Larissa.Airoldi 25/05/2020Fome e IraAs Vinhas da Ira não é um livro fácil, embora seja uma leitura extremamente necessária e humana.
Ao contar a história da família Joad, Steinbeck narra a vida de milhares de pessoas que tiveram suas terras dominadas por bancos após a grande crise de 1929. Em sua forma de retratar a odisseia dos Joad, o autor coloca em palavras poéticas a dor, a fome, o sofrimento e a luta de um povo sem chão.
Não é uma narrativa que me prendeu desde o início, por vezes Steinbeck testa nossa paciência com detalhes de mais, alguns que não parecem necessários, e isso faz com que seja cansativo até certo ponto. Ao chegar aos 30%, aproximadamente, é que a batalha dos Joad começa e podemos então acompanhar a trajetória de uma família que está buscando uma nova vida com nada mais do que um caminhão, poucos pertences e esperança. Muita esperança.
Depois do embalo da viagem, já estamos totalmente apegados a eles e torcemos para que tenham uma vida digna, afinal. Que eles possam viver como seres humanos, que tenham o básico necessário pra viver. Mas é aí que as Vinhas da Ira surgem.
"Há um crime nisso tudo, um crime que está além da compreensão humana. Há uma tristeza nisso, a qual o pranto não pode simbolizar. Há um fracasso nisso, o qual opõem barreiras ante todos os nossos sucessos: à terra fértil, às terras retas de árvores, aos troncos vigorosos e às frutas maduras. E crianças, sofrendo de pelagra, têm que morrer, porque a laranja não deve deixar de dar o seu lucro. E médicos-legistas devem declarar nas certidões de óbitos: "Morte por Inanição", porque a comida deve apodrecer, deve ser forçadas a apodrecer."
E o final? Não achei um final digno para o tamanho da história. Achei um final aberto de mais, apesar de ser profundamente humano e sensível. De toda a forma, obrigada por essa história, Steinbeck! Grande aprendizado.