua única esperança, mas o esmiuçar das relações humanas, dos grandes fracassos e das pequenas vitórias, dos imprevistos e da desesperança, e também da força atrelada ao coletivo, àquilo que se faz em companhia de seu próprio povo, àquilo que se faz pelo outro, àquilo que acalenta o acudido e seu benfeitor, provavelmente um dos poucos motivos que ainda os mantêm de pé.

A trajetória não é fácil e as consequências não são tênues. A cada milha percorrida a esperança adquire outro significado. Primeiro é um pneu, depois um pouco de carne e, milhas e milhas além, depois de experimentarem a acidez de uma força controladora brutal, de uma realidade desigual e do pouco caso do Estado, talvez seja um pouco de farinha. Até que, então, ela não é mais esperança, é desalento, é inconformismo, é ira, e essa mistura de percepções traz consequências brutais: há aqueles que perdem a vida na viagem e há aqueles que se perdem em suas próprias elucubrações e decidem tomar outros rumos pelo caminho. Perdem o que mais temiam perder: a dignidade.

Deparar-se com o fracasso e a desilusão são atenuantes irreparáveis para alguns personagens do livro, atenuantes que os separam do "coletivo", ideia que Steinbeck tanto defende nessa obra. O homem só é verdadeiramente humano se cercado de seus semelhantes, e só consegue assim se manter se estiver com os seus onde eles estiverem. Partindo desse ponto, quando um abandona o coletivo, abandona a si mesmo, não obstante a importância de sua história.

São nos momentos mais difíceis que percebemos o que essa coletividade em meio às dificuldades realmente significa. A essência desse pensamento está às vezes nas pequenas cenas, como nas batatas dos Wilson, na carne de porco salgada pelo reverendo Casy, na tartaruguinha recolhida por Tom (dona de um único capítulo, uma analogia ao êxodo retratado pelo livro), no lençol de Sairy, no guisado da "mãe". Ah, a mãe…

A "mãe" merece um parágrafo à parte. A figura feminina aqui é colocada em absoluto destaque, e não apenas uma vez, e não apenas por "uma mãe". A força, a coragem, a determinação e a esperança, ainda que cansadas e surradas, repousam em uma pessoa mais do que em qualquer outra: a "mãe". Assim como a poeira da estrada, a "mãe" é personagem onipresente, ainda que, em parte das vezes, simplesmente por consequência de atos alheios. É ela quem dá força à família, é ela quem sustenta a pouca expectativa que vai ficando para trás com a travessia. Sem a "mãe", os Joad não teriam adentrado terras tão longínquas.

Durante sua ida, os Joad se deparam com quem volta, e as notícias não são nada animadoras do lado de lá. Procurando incessantemente por trabalho, agora apenas para matar a fome, passam dias e noites em acampamentos improvisados pelo governo, se submetem a trabalhos com retornos ínfimos e, como se tudo ainda não fosse degradante o suficiente, aproxima-se o nascimento do bebê de Rosa de Sharon ao mesmo tempo em que Tom tem que se abster de lidar com as injustiças e truculências das forças policiais devido a seu estado de liberdade condicional.

Partindo agora para uma análise mais estrutural, Steinbeck nos entrega um texto genuinamente transparente, não apenas por suas explícitas críticas sociais, econômicas e políticas, mas também porque o autor havia vivido na região retratada, havia testemunhado todos os efeitos dos movimentos econômicos e trabalhistas do período. Isso, consequentemente, deixa sua narrativa mais expressiva, faz com que o leitor seja inserido nessa jornada sem brechas para escape. Sua prosa, às vezes poética, é causa de uma comoção ímpar, não somente nos trechos em que a história dos Joad nos é narrada, mas igualmente nos capítulos em que Steinbeck nos expõe um panorama ainda mais abrangente do contexto de sua narrativa, inserindo personagens paralelos, diálogos capturados aqui e acolá, cenas corriqueiras de uma ou outra família que, assim como os Joad, também tem sua história, também tem sua cruz para carregar.

Os capítulos usados pelo autor para evidenciar o contexto de sua história não ouso chamar de digressivos, porque, por mais que se distanciem momentaneamente do núcleo protagonista, ainda assim compõem o macrocenário dentro do qual todos os personagens estão inseridos, não como meramente uma descrição do meio geográfico, histórico e social, mas como uma forma de acolher todas as outras famílias e histórias, um meio de deixar o leitor mais próximo da tal realidade coletiva.

O final da obra talvez seja estranho à primeira vista; é assolador, mas ao mesmo tempo é belo, é sublime. Resume talvez tudo o que Steinbeck tenha focado em seu texto: ao final, ao povo só resta seu povo. Se alguém leu esse livro e não o levou para a vida, se esqueceu de ser humano.

"Nos olhos dos homens reflete-se o fracasso. Nos olhos dos esfaimados cresce a ira. Na alma do povo, as vinhas da ira diluem-se e espraiam-se com ímpeto, amadurecem com ímpeto para a vindima."

site: https://alemdoslivros.com/as-vinhas-da-ira-john-steinbeck/
Henrique_ 28/09/2018minha estante
Depois da maestria com que escreveu sobre este livro, só tenho a parabenizá-lo pela excelente leitura e por ajudar a avivar a minha memória e estimular a tantas outras pessoas a conhecerem essa genialidade de obra. Excelente resenha!


Eduardo 28/09/2018minha estante
Assim você me deixa acanhado, Rique hahaha. Muito obrigado :) Esse livro me despertou uma vontade muito grande de escrever. É uma obra genial mesmo, preciosa. Mas quem tem que agradecer sou eu, porque, se o li, foi por culpa sua kkk. Aliás, culpa inclusive da sua maravilhosa resenha, da qual me lembro muito bem! Muito muito muito obrigado sempre pelas maravilhosas indicações, Rique! Livro para a vida!


Gabriel.Silva 29/09/2018minha estante
A sua resenha está excelente e desperta o interesse pela leitura dessa obra, esse livro está na minha lista para ser lido.


