Vitória 10/01/2021esse livro foi a minha segunda leitura de 2021 e entrou na minha meta de me aproximar mais de histórias não fictícias. nunca me atraí muito por biografias, mas depois de no ano anterior ter lido "a ridícula ideia de nunca mais te ver", me sensibilizei sobre como a vida de alguém real pode ter uma importância singular em ser contada.
comprei viagem solitária por acaso, num desses quiosques que vendem livros ao preço único de 10 reais, e foi uma grata surpresa. engoli a leitura em 3 dias (o que é bastante rápido para o meu ritmo), a história de joão me ensinou sobre sensibilidade, empatia e coragem. os pensamentos que tinha enquanto criança e adolescente são um belo ensinamento sobre enxergar as pequenas coisas no outro, sobre captar o não-dito e criar um espaço seguro.
muitas as situações relatadas, apesar de terem acontecido há muito, me remetem a comportamentos que enxergo ainda nos dias de hoje: o preconceito, a resistência ao que é diferente, a burocracia e os empecilhos do dia a dia para coisas que tecnicamente poderiam ser mais simples. muita, muita admiração pela perseverança de joão.
a única coisa que me incomodou profundamente foi o uso do nome feminino tantas vezes (costumam chamar de nome morto), o que me leva a questionar se isso aconteceu por joão não ter problemas com sua antiga identidade enquanto ele mesmo conta sua história, ou se esta era simplesmente uma forma mais simples e didática de fazer com que o público cis compreenda melhor sua trajetória.
senti falta de mais informação acerca de algumas coisas citadas rapidamente, mas que não foram aprofundadas: como joão lidou com o período ditatorial no Brasil e como isso afetava sua busca pelo reconhecimento e liberdade de expressão, o início das lutas LGBT da época, o término com amanda.
de qualquer forma, isso não enfraquece o relato! recomendo para todos e torço pelos que estão na luta.