O Amante de Lady Chatterley

O Amante de Lady Chatterley D. H. Lawrence




Resenhas - O Amante de Lady Chatterley


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Regis 27/12/2022

Um livro que diz mais do que parece à primeira vista...
Um livro polêmico lançado em 1929 pelo autor, (um ano apenas antes de sua morte) já que a pirataria de sua obra o obrigou a fazer significativas modificações no manuscrito original.
Um livro que em 1960 foi processado judicialmente para que não fosse publicado no país de origem do autor (a Inglaterra) e que também foi proibido nos E.U.A.
Um livro que até hoje ainda é mal visto por várias pessoas pelo mundo, mesmo sendo considerado um clássico.
Porém o mais importante (na minha opinião) é que D. H. Lawrence não escreveu apenas um livro sobre sexo e traição, considero O Amante de Lady Chatterley uma história bem escrita com um desenvolvimento sucinto e empolgante que faz vários apontamentos importantes sobre assuntos pertinentes.

Lawrence, que acometido pela tuberculose sabia que lhe restava pouco tempo, considerou o livro como seu testamento. Talvez por isso nele se percebe uma carga de tristeza, de desesperança, finitude, rancor e desprezo pela sociedade. Considero impossível fazer essa leitura focada apenas no romance entre Connie e Mellors, que sim: é o ponto central do livro, é explicitamente gráfico e tem alguns problemas que consigo identificar, como a inabilidade de Lawrence de entender e descrever o prazer feminino e algumas falas problemáticas dos personagens de Clifford, seus amigos e de Mellors.

Vejo no romance bem mais que sexo, considero que os personagens travam uma fuga da solidão a que foram impostos pelas circunstâncias da vida e protagonizam um romance mergulhado em medos, incertezas, desalento e com uma carga enorme de melancolia.
A explicitação do sexo ao meu ver, foi feita exatamente para chocar e calar o puritanismo de uma sociedade hipócrita, reprimida e dissimulada. A temática abordada por Lawrence é uma pregação acalorada contra a sociedade de sua época e sobre a ignorância sexual.
Entretanto o livro também habilmente é usado para criticar o sistema socioeconômico da Inglaterra, mostrar todo o impacto da Primeira Grande Guerra (naqueles que sobreviveram e em seus familiares), o impacto das máquinas inseridas no mercado de trabalho dos ingleses e a transformação no meio ambiente causada por elas.

"A qualidade do horror de Lawrence diante do que acontecia a seu país, a sensação que transmite, certamente nos lembra alguém muito semelhante ? Tolkien. Sabemos que as visões do inferno de Tolkien foram inspiradas pelo que viu na Primeira Guerra Mundial, e as ?oficinas negras e satânicas? de Blake nunca foram mais bem imaginadas que na filmagem de O senhor dos Anéis."

Gostei muito da escrita do autor e da forma como a história é desenvolvida.
O Amante de Lady Chatterley carrega uma grande força literária que considero impossível não impactar o leitor de alguma forma.

Gostei da leitura e recomendo que as pessoas leiam com a mente aberta e tirem suas próprias conclusões.

Obs: Vejam também o filme da Netflix que ficou maravilhoso, primorosamente bem feito e com ótimas atuações.
Cosmonauta 28/12/2022minha estante
Lembrei-me de Tolkien pela crítica à apatia dos habitantes das Midlands e à destruição do meio ambiente na região.


HenryClerval 28/12/2022minha estante
É impressionante como você leu esse livro e conseguiu extrair dele mais que muita gente que só consegue ter olhos para o que está tão obviamente exposto.
Maravilhosa resenha, Régis como sempre. ?


Regis 28/12/2022minha estante
Sim, Cosmonauta. Ele e Tolkien têm os mesmos pensamentos sobre o assunto e temiam pelos mesmos motivos.


Regis 28/12/2022minha estante
Obrigada, Leandro! ?
É impossível fazer essa leitura e não enxergar todo o contexto que o próprio Lawrence descreve tão bem no decorrer da história.


Jakee 28/12/2022minha estante
Eu assisti o filme e gostei muito, não sabia que tinha o livro. Agora fiquei interessada em ler somente pela sua resenha. Sua resenha tá perfeita, parabéns.


Regis 28/12/2022minha estante
Obrigada, Jakee!
O livro tem algumas diferenças do filmes, mas o autor tem uma escrita tão maravilhosa que acho que vai gostar. Sem contar a introdução que e esclarecedora e bem escrita.