Eduardo 30/09/2018minha estante
Muito obrigado, Gabriel :) Recomendo muito, viu? Eu devia ter lido mais cedo hahaha


Emanuell K. 03/10/2018minha estante
Você já leu a leste do Éden?


Eduardo 03/10/2018minha estante
Ainda não, mas depois que conheci essa obra, quero ler todas hahaha. Você já leu? Gostou?


Emanuell K. 04/10/2018minha estante
Prefeito! Não sei qual dos dois é meu preferido?!


Eduardo 04/10/2018minha estante
Fiquei bem curioso pra ler hahaha


Vanessa 09/10/2018minha estante
Que inveja branca dessa resenha! Parabéns!!!


Eduardo 10/10/2018minha estante
Hahaha muito obrigado, Vanessa :D


Beatriz3345 13/11/2018minha estante
Um dos meus livros preferidos :)


Eduardo 13/11/2018minha estante
Um dos meus preferidos também, Ana! Me conquistou logo de cara :)




Jéssica Santos 27/09/2017

LIVRÃO PRA VIDA,SERIÃO
Oi pessoal, olha só, eu sou a prova viva de que um livro que tá enfadonho, pode sim melhorar com o decorrer da narrativa. Por isso a importância de não desistir tão facilmente daquele livro que tá te empacando, sabe?
Nossa no início foi muuuuito difícil, não ia de jeito nenhum, não estava gostando, e isso foi assim até as 150 páginas mais ou menos. Eu estava ficando irritada com toda a situação, tipo, eles vão embora ou não, ou vão passar o livro todo nessa indecisão. kkkkkk Vou fazer a resenha agora para vocês entenderem melhor.
Vamos lá...
O livro conta a história dos Joads, uma família de meeiros que viviam em Oklahoma, e que passam por grandes dificuldades financeiras, na agricultura, dentre outros. Nesse lugar, estão espalhando vários panfletos com esperança de uma vida digna, com trabalho, mesa farta etc, na Califórnia. Após muita indecisão e sem ter mais como ficar na terrinha deles, que eles amavam, e que aliás preferiam ter estado lá, porém, as condições não estavam favoráveis, eles decidem juntar a pouca economia que tinham, comprar um caminhão e irem de vez para a ‘terra prometida’.
E nessa andança, muita água vai rolar, a começar pela família que é enorme, por exemplos, temos duas crianças pequenas, os avós, os filhos mais velhos, sendo que a filha tá grávida e leva o marido junto e até o pastor, e o casal principal claro. Fora outras pessoas que eles encontram no caminho, tá? Resumindo, é uma família de grande coração, onde o esteio da mesma é a mãe. Eu simplesmente me apaixonei pela força que ela tinha, como ela carregava a família, era a líder. E foi lindo perceber que a família estava unida graças a ela, e somente por ela. Os homens em várias partes da narrativa demonstraram o desanimo, e muitas vezes pensaram em desistir ou em se separar. Mas a MÃE, sempre estava ali, mostrando o caminho.
No decorrer da história deles para a Califórnia, MUITAA coisa acontece, gente. Basicamente, desgraça em cima de desgraça. Peeeeeense, que você não se segura a nenhum fio de esperança aqui, é muito triste. A fome é avassaladora, alguns membros não resistem a travessia, a miséria, a dor de partir da sua terra natal. Quando eles chegam na Califórnia percebem que o sonho da terra linda, cheia de uvas, estava bem distante. Vale a pena lembrar que o livro se passa em 1930, durante o período da Grande Depressão.
Eles vivem como mendigos, na miséria mesmo. O que acaba tirando um pouco a ilusão do sonho americano certo? Esse livro lembrou-me bastante dos retirantes do Nordeste, em busca da cidade grande, de melhores condições de vida. O que acontece é que eles chegam lá e são submetidos a uma situação de trabalho análogo ao de escravo. Trabalham por uma mixaria para garantirem pelo menos o pão de cada dia, ISSO, QUANDO CONSEGUEM O TRABALHO. E ai quando você acha que as coisas vão melhorar, puf, cai por terra. É assim o livro inteiro.
Agora o final, meus amigos, QUE FINAL FOI ESSE???? TO CHOCADA ATÉ AGORA, eu não amei normal não. Foi GENIAL, GENIAL. Eu morria e não esperava aquele ato de Rosa de Sharon, sempre tão egoísta, sempre pensando em si, foi uma surpresa grande.
Mila.Mesquita 27/09/2017minha estante
Adorei a resenha e adoro qdo os finais de cada livro nos surpreende.


Jéssica Santos 27/09/2017minha estante
Obg @Mila.Mesquita nem me fale, os finais assim, são os melhores


Mila.Mesquita 28/09/2017minha estante
; )


Jaque Assunção 28/09/2017minha estante
Me surpreendi como você conseguiu ler todo o início (150 páginas) mesmo sem estar gostando da história...
Provável que eu já tivesse abandonado :(


Mila.Mesquita 29/09/2017minha estante
Antigamente abandonava tb. Mais aí qdo a leitura está bem ruim eu começo outro livro e volto mais tarde, flui não como gostaria, mais aí não abandono né. Rs


Jéssica Santos 29/09/2017minha estante
@jaqueAssunção Pois é, mas acredite, se tornou um dos meus melhores livros. AMEI DEMAIS DEMAIS . MESMO. xD


Jéssica Santos 29/09/2017minha estante
@Mila.Mesquita fiz exatamente isso, fui Alternando com outros, e quando vi, abandonei os demais para ficar só nesse hahaha


Sueli 30/09/2017minha estante
Parabéns pela resenha e pelo estoicismo. rsrsrs
Bjs


Jéssica Santos 30/09/2017minha estante
@sueli hehehe obrigada


Sueli 30/09/2017minha estante
;)


Mila.Mesquita 30/09/2017minha estante
; )




Flávia Menezes 24/10/2022

NINGUÉM FAZ GOL SOZINHO, MAS QUANDO RECEBE O PASSE DO OUTRO.
?As Vinhas da Ira?, do autor estadunidense John Steinbeck, foi publicado em 1939 e rapidamente foi considerado um fenômeno de acontecimento nacional, a ser premiado com o National Book Award, o Pulitzer e o Prêmio Nobel de Literatura, em 1962.

