Lethycia Dias 09/11/2019Chato e sem sentidoConstance é uma jovem de família moderna, filha de intelectuais e cheia de liberdades. Casada com um aristocrata que se tornou paraplégico após um ferimento de guerra, ela vive absolutamente entediada na propriedade do marido, Clifford, em uma região mineradora da Inglaterra, durante os anos 1920. O casamento parece ter perdido o sentido, já que eles não podem ter filhos.
Aconselhada pelo próprio pai a arranjar um amante, Constance tem um caso curto com um amigo de Clifford que passa uma temporada em sua casa, mas permanece entediada, até que inicia um novo relacionamento com o guarda-caça da propriedade, Mellors, um homem solitário, que, apesar de ter tido boa educação, prefere se comportar de forma grosseira.
Eu imaginei encontrar nesse livro algo semelhante a "Madame Bovary" e "Anna Kariênina", protagonizados por mulheres marcantes que também traíram seus maridos, e que nos dão o que pensar sobre sociedades repressoras ao comportamento feminino. Não sei bem o que encontrei. "O amante de Lady Chatterley" é um livro sem propósito, que não parece nem um romance e nem um livro erótico, e que, ao contrário dos outros dois, não é nada atemporal.
A narrativa lenta mergulha nos sentimentos e pensamentos de Constance, mas para mim foi impossível compreendê-la ou ter empatia por ela. É curioso como ela se apaixona por Mellors, depois de se satisfazer sexualmente. Mais curioso ainda é os dois se tornarem um casal, se desde o início a interação entre eles é fria e rude e nada muda nisso até que eles fazem sexo. Foi difícil torcer por um casal que não me convencia, e mais difícil ainda ler páginas e mais páginas sobre como Mellors é um homem maravilhoso só porque é bom na cama, se fora dela, é um sujeito insuportável.
Insuportáveis também são os diálogos entre Clifford e seus amigos, entre Lady Chatterley e a enfermeira que cuida de seu marido, entre Constance e Mellors. O livro está repleto de diálogos longos e sem sentido nenhum, que não criam tensão, não fazem os personagens tomarem decisões, não fazem sentir nada, não levam a nada.
E se não gostei do amante, tampouco gostei de Constance, que fica deslumbrada com esse homem. A consolidação de sua felicidade, que vem apenas da satisfação sexual e da ideia de ter um filho de seu amante sem se preocupar nem um pouco com as consequências disso em uma sociedade conservadora, parece vir de uma ideia muito machista e irreal do autor sobre o que uma mulher poderia sonhar e desejar. Por fim, detestei também o marido, Clifford, que se comporta o tempo inteiro como uma criança mimada.
A experiência que tive com essa leitura foi péssima. Achei um livro irritante, chato e sem sentido nenhum.
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