Elaine 28/12/2022minha estante
Resenha incrível, este livro já vai para minha lista de leitura do próximo ano! O filme é Lindão de tão bem feito!


Regis 28/12/2022minha estante
Obrigada, Elaine. ?
Gostei muito do filme também. É bem dirigido, ambientado e atuado.


Carolina.Gomes 29/12/2022minha estante
Muito bom! Li faz muito tempo e quero reler.


Regis 29/12/2022minha estante
Releia sim, Carolina. A escrita é muito boa e a história bem interessante. ?


Max 29/12/2022minha estante
Régis, depois de uma resenha sua, só nos resta colocar em nossa lista de leituras... ?


Regis 05/01/2023minha estante
Que fofo, Max. Suas leituras também me instigam. ??




Lista de Livros 13/02/2015

Lista de Livros: O Amante de Lady Chatterley, de D. H. Lawrence
“Os homens, gratos às mulheres pela experiência física, deram-lhes um pouco das suas almas. Depois, pareciam mais uma pessoa que perde dez tostões e encontra cinco. O jovem de Connie tinha mau feitio e o de Hilda era trocista. Mas os homens são assim! Ingratos e sempre insatisfeitos; se não são aceitos, odeiam a mulher por não os aceitar; se o são, odeiam-na por qualquer outra razão, ou por nenhuma razão, porque são crianças descontentes e nada os satisfaz, por mais que a mulher faça.”
*
“Não havia lugar para expectativa ou esperança dentro dele. Odiava a esperança. “Uma enorme esperança atravessou a Terra”, era uma frase que tinha lido não sabia onde, e à qual acrescentou “e destruiu na sua passagem tudo o que valia a pena”.”
*
“As pessoas! As pessoas eram todas iguais, com pequenas diferenças. Só queriam dinheiro.”
*
Mais em:

site: https://www.listadelivros-doney.blogspot.com.br/2015/02/o-amante-de-lady-chatterley-d-h-lawrence.html
Monique @librioteca 29/02/2024minha estante
Mais um que está na minha lista faz tempo. Rs


Lista de Livros 22/03/2024minha estante
É um bom livro, mas não seria exatamente aquele que eu indicaria prioritariamente... ?




Aline MSS 08/02/2023

"Mamilos Polêmicos".
Livro polêmico e com mto séquiço! ?
Gostei bastante e me surpreendi demais com a escrita rápida, história empolgante e nada convencional. Se me entregassem sem capa pra ler, jamais diria se tratar de um clássico.

Eu esperava um livro de romance, com juras de amor e sofrimento e fui surpreendida com personagens reais, com "pensamentos atuais", crítica ao capitalismo e à mineração.

A "mocinha" ñ é aquela q se espera em romances clássicos e o linguajar (machista, preconceituoso e sexual) te remete aos tempos atuais. É surpreendente e vale à pena ler.
Só não curti mto o final, pq senti como se tivesse sido algo interrompido abruptamente (adoro essa palavra, hahahaha?).

Sobre romances...NÃO é meu gênero favorito, pois ñ sou uma pessoa romântica e detesto juras de amor em livros.
Achei esse livro um pouco fora do tom algumas vezes, mas compreendi o contexto histórico da coisa e principalmente o motivo do linguajar "pesado", qdo li o trecho biográfico do autor em uma das resenhas contidas no final.

Oq tem no livro:
- SEXO (tanto do ponto de vista feminino, qto do masculino);
- Mtos diálogos rápidos e pensamentos críticos;
- Poucas descrições de ambientes;
- História envolvente, mto à frente do seu tempo;
- É um livro escrito por um HOMEM heterossexual e durante a leitura isso fica BEM CLARO, principalmente nos exageros em relação à mocinha e nas descrições dos atos sexuais;
- Criticas ao capitalismo e à mineração.
Vc nem acredita q está lendo num livro clássico os temas q HJ estão em alta no Brasil pós período eleitoral.
- O final parece "cortado", mas compreende-se onde o autor queria chegar.
- Na edição da Antofágica vc encontra algumas resenhas ao final do livro q ajudam a compreender melhor o contexto histórico e o pq de tanta polêmica.
- Tem uma adaptação desse livro na NETFLIX e eu sugiro tomar cuidado ao assistir, pq as cenas são "quentes".??