Apesar de toda a magnitude da obra, o autor foi fortemente atacado pela sua visão social e política, tendo seu livro sido proibido e queimado, especialmente por aqueles que se sentiram degradados com a forma como sua obra denunciava as atitudes e condutas que os fazendeiros da Califórnia tinham com os migrantes.

Por outro lado, sua recepção também causou ampla discussão em programas de rádio nacional, que acabou lhe trazendo visibilidade o suficiente para colocá-lo no lugar de grande romance americano, e que ainda nos dias de hoje é fonte de grandes debates nas universidades dos Estados Unidos devido ao seu contexto histórico e ao seu legado perdurável.

Com uma narrativa encantadoramente poética, o livro intercala capítulos curtos com outros bastante extensos, porém sem prejudicar a leitura, deixando-a mais lenta ou exaustiva. Ao contrário! Enquanto os capítulos curtos nos dão uma visão mais geral das irregularidades e injustiças vividas durante o período da Depressão na Califórnia, os capítulos longos são exclusivamente voltados à família Joad, nos possibilitando acompanhar suas vidas desde o momento em que deixam a sua vida em Oklahoma, até a sua partida em busca pela promessa de uma vida melhor no Estado Dourado.

E eu tenho que dizer que, acompanhar a vida dos Joad, não é uma tarefa nada fácil. Deixar a sua terra, seu lar, que você conhece tão bem, com todas as lembranças de momentos importantes vividos em família, para mudar para um estado novo que, apesar de falar a mesma língua que você, te trata com tamanha indiferença, preconceito, como se você fosse um estrangeiro. Algo que muito me fez pensar nas migrações que muitos nordestinos brasileiros já vivenciaram, em busca das promessas de melhores oportunidades de trabalho na região sudeste.

Verdade seja dita, mas são em momentos de crise é que nos defrontamos com a triste realidade de que são os nossos iguais, os que na primeira oportunidade irão nos trair. De fato, quando nos vemos diante da necessidade de sobrevivência, é que os nossos instintos primitivos começam a falar mais alto, e, nessas horas, deixamos de lado qualquer ato de humanidade para dar vasão à nossa face mais cruel, egoísta e insensível.

Mas como diz a frase título dessa resenha, só é possível marcarmos um gol, quando recebemos a bola de alguém. De fato, ninguém vence sozinho. Até porque ninguém é uma ilha, que não precisa de mais ninguém. Mas para dar certo, para vencer junto, precisamos estar no mesmo time.

Para mim, essa é uma das mensagens mais tocantes dessa história. E era bonito ver como a família se unia para ajudar uns aos outros a todo custo, mas também se abria em atos de solidariedade aos demais. Os Joad podiam até ser pessoas simples, sem grande instrução, mas sabiam ser gentis. E como bem diz o ditado: gentileza gera gentileza, e assim como eles ajudavam, muitas vezes também eram ajudados.

Aliás, você já reparou como quem menos tem, é quem mais quer ajudar o outro? Porque verdade seja dita, só quem passa por dificuldades é que pode compreender o outro que se encontra nesse lugar. Falamos tanto sobre empatia, mas de fato, enquanto a pessoa não vivencia a realidade do outro, ela tem muita dificuldade de compreender algo que, para ela, é tão estranho.

E essa importância que temos na vida do outro, a ajuda que lhe damos, de fato é uma via de mão dupla, porque não se trata somente de fazer o bem, mas do bem que esse fazer proporciona a nós mesmos. Já reparou que quando você oferece algo a alguém (seja uma ajuda financeira, ou até mesmo aquele dia que você para tudo e dá um pouco de atenção aquele amigo que tanto precisa), a gratidão do outro nos faz sentir uma alegria sem medidas? Você já reparou como nos sentimos mais virtuosos (e até mais satisfeitos) quando damos, do que quando recebemos? É uma sensação tão gostosa, e que deixa o nosso coração tão quentinho, não é mesmo?

A missão da nossa vida não está somente nos bens que adquirimos, ou na posição que alcançamos, os nos aplausos que recebemos, mas no quanto nos colocamos a serviço do outro. Essa é a parte que mais me tocou na vida do Tom Joad, um homem tão cheio de marcas da vida, que mesmo com seu temperamento agressivo sabia como amar e servir a sua família.

E mais bonito ainda foi ver o quanto essas suas dores lhe abriram os olhos para que ele pudesse perceber que sua existência estava além de pertencer a sua família. Foi quando ele se viu completamente sozinho, é que ele percebeu que sua existência não seria nada se ele não pudesse fazer parte do todo. E foi aí que ele decidiu expandir a sua missão de vida para lutar por todos aqueles que assim como ele, eram igualmente injustiçados.

Em um mundo repleto de injustiças, onde as pessoas mais se traem do que se colocam ao lado uma das outras, de que mais pensam em si mesmas do que no fato de que os outros também tem sentimentos e necessidades, que a família Joad vem fazer a diferença, mostrando que a verdadeira beleza está em sermos mais honestos uns com outros, de sermos mais leais àqueles que estão ao nosso lado, e de continuarmos a acreditar na importância (e nobreza!) dos atos de caridade, de bondade, porque assim também se faz justiça.

Partindo dessa leitura com esse bonito senso de família e de solidariedade, eu termino com esse importante diálogo entre a mãe e o Tom Joad, que espero que assim como tocou tão fortemente no meu coração, que nesse momento, também possa tocar o seu:

?? Um dia ele citou um trecho das Escrituras, e a coisa não soava como se fosse mesmo das Escrituras. Duas vezes ele disse o trecho, e eu guardei ele na memória. Diss´que tinha tirado do Livro do Pregador.
? Como era ele, Tom?
? Era assim: ?Melhor é estarem dois juntos que estar um sozinho, porque eles receberão boa recompensa pelo seu trabalho. Se um cair, o outro o erguerá; ai do que está só, porque quando cair não tem quem o levante.? Este é só um pedacinho daquele trecho.?
Joao 24/10/2022minha estante
Preciso ler essa obra. Amo o filme dirigido pelo lendário Jonh Ford e com o mais lendário ainda, Henry Fonda. Quando vejo algo sobre esse universo, só me lembro da música de Bruce Springsteen, "The Ghost of Tom Joad".
Resenha maravilhosa mais uma vez, Flávia.


