Psychobooks 02/06/2012
Resenha Tripla
Maria V. Snyder sempre desenvolve duas histórias em um único livro, com começo meio e fim. No primeiro, as histórias, que se interligavam, eram sobre Yelena no cargo de provadora de comida e sobre a as tramoias de Brazel. No segundo, Yelena está se redescobrindo como pessoa e desenvolvendo seus talentos como feiticeira e acaba se evolvendo na busca de um feiticeiro que tem sequestrado e matado jovens por toda fronteira. Depois de 14 anos em Ixia, a protagonista retorna a Sítia para finalmente reencontrar sua família, o clã Zaltana, mas ao chegar lá, além de descobrir que tem um irmão, Leif, não é bem recepcionada por ele.
Em estudos sobre veneno, ficou claro que a personagem principal era alguém impulsiva e sinônimo de problemas e, agora em Sítia a situação não é diferente. Mesmo cercada de pessoas que a querem bem, ela tem dificuldades em confiar nelas está sempre se arriscando e fazendo o que quer. Mesmo não sendo mais uma provadora de comida e ser literamente livre, ela tem sempre que ser cuidadosa em sua retaguarda, pois não é bem-vinda.
Sinceramente não vi grandes mudanças da personagem entre o primeiro e segundo livro, e acho que a grande questão que ainda continua sendo muito trabalhada no enredo é a sua dificuldade em confiar nas pessoas. Mesmo Yelena sendo a personagem principal, ela não é o grande foco nessa história. Personagens secundários passam a ter mais destaque nesse livro.
Vou discordar da Tata… Em minha opinião houve uma grande mudança em Yelena. A protagonista está mais solta, mais confiante, apesar de continuar meio cabeça dura em algumas situações. A história é sobre ela, mas o plano de fundo toma conta do enredo. A narrativa segue em primeira pessoa, e todas as decisões de Yelena são devidamente pautadas e estudadas – apesar de algumas serem tomadas de forma precipitada.
Irys, mentora e guia de Yelena, é bem destacada. Em estudos sobre magia descobrimos um pouco mais sobre suas funções como quarta feiticeira e suas especialidades no que se refere à magia. Valek, ao contrário do primeiro livro, não tem uma participação tão grande como no primeiro enredo, apesar de estar sempre presente nos pensamentos de Yelena. Leif, irmão de Yelena, é uma pessoa que aparentemente carrega muitos fantasmas do passado e tem sérios problemas em confiar em sua própria irmã.
Não posso deixar de falar um pouco sobre Cahill. Sobrinho do rei que foi morto na tomada de poder pelo Comandante Ambrose, acredita que voltará a governar Ixia porque é seu direito. No começo do livro, tenta sequestrar Yelena e se aproveitar da situação, tentando arrancar informações úteis para seu grande plano, mas sabemos que não é tão fácil domar Yelena. Cahill muda muito ao longo do livro e acredito que terá grande importância no próximo da série. Opal merece ser mencionada, aparece pouco, mas tem grande importância na trama e acabou ganhando uma trilogia (Glass) só para ela.
Senti muita falta de Valek. Os personagens de Sítia não me conquistaram por completo, não tive grande conexão com eles; não por não serem marcantes ou bem-construídos, mas achei bem difícil esquecer os personagens de Ixia.
Mais uma vez autora se superou em manter o leitor vidrado na narrativa, imaginando mil e uma possibilidades e no final das contas descobrirmos que não era nada daquilo imaginado.
Narrado em primeira pessoa, sob o ponto de vista de Yelena, a leitura é rápida, com cenas de ação no momento certo para manter o ritmo e reviravoltar de tirar o fôlego. Com personagens bem-construídos e cativantes, todos têm seu papel definido na trama, mesmo aqueles que tinham sido deixados para trás em Ixia.
Ah! Eu falei do serial killer? É. Serial Killer. Dos Bons. Então, além de toda magia, romance, ação, suspense, política, venenos, ainda tem serial killer. Só a Snyder mesmo para fazer essa combinação dar certo!
O enredo é realmente de tirar o fôlego! Se você terminou “Estudos sobre veneno” achando que Maria Snyder daria uma folga para nossa protagonista, enganou-se. Há, durante toda a leitura, uma montanha russa de acontecimentos. A cada página ela nos mostra novas possibilidades e acrescenta um novo suspense. A forma como lida com a política do mundo que criou é superinteressante e intrigante. Não sou muito fã de joguetes políticos, mas a autora os monta como ninguém!
Uma das coisas que realmente precisa ser melhorada é a revisão. Algumas frases devido a um erro ortográfico, falta de uma vírgula ou acréscimo desnecessário de uma letra exigiam uma segunda ou terceira lida para entendimento, mas em se tratando da qualidade da história em si, o livro é maravilhoso.
Mais uma vez a editora não teve muito esmero na revisão do livro, que, por ser tão mal-feita, chega a tirar um pouco da magia do enredo.
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http://www.psychobooks.com.br/2012/04/estudos-sobre-magia.html