Adquiri o e-book e não me arrependi. Acho os livros da editora lindíssimos, mas são mto caros para o meu bolso. Não recomendaria gastar mais de R$100,00 ? nesse livro, mas cada um é livre pra fazer oq quiser e eu aceito qualquer um deles de presente. ???
Gleidson 09/02/2023minha estante
Fiquei com vontade de ler depois da sua resenha.


Aline MSS 09/02/2023minha estante
Q bom a Vc curtiu ?. Tento não dar spoiler e acho q consegui. Tem filme sobre o livro tbm na Netflix se Vc preferir, Gleidson. ??


Gleidson 09/02/2023minha estante
Eu comprei esse livro há quase 10 anos e nunca me motivei pra ler. Acho que chegou a hora. Obrigado pela dica, Aline.


Aline MSS 09/02/2023minha estante
De nada. Qdo ler, diga oq achou por aqui. ?


Gleidson 09/02/2023minha estante
Digo sim, pode deixar. Pretendo ler esse ano ainda.




Ana Paula 18/03/2010

DHL by Ana Six
Achei o livro curioso, em especial por ter sido proibida a sua veiculação na Inglaterra de 1926. Foi considerado obsceno e incriminado pelo Decreto de Publicações Obscenas de Londres.

O autor morreu sem saber que seu livro seria mais tarde considerado um dos cem melhores romances do século. Concordo com essa classificação, o livro, de fato, é muito bom. Num primeiro momento, o livro fala de amor, mas Lawrence fui muito além da história clássica de infidelidade, ele contextualizou o romance com as questões políticas e literárias da época nos diálogos dos personagens.

Ele trata da história de Constance, uma jovem escocesa que se apaixona e se casa com o baronete Clifford Chatterley. Após a lua de mel ele vai lutar na Primeira Guerra Mundial e volta para casa paraplégico. Sabendo da sua atual situação, o marido diz à esposa que ela pode encontrar um amante e lhe dar um filho.

No início, achei curioso o desapego de Clifford para com a sua esposa. Ele seria capaz de aceitá-la dormindo com outro desde que não o abandonasse, e ainda, criaria um filho de outro homem como se seu fosse. Me parece um pouco de altruísmo demais num único homem. Será que isso aconteceria, de fato, na vida real?

Constance, a princípio, se recusa a procurar um amante e casta, mantém-se submissa a cuidar do marido inválido, até se envolver com Olive Mellors, o guarda-caça da família. O cenário do livro se passa em Wragby, local onde se demonstra a transição entre o ruralismo e a industrialização. O lugar possui uma mina de carvão, onde a classe operária trabalha insanamente até não terem suas forças exauridas.

O autor faz críticas ao modelo capitalista da época e aparentemente odiava a relação criada com o homem e o dinheiro. Mellors o amante de Constance, por exemplo, demonstrava ser avesso ao capitalismo, achava que o dinheiro escravizava o homem e lhe tirava todas as virtudes. Seu trabalho consistia em criar faisões, uma vez que na propriedade de Clifford ninguém caçava. E ele era feliz assim.

É do romance entre Constance e Mellors que Lawrence descreve as cenas de sexo dos amantes. Ele glorificava a alegria dos corpos durante o sexo, o que para ele é uma das leis mais importantes da natureza.

Lawrence fala de sexo em seu livro com naturalidade, o que de fato, deve ter chocado a sociedade dita puritana do início do século passado. Mas não achei qualquer vulgaridade ou obscenidade em seu texto, muito pelo contrário! As cenas de sexo descritas se passam entre um homem e uma mulher que se apaixonam e demonstram a intimidade e a cumplicidade partilhada pelo casal.

É engraçado notar o avanço que alcançamos do início do século passado até hoje. Vejo com felicidade que muito da hipocrisia que existia no passado já ficou para trás e que se na época o livro foi considerado uma desonra, hoje ele se tornou um clássico da literatura. Sensual, é verdade... mas ainda assim, um clássico.

: : TRECHO : :
“Constance parecia transformada em mar, ondas que se inchavam e subiam em surtos impetuosos até que, lentamente, toda a massa obscura entrasse em ação – oceano a palpitar sua sombria massa silenciosa. E lá embaixo, no fundo dela, as profundezas do mar se separavam e rolavam lado a lado com o centro onde o mergulhador imergia docemente mais fundo; e ela se sentia alcançada cada vez mais no fundo, e as ondas de si mesma iam rolando para alguma praia, deixando-a descoberta; e cada vez para mais longe rolavam, e a abandonavam, até que, de súbito, numa delicada convulsão, o mais vivo do seu espasmo foi alcançado; ela o sentiu alcançado – e tudo se consumou: seu “eu” esvaiu-se; Constance não era mais Constance, e sim apenas mulher.” Pg. 215
Quel 28/12/2022minha estante
Ela não se mantém casta. Tem um relacionamento com Mike.. Antes de se envolver com o guarda caças..