Joao 24/10/2022minha estante
Flávia, a música reflete exatamente o que você disse. O espírito de Tom Joad tá sempre por aí enquanto houver injustiças sociais. Vou correr atrás do livro porque agora me empolguei mais ainda para ler.


Fabio 24/10/2022minha estante
Resenha maravilhosa, para um livro maravilhoso!
Como este livro tem o poder de nós trazer a reflexão do que se passa em nós e a nossa volta!?
Parabéns pela resenha!


Flávia Menezes 24/10/2022minha estante
Obrigada, Fábio!! Esse livro foi realmente uma leitura riquíssima!! Obrigada, meu querido, por ter me indicado um livro tão icônico! ?


Lu @gentequeamalivros 24/10/2022minha estante
Se eu já li uma resenha mais linda e tocante eu desconheço ??. Enquanto li sua resenha me lembrou Os quatros ventos que tbm retrata essa temática e mostra vários pontos que você pontuou, agora eu já quero fazer essa leitura também ?.


Flávia Menezes 24/10/2022minha estante
Ai, Lu! Que emoção ler as suas palavras. Obrigada mesmo! E esse livro da Kristin Hannah eu preciso mesmo ler urgente!!! Agora a gente troca: eu leio o que você leu, e você se aventura juntinho com os Joad! ??


Paulo 26/12/2022minha estante
Aquela cena do cachorro na estrada não sai da minha cabeça, foi como um mau presságio:(


Flávia Menezes 27/12/2022minha estante
Verdade, Paulo. Foi uma cena bem chocante mesmo.




Lu 31/10/2021

É bom mas meio chato
No geral eu achei o enredo bem interessante e o contexto histórico onde ele se passa também é muito bem retratado. O livro passa muito bem as emoções sentidas pelos personagens, a pobreza e a miséria e principalmente a esperança de que as coisas melhorem na nova terra.

Mas sinceramente acho que ao invés de 300 páginas poderia ter 100. Muito enrolado, muitas vezes fiquei com preguiça de continuar e pensei em abandonar. Além disso, nessa edição, ainda há um segundo volume... eu realmente espero que as coisas fiquem mais ágeis nessa segunda parte.

Só irei ler o segundo volume porque estou muito curiosa para saber o que acontece na Califórnia, mas se for no mesmo ritmo desse eu sinceramente vou abandonar;
Michela Wakami 01/03/2022minha estante
Estou lendo, e estou achando bem chato.?


Lu 01/03/2022minha estante
Nossa eu achei um parto pra ler, a ideia é legal e tal mas mdeus do céu, que chatisse


Tay 10/09/2022minha estante
Tô lendo também, mas tá sendo difícil demaiss kkkk eu quero abandonar porém só leio por causa do tom joad, mas pensando seriamente em deixar ?


Lu 10/09/2022minha estante
Ah amiga eu abandonei o segundo tomo, pq eu li em dois volumes né, terminei esse é larguei o segundo dps de 3 páginas. Tomei ranço


Lu 10/09/2022minha estante
Ah amiga eu abandonei o segundo tomo, pq eu li em dois volumes né, terminei esse é larguei o segundo dps de 3 páginas. Tomei ranço


Tay 10/09/2022minha estante
Eu abandonei ontem kkkk depois de várias nomes de estradas aí eu não aguentei mais kkkkkkk


Lu 12/09/2022minha estante
KAKAKAKAKA a parte dos tipos de carro no início foi oq mais me quebrou




amandaleu 18/10/2023

Resenha de As Vinhas da Ira
A família Joad foi expulsa de onde morava, pois aquela terra agora pertencia aos bancos que a usariam como meio de lucro após as tempestades de areia. Aqui, acompanhamos a trajetória dos Joad após lerem em um folheto a promessa de trabalho na Califórnia. Em busca dessa terra prometida, onde as casas são belas, há muito trabalho, e até o cheiro e as frutas são diferentes do cheiro e das frutas de Oklahoma, o grupo enfrenta a escassez de recursos básicos dentro de um caminhão improvisado. Se aproveitando do desespero que a fome faz surgir, os proprietários ofereciam trabalho árduo e temporário por um salário ínfimo. Eles sabiam que pessoas assim aceitariam qualquer coisa em prol de sua sobrevivência e da vida daqueles que amam.

Nesta obra, John Steinbeck faz menção ao Dust Bowl (Tigela de Poeira), as grandes tempestades de areia, que atingiram em maior escala os estados americanos de planícies altas como Oklahoma, Texas, Kansas, Novo México, Colorado e Nebraska. O fenômeno provocou secas, pragas e, por consequência, fome.
Steinbeck, como jornalista, também pode acompanhar de perto a situação vivida pelas famílias atingidas não só pelo fenômeno poeirento, como também pela Grande Depressão americana (a quebra da Bolsa de Valores em 1929). Dorothea Lange, fotógrafa, conseguiu captar a população que passava pelos acontecimentos acima. Suas fotos eram sem cor não só pela época, mas o desespero captado naquelas pessoas deixou a vida sem nenhuma aquarela. Após observar a situação, Steinbeck se indignou com o esquecimento dessas pessoas pela grande mídia e achou na escrita de um livro uma forma de gritar a verdade por trás da fama de terra dos sonhos e possibilidades dos Estados Unidos. Acolhido por uma parte da sociedade e muito criticado por outra, a cortina aberta pelo escritor fez com que algumas coisas fossem modificadas em prol das pessoas que sofriam tais mazelas. O efeito poderia ter sido maior, mas no mesmo ano em que o autor publica sua obra, estoura a Segunda Guerra Mundial.
Um dos pontos mais interessantes foram as 'sutis' comparações bíblicas ao pentateuco: muitas pessoas peregrinam atrás de Canaã (Califórnia), uma terra que mana leite e mel (o trabalho, as frutas, a comida), após serem perseguidas pelo Faraó (os grandes proprietários) por ser forte o povo hebreu (Okies), podendo se rebelar e causar algum tipo de mudança nas estruturas hierárquicas. Já o título do livro é o próprio capítulo 14 de Apocalipse, em especial os versículos 18 a 20, onde Deus, em sua vinda, lança sua foice e colhe os cachos da vinha da terra, as uvas maduras (os pobres e oprimidos); e os ímpios (algozes) são pisoteados no lagar da ira de Deus.

