fernandaugusta 12/02/2022Os Pilares da Terra - @sabe.aquele.livroEsta foi a minha primeira experiência com Ken Follett e posso dizer que gostei e cansei. Explico: a história é épica, personagens maravilhosos (ou odiosos), elemento histórico ricamente construído e costurado, muuuitos detalhes e 941 páginas. Tem partes que realmente amei, mas algumas me induziram sono profundo.
Começamos com um prólogo em que acompanhamos um enforcamento e uma maldição, sem saber que aqueles personagens sem nome seriam - para o bem e para o mal - cruciais no desenrolar dos eventos. Em seguida acompanhamos a saga de Tom, pedreiro, que subitamente se vê desempregado e começa a andarilhar com a família atrás de um novo emprego. Após a trágica morte de sua esposa no parto de um menino, e de quase morrerem de fome, a família, acrescida de Ellen, uma misteriosa mulher que os encontrou na floresta e seu filho, Jack, chega ao priorado de Kingsbridge, o centro de todos os eventos.
A catedral de Kingsbridge é destruída em um incêndio e Tom se vê diante da oportunidade de sua vida: projetar e construir uma nova. Ganhando a confiança do prior Philip, Tom então começa uma nova vida no vilarejo ascendendo à posição de mestre construtor.
A ambição dos nobres, a guerra civil que irrompeu após a morte do rei Henrique e também a política interna e as rivalidades dentro da própria igreja são entraves que se abatem sobre Kinsgsbridge e mudam a vida de todos, afinal, os acontecimentos do passado e do presente interligam todos os personagens de maneira rica e forte, em cenas e acontecimentos sempre muito marcantes.
Meus personagens favoritos foram o prior Philip, a bruxa Ellen e seu filho Jack e a fortíssima Aliena. Um dos mais odiosos núcleos de qualquer livro que eu já tenha lido está na dupla William Heimleigh e no bispo Waleran Bigod: as maldades sem limites dos dois se estendem durante as páginas com uma impunidade solene, a ser resolvida somente ao final da saga.
Não há dúvida do talento gigantesco de Ken Follett. A escrita é riquíssima e cheia de detalhes. Porém em alguns momentos, o excesso de descrições arquitetônicas, de ambientes, das batalhas e a filosofia religiosa torna a leitura cansativa. Superados estes momentos mais letárgicos, o próprio andamento da trama melhora muito a partir da metade do livro, quando os papéis de todos já estão definidos e a luta bem vs. mal vai a todo vapor. O final é o fechamento digno de todos os conflitos e a revelação do grande mistério do prólogo.
Enfim, temos em "Os Pilares da Terra" um romance histórico rico, de contexto marcante na Inglaterra medieval, que se entende por gerações de personagens inesquecíveis. Após um descanso, pretendo encarar os volumes seguintes da saga de Kingsbridge (afinal, descobri que "Os Pilares" é o começo de uma trilogia), já na expectativa de histórias tão complexas e monumentais quanto esta.