Leila de Carvalho e Gonçalves 13/07/2018

Indecente E Nocivo Para A Juventude?
Em 1960, foi realizado num tribunal londrino o julgamento de um dos mais polêmicos romances do século XX. Trata-se de O Amante de Lady Chatterley, escrito por H. D. Lawrence em 1928. Absolvido da acusação de indecente e nocivo para a juventude, finalmente o livro pode ser liberado para venda na Inglaterra, apesar de já circular em edições estrangeiras ou piratas há décadas.

Na comemoração do cinquentenário da sentença, o periódico "The Guardian" avaliou o episódio como "um marco simbólico da primeira batalha moral entre as forças humanitárias liberais e um conservadorismo decadente, abrindo caminho para discussões decisivas sobre as leis do divórcio, homossexualidade, aborto, o fim da pena de morte e da censura."

Sem dúvida, tamanha importância não se deve ao propagado viés "pornográfico" da obra, menos polêmico desde a crescente banalização do assunto, ou por conta do relacionamento amoroso entre uma aristocrata casada, Lady Constance Chatterley, e um guarda-caças chamado Oliver Mellors. Sua força reside nas ideias de Lawrence sobre sexo ? a despeito do parco conhecimento sobre o prazer feminino ? e a procura pela completa felicidade física e psicológica. Outro ponto relevante é seu contexto histórico, ao abordar as trágicas consequências da Primeira Guerra, o declínio do Império britânico e a dificuldade da nobreza adaptar-se a essa nova realidade. Aliás, é curioso o tom trágico da protagonista que parece prever um segundo conflito mundial.

Com respeito a essa edição, mais uma vez, a parceria da Penguin com a Companhia das Letras faz a alegria dos leitores. Acerta tanto na versão escolhida, a última das três escritas pelo autor, como na inclusão de vários extras (artigos, comentários e notas) que auxiliam na melhor compreensão da história.

Porém, a premiada tradução de Sérgio Flaksman tem gerado controvérsias. Particularmente, gostei do "caipirês" adotado para registrar a fala de Mellors, um inglês interiorano, assim como a escolha de não abrandar toda e qualquer "obscenidade" que foi traduzida literalmente para o português.

Finalmente, é inegável a semelhança da história com o próprio casamento de Lawrence que, debilitado pela tuberculose, fazia vista grossa às aventuras da mulher.
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Claire Scorzi 23/10/2011

Acima do escândalo, grandeza
Meu favorito de Lawrence. Relido diversas vezes, reencontro a cada leitura as razões do meu primeiro fascínio ao mesmo tempo em que descubro alguns novos motivos para adorá-lo.

"O Amante de Lady Chatterley" combina crítica social - especialmente à sociedade inglesa e suas hipocrisias, mas sobra o suficiente para a vida em sociedade de modo geral: seus valores, o culto ao dinheiro enquanto se desvalorizam a espiritualidade do ser humano e as relações humanas, particularmente as entre homens e mulheres - com panorama histórico - a Inglaterra pós-1914, os 'anos loucos' do jazz e da superficialidade, a mania da velocidade e o desejo de 'sucesso'; com ironia, às vezes ferocidade, Lawrence desnuda ambientes e tipos psicológicos - e uma história de amor entre duas pessoas solitárias, de mundos diferentes mas que, estranhamente, se complementam.

O livro foi acusado de pornográfico. Discordo. A linguagem pode ser forte, mas para os padrões atuais é quase inocente. Sua grandeza transcende o escândalo que causou em 1928, ao ser publicado (e proibido em alguns países). Permanecem: o talento narrativo de Lawrence, sua crítica - sobra até para escritores como Proust! - e seu desenho carismático de Constance Chatterley e Oliver Mellors, a frustrada lady e o mal humorado guarda-caça.
MarioLuiz 20/09/2017minha estante
Mas na realidade, no contexto da palavra ele é pornografico sim, o problema não é ele ser taxado de pornografico e sim o fato da palavra pornografia, que significa escrever descrevendo atos sexuais ter ganho um sentido mais abrangente e pejorativo extremado.