Livro publicado em 1939, rendeu um Nobel de literatura ao escritor e foi adaptado para as telas em 1940. Dirigido por John Ford e estrelado por Henry Fonda (pai de Jane Fonda) como Tom Joad, Ford ganhou um Oscar pelo filme 'As Vinhas da Ira', se tornando um clássico atemporal.
Fabio 20/10/2023minha estante
Uau, que belíssima resenha!
Parabéns!


amandaleu 20/10/2023minha estante
Obrigada, Fábio! E vc tinha razão, é um livraço!!


#Caju 20/10/2023minha estante
P q vc deu 3 estrelas para Os suicídas do R. MONTES?


amandaleu 20/10/2023minha estante
Amg, eu amo os livros do Rapha, mas eu tenho algumas opiniões polêmicas sobre a forma com que ele aborda alguns assuntos. Eu fiz uma resenha sobre Suicidas, depois vc dá uma olhada. Mas basicamente eu sinto que ele é ótimo ao criar personagens detestáveis e acho que ele tá certo, porém em algumas ocasiões me parece que ele repete esses mesmos personagens nos seus outros livros. Fora que ele não sai daquele eixo Rio de Janeiro Zona sul, e os personagens parecem mais ainda serem os mesmos, sabe? E algumas falhas de caráter dos seus personagens se perdem muito, porque às vezes eu não sei se é o personagem que é escroto mesmo, ou se em parte é uma crítica velada do Raphael a alguns grupos específicos. Mas Jantar Secreto é maravilhoso, cinco estrelas e favoritado!


#Caju 20/10/2023minha estante
Blz então. Entendi bem entendido! Hahaha...Bem pertinentes suas ponderações! Gostei! Eu só li dele O Vilarejo e Uma mulher no escuro e gostei demais dos 2.


amandaleu 20/10/2023minha estante
Olha, Ju, recomendo super Jantar Secreto. Dias Perfeitos tb. Ainda não li Uma mulher no escuro, mas acho que vai ser a próxima história dele que eu lerei, marquei pra 2024 se não me engano. O Vilarejo é tão macabro que eu me senti até culpada por ter gostado tanto. Kkkkkk




JW 16/02/2021

As vinhas da ira
“As vinhas da Ira” narra a jornada pela sobrevivência da família Joad em um país que está vivenciando a Grande Depressão dos anos 1930. Sem terra para garantir a subsistência, pois esta foi tomada pelo banco, os Joad são obrigados a vender seus parcos bens e a se aventurar em um caminhão velho pelas estradas na esperança de encontrar emprego e condições mais dignas de vida.
No caminho eles enfrentam muitos desafios, dificuldades e as várias faces da miséria. Enquanto os homens se desesperam, é a mãe da família que os reúne ao redor do fogo e cria as estratégias de fuga dessas situações, alimentando-os com parco alimento para o estômago, mas com nutrientes vigorosos para a alma. Aqui vemos a figura de uma grande matriarca cujo objetivo principal é conectar os membros daquela família unindo-os em prol da sobrevivência do grupo. O papel de uma forte mulher representa bem a sociedade estadunidense, a qual foi construída sobre essas figuras marcantes desde os pioneiros e que a literatura direta ou indiretamente faz referência.
Criticando o estilo de vida norte-americano, o autor trata de questões sérias, mas não deixa de atrair o leitor graças a escrita envolvente e a narrativa que não apresenta defeitos. Nessa obra não dá para ignorar o forte simbolismo de vida e morte: não é a família Joad que está à beira da morte, mas, as estruturas de um velho sistema desigual da sociedade americana. Nas entrelinhas, o livro trabalha a ideia de resistência, e como todos nós sabemos posteriormente veio o New Deal.
O livro não foi bem recebido por seus compatriotas, mas isso não impediu Steinbeck de ter o seu trabalho reconhecido ao vencer o Pulitzer de melhor ficção por esse livro, e um Nobel pelo conjunto de sua obra.

Mais um livro de Steinbeck que entra para o rol de meus favoritos.

“Eu estarei em qualquer sítio, na escuridão. Estarei em toda a parte, em qualquer sítio para onde a senhora se puser a olhar. Onde quer que se lute para que a gente com fome possa comer... eu estarei presente. Onde quer que a polícia esteja a bater num tipo, eu estarei presente. Imagine se o Casy soubesse disto! Estarei onde quer que se vejam criaturas a gritar de raiva... e estarei onde as crianças sorriam porque têm fome mas saibam que a ceia não tarda. E quando a nossa gente comer aquilo que plantar e morar nas casas que construir... então também eu estarei presente. Está a ver? Olhe que já vou falando como o Casy. Isto é de pensar nele tantas vezes. Há ocasiões em que até me parece que o estou a ver.”
Brunno 17/02/2021minha estante
Ótima resenha! Li ano passado e amei. Qual outro do Steinbeck que tu recomenda?


JW 17/02/2021minha estante
"Um diário russo" foi o meu primeiro contato com a escrita do Steinbeck e eu fiquei encantada.


