artu 21/04/2022
Procuram-se sputniks na órbita dos talvez
O romance começa totalmente despretensioso, mas abruptamente Murakami tira o chão do leitor e o leva a uma penumbra onde se reflete sobre opostos, de forma semelhante à reflexão sobre peso e leveza, positivo e negativo, em "A Insustentável Leveza do Ser" de Milan Kundera, mas em "Minha Querida Sputnik" o autor expande os intermediários entre o positivo e o negativo, de forma que o leitor vaga em um nevoeiro a procura de sentido junto ao narrador, sentindo o peso da solidão em viagens fantásticas a universos cheios de incertezas, onde sequer se pode saber onde os companheiros dessas viagens podem estar. De certa forma, o livro se encerra como um ensaio sobre a importância da presença, de saber que há outros satélites orbitando ao nosso redor, ainda que em algum talvez eles possam se perder e inesperadamente voltar a órbita.