Pr.Thiago 22/12/2023

O AMANTE DE LADY CHATTERLEY
À época de seu lançamento, foi censurado, processado por obscenidade e, finalmente, tornou-se palco para uma das mais polêmicas personagens adúlteras da literatura mundial: a lady Chatterley.

Quem poderia imaginar o que acontece no interior de uma propriedade rural, antiga e ? até então ? absolutamente puritana? Connie é uma jovem vinda de berço artístico e boêmio; seu marido Clifford, no entanto, é um aristocrata conservador, abruptamente enviado para servir na guerra após o casamento. Ao voltar para casa com o corpo paralisado, a união entre os dois perde força e, eventualmente, desanda: é então que, indo na contramão das expectativas da época, Connie encontra refúgio em Oliver Mellors, o guarda-caças da propriedade do casal.

Publicada em 1928, mas vinda ao público apenas em 1960, a história rendeu críticas e alvoroços, mas, sobretudo, afastou a poeira sobre temas importantes não só então, mas também nos dias de hoje: luta de classes, desigualdades sociais e econômicas, os impactos da industrialização e a importância de uma plena ? e livre ? experiência da sexualidade.
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Maria 06/03/2024

Livro muito descritivo e em alguns momentos maçante, mas ao pensar que foi escrito em 1928 ele foi muito vanguardista em abordar o pós-guerra na Inglaterra, as classes sociais e o prazer feminino. Um bom livro.
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Andre.Crespo 14/02/2011

Sade está rindo em seu túmulo
Durante muitos anos, ao se anunciar o nome do livro "O Amante de Lady Chatterley", nos Anos 20, as pessoas fechavam suas caras. Era um livro amoral, pornográfico; não recomendado para pessoas de bem. Passou-se mais ou menos quarenta anos e o livro finalmente foi publicado. A duras penas, mas o foi. E, como era de se esperar, o sucesso foi imediato.

Esse grande livro de D.H. Lawrence não se vale apenas de sua escrita arrojado, com palavras nunca ditas antes em livros de literatura - tais como "gozo", "rabo", "penetração". Ele é mais do que isso. Ninguém nunca tratou o amor de forma tão íntima como Lawrence o fez em seu livro.

"O Amante de Lady Chatterley" conta a história, obviamente, de Lady Chatterley, uma jovem casada com um rapaz que se tornara paralisado da cintura para baixo por causa de ferimentos da guerra. Com isso, nunca mais pode ter relações sexuais com sua mulher ou com quem quer que fosse. Ardente de desejo, ela o satisfaz com Michaelis, seu primeiro amante. Entretanto, insatisfeita com ele, ela se fecha completamente. Até que conhece Oliver Mellors, o guarda-caça de seu marido, e as coisas mudam drasticamente.

Lawrence mantém a força de sua narrativa desde a primeira página, em momento algum se tornando chata. Alguns diálogos são evasivos, mas o objetivo dele, a meu ver, era mostrar como a alta sociedade intelectual era hipócrita, perdendo-se em conversas que não dariam em nada.

A escrita de Lawrence parece às vezes bem feminina, ao revelar pensamentos tão íntimos de uma mulher. Além disso, ele incrementa a relação entre os amantes com diálogos muitas vezes picantes e provocadores.

D.H. Lawrence, assim como o Marquês de Sade, estava além de seu tempo. Ambos escreviam de forma arrojada e abusiva, dando os "nomes aos bois", sem medo de represálias. Mesmo que fossem condenados por décadas - e até hoje devam ser - seus livros são legítimas provas de que a literatura não é lugar para limitações. Uma obra prima não só pornográfica e sensual, mas, acima de tudo, uma obra prima da liberdade. Da liberdade de criação!
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JuliaSL 01/01/2023

Entendi porque baniram esse livro.
Imagina isso em 1928?! Hahaha faz muito sentido ter sido banido.
Eu ri, eu refleti e até fiquei embasbacada com algumas firulas narrativas.
Algumas frases eu as achava deveras reflexivas já outras me chocavam com a barbaridade nelas contidas. Que montanha russa haha.
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Lucas1429 20/03/2023

Um protesto sexual e industrial
D.H. Lawrence declarou em um ensaio temático à obra a honestidade em produzir um romance sincero e salutar, que contém palavras que escandalizam num primeiro momento, mas depois amainam qualquer sensação de perplexo. Um registro necessário aos seus dias passados – hoje, seu sexo soa tímido. Completa ainda em sua justificativa que respiram aliviados àqueles que, num intelecto mínimo, enxergam a negociata que o autor arma entrelaçando uma simples história de amor, com personagens em manutenção de suas fisiologias naturais, à atração mútua convergida na transa natural.

