Carous 03/09/2020A peça é uma tragédia e não é à toa...O começo foi meio lento e eu achei que não daria mais do que 3 estrelas. Tinha mais reclamações do que elogios a fazer.
Rei Lear é uma conhecida peça de William Shakespeare, mas não tão famosa assim. Ainda fica (muito) atrás de Romeu e Julieta, Hamlet, Sonhos de verão, MacBeth e Otello.
Eu pretendia lê-la, mas o que me impulsionou foi estar interessada numa releitura lançada ano passado. Queria entender as referências.
Tenho as outras obras dele numa edição diferente de outra editora. Confesso meu receio em ler a peça numa edição da Martin Claret, visto a fama dela de plágio e péssimas traduções. Mas o trabalho artístico chama a atenção e com Rei Lear não foi diferente.
Não tenho reclamações quanto ao trabalho da editora, tradução, revisão nem a obra em si. Esta edição conta com prefácio; eu geralmente pulo essa parte, mas fico feliz por não ter feito isso já que nele descobri informações interessantes e valiosas para a leitura.
Nunca me preocupei em como antigamente se protegia um trabalho escrito de plágio e como o texto era distribuído aos atores numa época em que não existia máquina para xerox, nem computador, nem nada. Tudo isso contribuiu para a peça quase se perder ao longo dos anos causando um imenso trabalho para os profissionais modernos que quisessem publicar a peça.
As diversas versões, os rascunhos truncados, as anotações que se contradiziam... Senti foi pena dos preparadores e tradutores contratados para essa tarefa. Devem ter arrancados alguns cabelos no processo.
Outro ponto que nunca me chamou atenção e que há explicado no prefácio é a quantidade de palavras e versos que Shakespeare utilizava.
A parte do prefácio também contextualiza o período histórico em que a obra foi escrita. História nunca foi problema pra mim e me lembrava vagamente de tudo que está no texto, mas pode servir de auxílio para outros leitores.
Além do prefácio, há notas do tradutor em diversas páginas e são muito úteis.
O tanto de gente que me falou que acha Shakespeare difícil e não conseguiria ler. É a terceira obra desse autor que leio e gosto muito.
Não acho difícil, só... diferente. O autor não se aprofunda muito nos personagens nem na ambientação. Tudo é nas entrelinhas, há lacunas entre uma cena e outra, um ato e outro que o leitor precisa preencher por si próprio.
É bem diferente de ler texto em prosa.
E não podemos nos esquecer de que é uma tragédia, então esperem traições, dramas e mortes.
Minha nota reflete mais a gratidão pelo tradutor e revisor da peça do que da história em si (achei ok.)