Andre.28 27/01/2020
Uma história de amor que ultrapassa gerações
[ALERTA, RESENHA EXTENSA!]
[Uma novela australiana com toques de descrição proustiana, uma história de amor bastante extensa, de grande duração. Um enredo que alerta para responsabilidades emocionais, a polêmica relação do celibato na Igreja Católica e uma série de más escolhas ante um amor ardente.]
Pássaros Feridos é o segundo romance da autora australiana Colleen McCllough publicado no ano de 1977. Nessa História de longa duração temos a narração da vida da família de Paddy Cleary, as relações familiares e de convívio entre os membros da família, em especial Meggie Cleary. A narrativa descreve toda a mudança da família da Nova Zelândia pra a Austrália, logo após a tia megera de Meggie, a Sra. Mary Carson, convidá-los para tomar conta da fazenda, incluindo-os como trabalhadores e futuros herdeiros de sua enorme fortuna australiana. Meggie acaba crescendo na Austrália, em meio às intempéries do clima e as dificuldades de um amor impossível pelo “bonitão” padre Ralph De Bricassart.
Logo após a morte de Mary Carson, o enredo dá uma reviravolta. O Padre Ralph e a jovem Meggie, após declararem o amor mútuo. Eles acabam por fazer más escolhas, perturbados pelos fantasmas do pecado e pelas ambições do jovem padre. Os dois expõem os seus conflitos emocionais numa luta entre a razão e coração, seguindo caminhos opostos, aceitando (parcialmente) seus destinos.
A História toda vai de 1919 a 1969 (50 anos) e que nos levam, na segunda metade da história, aos filhos de Meggie e um “segredo de sangue”, as relações com a fazenda na Austrália e ascensão de Ralph aos altos postos da Igreja Católica. Enfim, a narrativa é uma verdadeira novela com refino literário de descrição aos mínimos detalhes, principalmente das paisagens. (Digamos que é um estilo “proustiano” de escrita).
A minha crítica está na extensão da história. Até a metade eu consegui ter empatia pela Meggie e pelo Padre Ralph, mas depois da separação e das complicações dos dois, a segunda metade meio que “se estende” para a velhice deles, nas histórias de amor, dos conflitos dos filhos de Meggie, de forma a cansar o leitor desgastando a figura de ambos e a leitura. Ou seja, por mais que os filhos de Meggie fossem personagens construídos ao longo da narrativa, faltou-lhes o carisma dos personagens iniciais (o Padre e Meggie).
Outra crítica ao livro está no tamanho da história. A autora poderia ter; ou enxugado a história (o que no final das contas eu acharia um erro), ou simplesmente dividir a história em dois livros. Em minha opinião ficaria menos cansativo se a historia tivesse divida em 2 livros. Até metade da história eu daria 5 estrelas, mas pra mim decaiu na parte final ficando entre 4 e 5 estrelas. Honestamente, teve momentos que achei que a narrativa parecia que não teria um final. As lamentações de Meggie pela escolha horrorosa em se casar com o podre do Luke O’Neill pareceram-me enfadonhas, até certo ponto irritantes. Justificativas voláteis, impossibilidades esdrúxulas e o amor ali ao lado em uma relação de “vida e morte”.
Enfim, a narrativa tem um apuro magnífico, ótima pesquisa histórica sobre a Austrália, Europa, período Entre Guerras, recursos novelísticos interessantes e etc. Pássaros Feridos é uma história de ficção moderna, um romance em longa duração que exige paciência do leitor.