A trama, se lida numa perspectiva rápida, parece apadrinhar um amor proibido, o de Constance “Connie” Chatterley e o guarda-caça, Oliver Mellors, da propriedade de Wragby, herdada ao seu marido, Clifford Chatterley, ferido em combate bélico e paralisado das pernas para baixo, palco das confluências dramáticas de muitas passagens. A casa, assim como a natureza do entorno – o bosque, as flores, a chuva -, são testemunhas e termômetros para os humores das figuras centrais.

Sentenciado à vulgaridade e ao adultério, na primeira vista, tem uma franca discussão posterior encoberta, não por muito, pois, sim, adianto, é um amor lindo, mas Lawrence é o tal onipresente e vai além, despeja declarações crítica às classes sociais e à sexualidade, são sobre estas prerrogativas que congrega a força de um romance que nasceu moderno, consciente em atingir o coletivo de suas mulheres.

Escrito às cinzas da era eduardiana, período de meticulosa rigidez e frigidez moralista acerca do que era consumido e difundido, o autor dribla os ares tradicionais na intenção provocativa de exercer sua função costumeira, brincar de transgressor. Mania que o acompanhava desde o início da produção literária. Sem prever que seria este seu último livro em vida, patenteia-o como a tua obra-prima: o escandaloso texto surtiu efeito suficiente para interceder na transição de períodos nas comunidades inglesas. Suas primeiras cópias banidas atualmente são de uma obscenidade inaudita, naturalizada.

Connie, ao identificar no marido o verbete machista e da imaculada pose nobre perante seus subalternos, os mineiros da região, negócio ancestral, é inflada na ânsia de viver, viver em vida, ainda. Se a introdução do relato é tolerante às cláusulas dos clássicos, rodeando no próprio rabo, denotando a rotina patrona dos Chatterleys, da entonação conformista de Connie num começo, seu miolo até o fim incita de uma só vez fôlego para o cerne da questão autoral, reflexão autônoma do sistema vivenciado – a constatar, dissimulado.

Liberta das contenções da casa, conflagram-se os melhores diálogos do livro dos encontros com Mellors, humanos em toda sua forma ao falarem e fazerem amor, ao foderem, ao dissecarem o mundo e suas diferenças, pessoais e usuais. O sexo, por sinal, é pouco gráfico (as denúncias foram pura bobagem intolerante). Ambos os protagonistas advêm de uma trajetória pregressa de repressões, Connie ao se casar sem demasiado fogo e cansada deste, e Mellors em suas trágicas histórias românticas. Sua junção explode em fagulhas de liberdade. Estão fadados a lutar por seus corações.

A narrativa do relacionamento, mesmo com ardor, é típica. Os louros vão para a sobriedade de cada partícula a mais que Lawrence retratou, da luta de classes de proletários numa Europa pós-Guerra, não mais anestesiada da realidade bélica a que foram conjugados, dispostos a reivindicar; e da sensualidade modernista em propagar paixão e tesão, reagindo em favor de um protesto feminino, nunca condenando Connie, mas abençoando seu gênero ao confrontarem seus respectivos prazeres e aos compartilharem com quem quisessem.

Articulado em dissuadir a massa cinzenta de uma aristocrata, Lawrence, com carinho, pajeia o par como uma esperança, liberta uma mulher de um homem alheio ao seu relacionamento para intercedê-la ao caminho oposto do pessimismo, sentenciando-os ao hino da carne e da ternura.
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Andréia 04/09/2020