Brunno 17/02/2021minha estante
Nunca tinha ouvido falar nesse. Procurei agora e é bem difícil de encontrar exemplar físico com preço acessível =/


JW 17/02/2021minha estante
Eu consegui o meu exemplar na Amazon quando a Cosac Naify estava abrindo falência: foi bem baratinho na época. É um diário de viagem. Talvez você consiga em sebos. Se encontrar super recomendo.


Brunno 17/02/2021minha estante
Ah, tu deu sorte hehe. Obrigado pela dica.




joel.farias 14/07/2018

Um clássico da literatura americana
Escolhi este livro por ser considerado um dos grandes clássicos da literatura americana e mundial. O livro trás a estória dos Joad, família de pequenos agricultores do meio Oeste americano que enfrentam a seca provocados por um fenômeno chamado sand bowl (tigela de areia) quando o terreno se torna desértico devido a práticas abusivas de cultivo à terra, além disso há ainda, os problemas econômicos provocados pela grande depressão. Em meio ao caos, os Joad seguem em direção ao Oeste para a verdejante Califórnia onde sonham com uma vida melhor mas vão descobrir que o sonho se tornará um pesadelo ao se depararem com a falta de oportunidade é o preconceito dos próprios americanos com sua gente. O autor foi bastante criticado à época acusado de incitar valores comunistas e colocar patrões e empregados em lados opostos mas vale o registro de um capitulo amargo da história americana. Vale também conferir o filme baseado no livro dirigido pelo aclamado diretor John Ford e estrelado por Henry Fonda.
GePaula 22/09/2018minha estante
Amei sua resenha. Excelente. Estou lendo este livro e, embora tenha seu peso de tristeza, a vida dos Joad é a pura realidade. A nossa realidade também. Parabéns! (Gersonita Paula)


joel.farias 24/09/2018minha estante
Oi, Gersonita. Este livro me impactou profundamente é uma espécie de Grande Sertão Veredas norte-americano e mostra como existe sofrimento no caminho do desenvolvimento. Grande abraço e boas leituras.


GePaula 27/09/2018minha estante
Verdade, Joel... Tive essa mesma compreensão. Quando possuir boas dicas, passa pra mim, por favor


joel.farias 28/09/2018minha estante
Sou um leitor inquieto, estou sempre em busca de obras inspiradoras como esta. Será um prazer compartilhá-los.


GePaula 21/04/2019minha estante
Joel, do mesmo autor da Vinhas da Ira, John Steinbeck, não sei se já leu, caso não, procure ler... HOMENS E RATOS ou RATOS E HOMENS (com certeza, a ordem dos fatores não alterará o produto, rsrsrsrs...neste caso) Abraços!




Rafa 21/04/2021

Sobrevivência
A obra é revestida de dor, tristeza e compaixão. Acompanhar a árdua jornada da família Joad é uma experiência transformadora, o que nos transporta para os problemas sociais ainda hoje vivenciados.
Caroline 21/04/2021minha estante
Estou querendo ler esse livro há um tempão, mas tenho medo de ser uma narrativa parada


Rafa 21/04/2021minha estante
Oi Caroline.
A narrativa não é parada, pelo contrário, a cada página vc sofre junto com a família ???


suellen 21/04/2021minha estante
Sofre mesmo, principalmente na parte do finalzinho. ?


Rafa 21/04/2021minha estante
Vdd Suellen. Angustiante rs


Nessa 14/11/2021minha estante
Está na minha lista de leitura ?




Aline Teodosio @leituras.da.aline 18/11/2018

Forte e sensível
Este clássico norte-americano, escrito durante a grande depressão dos anos 1930, retrata a odisseia da família Joad, em busca de trabalho para sobreviver, depois de serem expulsos de suas terras. Eles e milhares de outras famílias, trabalhadores comuns do campo, migram então para o Oeste e Norte americanos com a esperança de viverem de uma forma mais digna. Não imaginam, entretanto, os grandes percalços pelos quais terão que passar.

Nestas páginas pungentes o autor nos choca ao narrar tamanha paupérie e humilhação a que esse povo é submetido. Nos deixa indignados diante de um capitalismo feroz, que corrompe e corrói os corações. Que suga, que explora, que maltrata sem se importar com as dores humanas. Sem se importar com vida alguma. Para esse capitalismo massacrante, as vidas daquelas pessoas resumiam-se a nada.

E a fome não perdoa, e o humilhados apenas se resignam em troca de algumas migalhas para não morrerem. Os que se revoltam, são alvos de perseguições e o fim de suas vidas é iminente. Não há saída, a miséria se alastra, o povo se cala e se submete a trabalhos desumanos para receber o pão do dia.

Em contrapartida, enaltece-se a solidariedade entre os que sofrem. O espírito de união, de força e de cooperação é avivado. Mesmo diante de tamanha vulnerabilidade e recessão o egoísmo não reina. As famílias apoiam-se umas nas outras o melhor que podem.

Aqui, o teor social, forte característica do autor, é abordado com maestria num drama pesado e cru. Enquanto lia, lágrimas inundavam meus olhos. Achava que eu teria muitas coisas para falar sobre essa obra, e realmente, tenho. Mas as palavras embargam, entalam. E eu só consigo sentir. Sentir a dor, a humilhação, a ofensa e a opressão que dilacera a alma.

Um drama humano, que exala sensibilidade. Que narra dores e tristezas em forma de arte. Que nos toca profundamente com a epopeia dos miseráveis conduzidos a um estado de infindável desesperança. E o fim, ah.. o fim aterrador vai acabar com qualquer apatia que dentro do leitor ainda possa existir.
Flávia 18/11/2018minha estante
impecável como sempre. ano que vem quero ler a leste do éden. e se pá ainda releio esse.


Aline Teodosio @leituras.da.aline 19/11/2018minha estante
Brigada, Flavia!! =)
Quero ler toda a obra dele. O próximo seria A ruas das ilusões perdidas, mas acho que vou pôr na frente A batalha incerta (acho que é esse o título). Fala sobre a greve dos trabalhadores rurais do mesmo período de As vinhas. Deve fazer tipo um link com esse livro.


