Ka 27/01/2021
Que grande bagunça era o mundo!
Queria poder falar que recomendo esse livro pra todo mundo. Mas seria muita hipocrisia achar que é um leitura prazerosa pra todo mundo. Recomendo para quem consegue ler sobre distúrbios mentais sem que isso faça mal. Sem dúvida é um livro ótimo, de uma escrita impressiona que nos carrega com facilidade e com personagens cativantes, mas não posso deixar de alertar para gatilhos sobre assédio, depressão e correlatos.
Esther é uma moça simples e inteligente - a ironia em pessoa, eu diria. Sua história começa qiando ela ganha uma bolsa para a universidade e um estágio em uma revista feminina em Nova York. Ao longo de seu ano ela tem experiências únicas, compra (e ganha) roupas da moda e vive o sonho das garotas da época. Aos poucos, Esther vai percebendo que certas situações a fazem reagir de forma diferente, que não se encaixa no padrão estipulado e que algo a sufoca. Esse é o início de um período difícil, denso e até desafiador.
Não nego que é um livro expetacular. Sylvia Plath nos convida a ver o mundo de dentro dessa redoma de uma forma espontânea e que nos prende ali, com Esther. Ela nos traz uma escrita delicada e dá vida a cada palavra, uma visão feminina de situações cotidianas da época. E o contexto é apresentado ao longo da trama, com todas suas revoluções e problemas sociais.
O que impressiona são os mínimos detalhes da doença que consomem a personagem - quando menos esperamos, a redoma faz mais pressão ali. Talvez a melhor definição seja a que a própria autora traz: "Para a pessoa dentro da redoma de vidro, vazia e imóvel como um bebê morto, o mundo inteiro é um sonho ruim".
Queria ficar aqui falando sobre essa obra até esgotar tudo que pensei, mas vou me segurar. É um livro ótimo, que até tirou algumas risadas, lágrimas e muitas - inúmeras, reflexões. Recomendo o seguindo meu aviso do começo dessa resenha e aconselho uma pesquisa sobre a vida de Sylvia e sobre o contexto do livro para entender melhor tudo que acontece aqui.