Criei expectativas demais
O amante de Lady Chatterley" é um livro que não parece nem um romance e nem um livro erótico, e que, ao contrário dos outros dois, não é nada atemporal.
.
A narrativa lenta mergulha nos sentimentos e pensamentos de Constance, mas para mim foi impossível compreendê-la ou ter empatia por ela. É curioso como ela se apaixona por Mellors, depois de se satisfazer sexualmente. Mais curioso ainda é os dois se tornarem um casal, se desde o início a interação entre eles é fria e rude e nada muda nisso até que eles fazem sexo. Foi difícil torcer por um casal que não me convencia, e mais difícil ainda ler páginas e mais páginas sobre como Mellors é um homem maravilhoso só porque é bom na cama, se fora dela, é um sujeito insuportavelmente machista não é de se surpreender dado a narrativa inteiramente feito por um homem do séc XX
iara 25/10/2020minha estante
Essa foi, de longe, a melhor resenha que eu vi sobre esse livro, a mais sensata e honesta. Penso exatamente o mesmo, e em como os dois indivíduos possuem pouquíssimos traços de personalidade: Mellors, um homem antipático, arrogante e extremamente preconceituoso (e nisso menciono seu machismo, lesbofobia e racismo), e Constance, uma mulher egoísta e movida unicamente pelo prazer carnal. Dei 2 estrelas apenas pela escrita, mas ler a o ponto de vista de uma mulher escrito por um homem do século XX não foi nada prazeroso.


Andréia 28/10/2020minha estante
concordo com tudo o que você disse, antes mesmo de iniciar minha leitura vi vários comentários positivos e eu acreditava que precisava ler o quanto antes... Por mais que seja um clássico precisamos avaliar qualquer livro com total criticidade, e que desprazer eu tive com lady chatterley e companhia, detestei.




John 30/07/2010

Conquistas de uma mulher
Posso descrever esse romance como uma denúncia das privações e preconceitos sofridos pela mulher moderna. Constance representa a liberdade e as conquistas sufocadas pela sociedade machista que privavam o mundo feminino de ter prazer nas relações sexuais e participação na vida do homem. Lady Chatterley se liberta de todas a s barreiras que a impedem de ter um verdadeiro sentido e uma vida voltada para as realizações pessoais. Extremamente lindo, tocante, sensual e revolucionário!
Daniel 19/03/2013minha estante
E as pessoas ainda perdem tempo com 50 Tons de Cinza...




larissaplath 14/01/2024

INSUPORTÁVEL
Muito chato, cheio de picuinha. não gostei de nenhum personagem, o que eu mais queria era acabar logo essa leitura. teve até algumas falas interessantes, sobre a vivencia do homem nesse mundo das máquinas e capitalismo:

"treinar as pessoas para poder viver, viver uma vida bela, sem precisar gastar."

mas a história é tão chata! personagens tão elitistas, peguei nojo de tudo e de todos. simplesmente não é pra mim.
dudabassani 14/01/2024minha estante
tava cogitando ler esse mas mudei de ideia hahahahahah


larissaplath 14/01/2024minha estante
ai amg, eu não gostei né, mas sla, se tu se interessar então leia, vai q tu goste né hahaha ?




Joao.Alessandre 22/01/2023

Polêmico em sua época, controverso nos dias atuais.
Sensações diversas com O amante de Lady Chatterley. Impressões positivas com a edição impecável da Antofágica: tradução, ilustrações, formatação e textos de apoio próximos da excelência. Questões sociais e ousadia nas descrições "hot" que ruborizaram a ultraconservadora sociedade inglesa do período entreguerras. Negativamente observamos o desenrolar lento, previsível e personagens, em certa medida, rasos.
Apesar das passagens e descrições sem filtro do sexo numa abordagem disruptiva para a época, notamos  a insensibilidade do amante que subjuga e oferece pouco. O prazer feminino não tem espaço na urgência de atender às demandas do gênero dominador.
Contudo, considerando os dois eixos principais da narrativa, Laurence foi eficaz e preciso. Escancara a hipocrisia conservadora agindo através de um texto não rebuscado e sem freios no sentido de expor a sexualidade de maneira explícita e detalhista. Também desnuda uma sociedade em que o proletariado germinava seu  descontentamento com a aristocracia, dando "start" na luta por melhores condições de vida. Enfim é uma leitura decepcionante em alguns aspectos e exuberante em outras questões e momentos. Cada leitor vai estabelecer sua convicção e depurar o que de positivo O amante de Lady Chatterley nos deixou quase um século após sua publicação.
Cris 23/01/2023minha estante
Uou! Já quero ler.


Joao.Alessandre 23/01/2023minha estante
Oi Cris. Apesar dos pontos negativos descritos achei muito corajoso pra época.


Cris 23/01/2023minha estante
Simmmmm! Bem corajosa mesmo. Pelo filme já percebi... ?


Joao.Alessandre 24/01/2023minha estante
Kkk. Ainda não assisti o filme ?




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