SG1 08/02/2014Hotel sombrio querendo se iluminarQue livro emocionante e surpreendente!
Tive vontade de ler este livro por causa de uma resenha que li no skoob. Nela estava escrito mais ou menos assim: "Incrível como o autor conseguiu fazer do hotel uma personagem da história". Isto me deixou muito curiosa, e, então, após ganhar o livro de presente não perdi tempo para começar a sua leitura.
Hoje, após ter lido essa magnífica obra, e sem desmerecer aquela resenha que me deixou tão curiosa, posso dizer que o hotel Overlook não só é uma personagem, como também manipula com grande maestria as demais, tornando-se uma criatura terrivelmente viva.
Danny é o sonho de consumo do Overlook. O hotel precisa dele para ficar mais forte. Fazer com que seu poder lhe renda mais seguidores fiéis. Deixar de ser apenas um hotel mal-assombrado.
Mas como fazer para que Danny escolha ficar do seu lado? Usando seu amor pelo pai contra o menino, e a fraqueza de Jack com relação à bebida (a Coisa Feia) contra toda sua família.
Jack, contudo, não aceita ser a ponte. Ele quer fazer parte do Overlook. E é por isso que faz tudo o que Ele manda. Quer conhecer tudo sobre o hotel, chegando até a pensar sobre um livro. Jack é o Overlook. Com todas as suas forças. Com toda a sua fraqueza.
Surpreendeu-me, no início, o imenso amor que os Torrence sentiam um pelo outro. Chamou-me a atenção a força de Jack para se ver longe da bebida. Tinha horas que me via lendo as páginas d'O iluminado esfregando a mão contra a boca, de tanto que Jack assim fazia.
Impressionei-me, também, o modo como Stephen King escreve. O livro é todinho em terceira pessoa, mas o narrador alterna sua fala de acordo com o pensamento de cada personagem (Jack, Wendy, Danny e Hallorann). Quando o narrador penetrava na vida de Wendy, por exemplo, o fazia não apenas contando o que esta estava sentido ou pensando, mas também como se fizesse indagações a personagem e interagisse com ela, sendo a própria personagem no momento em que narra a história.
Não é um livro para se ler e entender cada um de seus detalhes. Mas este se encaixam ao longa da história. São muitas alucinações e sentimentos de culpa tão pesados, que você nem sabe se o personagem possui um coração bom ou ruim. E é isso que faz com que eles sejam tão humanos, pois ninguém é inteiramente bom ou ruim. Muito pelo contrário, somos uma avalanche de sentimentos confusos.
Os problemas que Jack enfrenta são tão aterrorizantes para ele que este não aceita sua situação de impotência. O Overlook fica lembrando Jack o tempo todo o quanto ele é inútil e como tudo pode mudar se ele se juntar ao Hotel, servindo-o eternamente. Aplicar um bom corretivo em seu filho e na sua mulher seria uma ótima saída, no pensamento de Overlook. Impor respeito, dar o remédio, gota por gota, assim como o pai de Jack fez com sua mãe. E Jack, assim o aceita.
Por fim, só tenho a dizer que o livro é maravilhoso. Nada comparado ao filme, que, a meu ver, é extremamente fraco. Esta obra lida com sentimentos e com a falta de controle, bem como suas consequências.
O amor fui fundamental para que se chagasse à loucura, mas também foi essencial para que se pudesse expulsá-la. Um poder extraordinário, que somente um iluminado poderia conter.