Gabe_Yoda 18/04/2022
Águia e Serpente
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Primeiramente, Assim falou Zaratrusta é um título ideal - representa bem o que esperar. Isso é, basicamente um compilado de "sermões" dele. Outrossim, como é Nietzsche, nesses haverão cutucadas no que é considerado correto para o senso comum - filosofia do martelo em prática.
A propósito, a obra consegue visitar os principais pontos do filósofo: super-homem, eterno retorno, desconstrução de ídolos, morte de Deus e, suavemente, o amor fati. Contudo, como de praxe, em uma linguagem - talvez a palavra certa - enigmática. Ainda mais nessa atmosfera poética.
Vale ressaltar, além de ser uma leitura difícil, há um constante lembrete de que o conteúdo desse livro não é para os "ouvidos" de todos - fato. Ademais, há uma facilidade de ocorrer uma interpretação errônea das palavras - principalmente porque o autor amiúde conforta o ego do leitor. Um exemplo clássico, a suposta apologia ao nazlsmo: Imposição do seu querer mesmo se contradizer os princípios sociais, isso em nome da busca por um "homem melhor".
Por fim, recomendo apenas àqueles que têm uma base forte em filosofia e que tenham em mente a importância do convívio em sociedade. E, em especial, àqueles que sentem que o conhecimento os guiaram para um vale cego de sofrimento. Generalizando, niilistas.
P.s.: Minha crítica fundamental ao Nietzsche é baseada na psicologia. Visto que, certo ponto, o autor propõe que devemos criar a nossa própria moral - transformar a vida em um processo de criatividade e buscar o eterno retorno. Belíssimo! Porém, não temos total controle sobre as nossas escolhas. Em outras palavras, o inconsciente pode nos induzir a realizarmos ações contraditórias ou que - no sentido de Aristóteles - nos leve a vícios.