Flávia 19/11/2018minha estante
eita que não tenho esses! adquiri o trio de uma vez e me esqueci de completar a sua obra, que sim, merece ser lida inteira.


@ALeituradeHoje 13/12/2018minha estante
Fortíssimo... acabei a pouco. Ainda estou em choque ...


Aline Teodosio @leituras.da.aline 13/12/2018minha estante
Também fiquei assim. Tocante demais esse livro.




Rosangela Max 12/12/2022

Marcante.
É uma história maravilhosa, mas que exige um pouco de paciência, pois leva a palavra ?descrição ? a outro nível.
Foram dedicadas páginas e páginas para descrever cenários e paisagens de uma forma tão detalhada que, por muitas vezes, cheguei a perder o foco. Mas esta perda de foco aconteceu mais no começo do livro. Depois a história foi crescendo de tal forma que nada mais me desviava a atenção.
Os personagens, a escolha do tema e a forma que cada ponto foi abordado, o desenvolvimento do enredo? tudo foi conduzido com maestria pelo autor.
A personagem que mais gostei foi a Sra. Joad. Uma mulher de fibra, dura na queda, que fazia de tudo para manter a família unida e lutando em uma vida cheia de miséria, descaso e exploração.
Gostaria que tivesse um final diferente, mas, de certa forma, o final condiz com a mensagem passada. A luta nunca termina.
Leitura super recomendada.
Paulo Vitor 12/12/2022minha estante
Um dos melhores livros que já li. Muito impactante este livro.


Livia Barini 13/12/2022minha estante
É o livro que deu origem ao filme?


Rosangela Max 13/12/2022minha estante
Sei que tem um filme bem antigo baseado nesse livro, mas não assisti.


Flavia Flavitchia 13/12/2022minha estante
Um dos meus favoritos da vida, mas confesso que abandonei logo no começo pelo menos duas vezes pq eu me perdia ?




Michele 03/04/2021

Um livro que fere e deixa marcas
A história da família Load é muito triste e bela. Triste por tanta injustiça, miséria e abuso presentes em sua saga. Bela por toda a força e coragem que os movem enquanto família. Tudo isso traz muitas reflexões que revoltam e atordoam aqueles que acompanham a narrativa e sabem que, atualmente, muitos ainda passam por situações parecidas.
Personagens memoráveis, o pregador Casy, a mãe, e o tio John, que no final conseguiu desmontar o pouco que ainda estava em pé por aqui.
Cristina117 03/04/2021minha estante
Muito bom


Mari 03/04/2021minha estante
ta na minha lista ?


Michele 04/04/2021minha estante
Leia sim, esse é um daqueles livros que todo mundo deveria ler pq levanta umas discussões muito relevantes..


Mari 04/04/2021minha estante
?Obrigada, vou ler!




Francisco 16/10/2022

Uma epopéia sobre a luta de classes
Quando a família Joad é destituída de sua propriedade nos campos de algodão do Oklahoma onde eram meeiros, são forçados a migrarem para a Califórnia em busca de trabalho em uma longa e penosa viagem pela famigerada Rota 66.

A esperança dos Joad por uma vida melhor onde suas necessidades básicas são satisfeitas ao longo de toda a história nos faz de alguma forma torcer para que tudo dê certo, embora o final nos dê uma certa "abertura" para nos perguntar: "Será que os Joad conseguiram?".

Como em todas as obras de Steinbeck que li, todos os personagens são solidamente construídos: Tom com seu estigma de ter estado recluso, Rosa de Sharon com sua gravidez e seus sonhos de um futuro melhor com Connie e a Sra. Joad com todo o seu exemplo de uma mulher enérgica e de fibra. Esta última com certeza é a que mais me marcou.

Assim como em Germinal, de Zola aqui encontramos o retrato da luta entre classes e mais especificamente a luta da classe operária, tão bem retratada na metáfora da tartaruga atravessando a estrada no início do livro. Além disso, Steinbeck nos apresenta um retrato fiel do estado das comunidades rurais americanas durante a Grande Depressão decorrente da quebra da Bolsa de Nova York em 1929, com o êxodo rural, o surgimento das comunidades de Hoovervilles em todo o país e o inerente lucro do Estado na exploração de classes operárias por classes exploradoras, uma "Guerra de todos contra todos", conforme afirmaria Hobbes. Tudo isso era muito recente quando o livro em questão foi publicado e talvez por essa razão tenha provocado tantas polêmicas.

Outra apologia aqui deixada por Steinbeck é a de que "somos mais fortes juntos", o coletivismo a todo momento reforçado pelo comportamento da Sra. Joad que sempre busca manter sua família reunida apesar de todos os percalços.

A escrita do autor é bastante apurada, a qual sou acostumado e aprecio bastante. Além disso, nos traz muitas reflexões sociais em muitos problemas que persistem na sociedade contemporânea tais como a alarmante desigualdade social e a marginalização das classes inferiores por parte de alguns indivíduos e até mesmo por parte de autoridades (como no caso das forças policiais ao longo de inúmeras passagens do livro). Sem dúvida é uma obra prima que merece ser lida.
Flávia Menezes 16/10/2022minha estante
Você já terminou!!! Já que eu te alcanço, Francisco. E daí vou voltar aqui, pra ler sua resenha.


Francisco 16/10/2022minha estante
Gostei tanto que consegui ler de forma relativamente rápida. Flávia, fiquei com pena dos Joad o livro inteiro. Estou ansioso para ver sua opinião a respeito do livro. ;)


Flávia Menezes 16/10/2022minha estante
Ai?Francisco eu já estou preparada pra sofrer viu? Mas logo logo eu termino também, porque é mesmo um livro bem gostoso de ler, apesar de todo o sofrimento.


Francisco 16/10/2022minha estante
Também me preparei desde o início, mas é ainda assim e muito difícil porque as situações são muito tristes. Mas a mensagem do autor nesses nesses sofrimentos é muito importante.




