spoiler visualizarJulia5622 22/02/2024
Um espelho invasivo de quem está e se sente “nessa redoma, sendo lentamente cozida em seu próprio ar viciado”.
Quando as coisas estão prestes a ficarem difíceis, ou resta apenas um “fim”, tudo fica meio em câmera lenta e girando, prolongando o que está prestes a vir. Quando li A Redoma de Vidro, achei difícil, não no sentido de escrita, mas no significado e contexto que aciona um afeto. É triste, melancólico, cortante e bruto quando o leio e, depois - reconhecendo vários gatilhos ao longo da leitura - me senti assim, tudo começou a girar, enquanto as palavras tomavam forma de angústia.
Acho que me vi na personagem, porque a certo nível me identifiquei e somos parecidas.
Também me identifico fortemente com sua natureza delicada e silenciosa, que passa muito tempo pensando sobre si mesma.
A Redoma de Vidro não é apenas um relato sobre depressão, com relação à própria autora, mas também um espelho de quem está e se sente “nessa redoma, sendo lentamente cozida em seu próprio ar viciado”.
Alguns quotes do livro que me impactaram:
(...) “Me senti derretendo nas sombras como o negativo de uma pessoa que eu nunca vira antes na vida.”
(...) “Com imenso alívio, as lágrimas salgadas e os barulhos miseráveis que vinham se acumulando dentro de mim toda manhã espalharam-se pela sala. (...) Me senti frágil e traída, como a pele que um animal terrível deixa para trás. Era um alívio ter me livrado do animal, mas parecia que ele tinha levado consigo o meu espírito e tudo o que suas patas conseguiram agarrar.”