Adriana 02/10/2012Este foi meu primeiro contato com a escrita de André Vianco, autor nacional que faz sucesso com suas obras de terror, principalmente de vampiros. Justamente por isso, Os Sete foi o meu escolhido para o mês de Agosto do Desafio Literário 2012, cuja proposta era ler algo de terror.
O livro narra a saga de Tiago, César, Olavo e Eliana. Quatro moradores da pequena praia de Amarração, no litoral Rio Grandense, que na infância foram um grupo de sete jovens unidos pela amizade: os sete de Amarração. Agora, depois de adultos, cada qual seguiu seu caminho e só sobraram os quatro para dividirem suas aventuras.
Tiago e César trabalham na parte administrativa da prefeitura de Amarração, enquanto Olavo fica a serviço do IML da cidade. Já Eliana está estudando história em uma faculdade de Porto Alegre.
Em um de seus habituais mergulhos pela costa, Tiago e César encontram uma caravela portuguesa, naufragada há centenas de anos. Depois de muita exploração e com a ajuda do departamento de história da faculdade de Eliana, eles conseguem retirar a caravela do fundo do mar para descobrir os possíveis tesouros nela encerrados.
Porém, eles não imaginavam que uma das descobertas traria a tona o MAL encarnado. Seres demoníacos criados pelo próprio satã, que foram aprisionados por séculos na caixa e que agora estão a solta.
Chupadores de sangue que, além de sugarem a vida humana, ainda possuem talentos especiais. Cada um dos Sete vampiros é responsável por algum dom incrível. Seus nomes os explicam ou não: Inverno, Espelho, Lobo, Gentil, Acordador, Tempestade e Sétimo. Cada um destes vampiros portugueses traz na alma a sede de vingança e de sangue fresco.
E soltos neste mundo moderno e diferente, eles estão dispostos a fazer muito estrago… Poderiam os humanos conter tais feras bestiais? Isso só lendo para descobrir.
O livro é bem escrito e mostra grande potencial de André Vianco. Porém, em diversos momentos senti que faltou pesquisa do autor para construir sua trama no Rio Grande do Sul. Vianco não é daqui (é natural de São Paulo), mas para inserir toda a trama em determinado lugar é indispensável que se conheça os costumes e trejeitos do mesmo. Além do clima.
Por que digo isso? Existem inúmeras passagens do livro onde é citado mais ou menos assim: o Rio Grande do Sul tem fama de ser frio. Não, não e não. O RS não tem “fama” de ser frio, ele é frio. Muito frio. Não é só porque uma cidade é litorânea que deixa de ser frio. Acreditem, isso é fundamental na obra, já que Inverno é o primeiro dos vampiros a ser solto e espalha um frio glacial. Mas daí nenhum personagem tem roupa de frio porque mora na praia. Vê se pode um gaúcho de verdade morar na praia (ao sul, onde chega a ser mais frio do que na cidade) e não ter roupas térmicas!!!
Mas claro que não é só isso. Os “bás”, “tchês” e “barbaridades” inseridos a torto e a direito só para mostrar que estamos no RS não me convencem! Já falei várias vezes que esse tipo de expressão não é usada o tempo todo aqui. Já está na hora do resto do país entender isso e parar de caricaturar o gaúcho de uma forma tão absurda!
Além disso, ainda me resta a dúvida: o que uma caravela portuguesa estaria fazendo em águas Rio Grandenses se não foi aqui que os portugueses chegaram por via marítima? Não entendi o.O
Sei que o autor queria ambientar a história em um local onde não houvesse muita exploração do mergulho e o RS é um ótimo exemplo disso. Mas daí faltou ligar o resto da história. Por que aqui???
Tirando estes questionamentos que seguiram comigo ao longo da leitura, posso dizer que gostei muito do livro. É daquele estilo de terror que não é tãããão assustador quanto a Trilogia da Escuridão, por exemplo. Algumas passagens chegam a ser bastante cômicas, inclusive.
O legal é observar um autor nacional de sucesso em sua primeira obra “famosa”. Aliás, Os Sete é apenas o primeiro de uma série. Depois dele temos Sétimo e os livros da trilogia O Turno da Noite, que é uma espécie de continuação.
Quem gosta de terror, suspense e seres sobrenaturais, com certeza deve dar uma chance a algo deste estilo escrito por um brasileiro.
Resenha em http://mundodaleitura.net/?p=4498