Andreza R. Fernandes 20/12/2023

A gente sente o impacto
A família Joad sofre, sofre, sofre... e depois tem algumas frações de alegria e esperança até que desanda novamente. Ainda tô tentando entender. É meio forte essa crise de 1900 à 1929, retrata o que aconteceu na vida real e, é desolador, injusto, desumano... como o ser humano consegue ser perverso e ganancioso com o seu semelhante! A mãe é a personagem mais bem construída, começa meio perdida, sofre, porém ela cresce de um jeito magnífico, vira a chefe da família, manda em todos, todos ouvem ela e não perde as esperanças, é a pessoa mais forte, corajosa, família, acumulada várias funções... nem sei como ela aguentou! Ela é uma mulher maravilha. O Tom mostra em alguns momentos que é impulsivo, porém ele não tá errado, mas em terras novas a lei não serve para eles, ocorre episódios em que Tom poderia agir diferente, mas o seu espírito pensa dr outra forma. O pai começa mais animado e termina com a cabeça no passado e desperançoso, tio John sofre com o passados e seus "pecados", o Al e Rosa em quase metade do tempo se mostram imaturos e até egoístas, Noah é o filho apagado e sem muita reação, crianças são encrenqueiras e astutas e o Casy é um alívio espiritual para a família Joad, um bom conselheiro. Enfim, no final das contas só queria um final mais fechado, agora tô aqui martelando algumas hipóteses, mas o livro é significativo, com certeza é um dos favoritos da vida! Leiam!
Alan kleber 20/12/2023minha estante
Tem um documentário no YouTube sobre esse livro.
O nome é, Discovery: Grandes livros "As Vinhas da Ira."
É bem bom.


Leitorconvicto 20/12/2023minha estante
Esse é um autor que ainda não li. Já ouvi boas coisas


Andreza R. Fernandes 20/12/2023minha estante
Sim! Agora pretendo assistir o filme e procurar vários vídeos, não superei. Obrigada!


Andreza R. Fernandes 20/12/2023minha estante
Pois vale a pena conhecer esse autor, apesar de ser um livro longo, acho difícil não gostar.




fev 13/01/2021

3,5

Uma família pobre atravessa o país para conseguir mudar de vida depois que a terra em plantavam parou de produzir. O banco tomou tudo e eles ficaram sem nada. Assim decidem ir para a Califórnia para conseguir a tão sonhada mudança de vida depois que folhetos prometiam empregos.

Eu consigo até compreender porque a obra de John Steinbeck é importante e premiada. As vinhas da ira é um registro social incrível de um período marcante da história dos Estados Unidos. Além do registro histórico importantíssimo, o livro é extremamente político e crítico a toda situação da migração e forma como os americanos eram tratados.

O livro desde o início constrói uma crítica ferrenha ao capitalismo. A forma como bancos e grande produtores tratam os trabalhadores e os pequenos produtores é extremamente cruel. Ao longo do livro o autor mostra como eles agem desapropriando terras, desvalorizando o trabalho e pagando pouco dinheiro para aqueles que conseguiam um trabalho nas colheitas de algodão ou frutas. Em paralelo, mostrava também a perseguição aos "inimigos vermelhos". Claramente uma alusão ao comunismo. Ele usa dos personagens para exemplificar como funcionaria o comunismo, as greves e as organizações de sindicato. O quanto é preciso que os trabalhadores se juntassem para mudar a situação que viviam. A parte que narra o acampamento do governo demonstra bem isso.

Além disso há também discussão da violência política sobre os pobres. Em sua grande maioria causada pelo desejo de grandes empresários, mas também pela xenofobia. Os estadunidenses californianos mostravam todo o seu ódio aos migrantes do centro-oeste do país. Estavam alheios aos sofrimentos dos esfomeados e os queriam longe dali o mais rápido possível. Se ficassem, seriam maltratados. A fome e o descaso andavam ao lado da xenofobia.

Destaco também a importância do personagem mãe da história. É quem serve de base para tudo não desmorone antes. É a força primordial. Fazendo com que a religião, como é nesses casos, tenha menos importância e até seja desafiada. Essa parte fica por conta do ex-pregador Casy. Que larga a religião por acreditar não entender mais aquilo e acreditar que não tem mais a capacidade de fazer pregações. A transformação dele no final mostra qual tipo de coletividade faz diferença significativa na vida das pessoas.

Como já disse consigo enxergar a grandiosidade da obra, mas infelizmente ela desligou em alguns quesitos para mim. Não teve recorte de raça. Isso, com certeza, engrandeceria a obra. Fazer um paralelo entre os pobres brancos e negros mostraria um outro nível de crítica. No entanto, não sei se o autor se importava com isso. Se os brancos sofreram tanto, imagino como foi para os negros tal vivência.

Outro parte totalmente desnecessária foram os capítulos que intercalavam a história que mostrava a jornada da família Joad. São textos que mostravam um panorama geral que acontecia naquela época sem personagens definidos e também serviam como uma preparação para o que viria acontecer no capítulo seguinte com os personagens identificados. Sinceramente, foi uma encheção de linguiça de forma exagerada. A forma como ele construiu todas as críticas na parte da jornada da família Joad já seria o suficiente. Por isso a leitura é tão exaustiva e repetitiva. O fator apego aos personagens também me pegou. Não os curti muito a não ser em momentos específicos. O final também me desapontou.

Enfim, é um livro importante pelo fator histórico mas tem problemas significativos na sua construção. Na minha opinião, é claro.
Aline.afr 15/01/2021minha estante
Estou lendo no momento. Concordo com você sobre o recorte de raças, tb acho que engrandeceria muito a obra. Mas não acho que os capítulos intercalando com a história dos Joad ficaram cansativos (pelo menos pra mim). Até agora estou gostando muito.


fev 15/01/2021minha estante
Para mim, Aline, ficou repetitivo. As informações desses capítulos já bem exploradas e narradas nos capítulos dos Joad. Não tira a importância, é claro, mas não acrescenta muita coisa.


Lia Trajano 07/03/2021minha estante
Se ele fizesse esse recorte de raça provavelmente muitos iriam dizer que não é o " lugar de fala dele"????




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