Blasfemya 16/09/2023
O que falar sobre "A dança da morte"?
Se eu estivesse fadado a passar o resto de minha miserável vida em uma ilha deserta, e só pudesse levar em minha bagagem um único livro dentre todos os que já li e pretendo ler, eu definitivamente levaria esse sem pensar duas vezes.
(Não contém spoiler, mas uma sinopse talvez meio longa)
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Uma doença criada em laboratório como arma biológica escapa e contamina os militares da base em que reside. O sistema detecta a fuga do vírus e aciona um sinal vermelho, que deveria colocar a base em quarentena na mesma hora, onde nenhum ser vivo entraria e principalmente, sairia. Por falha na segurança, a suposta quarentena, que deveria ser imediata logo detectada a saída do vírus, demora 40 segundos para ser acionada. Um militar percebendo as luzes vermelhas sabendo que iria ser trancafiado e provavelmente morto, aproveitou a falha na segurança e fugiu para buscar sua família que residia nos arredores, em propriedade militar.
Com sua mulher e filho, ele percorre um longo caminho de carro, o mais longe possível, para aproveitar seus últimos momentos de vida na presença daqueles que ama. Um egoísta desesperado. Sabe que o vírus é mortal e condena a humanidade para passar alguns dias com o filho, que verá morrer com a garganta inchada, cheia de catarro produzida em grande quantidade, e com sintomas de várias doenças misturadas, de algo que mais tarde seria conhecido como "capitão viajante"
O Capitão Viajante é altamente contagioso. Não demora a se espalhar em cada pessoa que o militar teve contato, gerando uma teia que cresceu cada vez mais. Logo os sintomas se tornaram claros para todos. A mídia tentou abafar com medidas ridículas sob a mira do governo irresponsável, que insistia que não era nada demais.
99.99% da população morre
Observamos a partir do expurgo da sociedade algumas narrativas e tramas. Uma garota grávida. Um vocalista a beira da falência. Um surdo-mudo. Um prisioneiro preso em sua cela. Um caipira texano. E os personagens que interagem com eles durante sua jornada, desde suas vidas antes do Capitão Viajante, durante, e após, onde, por um motivo que não sabemos, eles continuam vivos, imune ao virus.
Os sobreviventes passam a ter 2 sonhos, um com uma senhora de 108 anos que reside em uma cabana no meio de um milharal, e outro de um ser obscuro carnalizado em um homem que manifesta os seus piores pesadelos.
O objetivo dos sonhos é claro. Duas sociedades serão formadas, uma envolta da senhora, que podemos colocar como sendo o lado bom "os bonzinhos. E outra, envolta do mal do homem escuro, que seria o lado ruim. E todos os sobreviventes pendem a balança para algum desses lados, e iniciam uma jornada longa ao encontro de seus novos lares.
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Eu senti muitas coisas lendo esse livro. Eu não faço resenhas e aqui estou eu, não pude aguentar. Esse é o melhor livro que eu já li na minha vida e eu estou maravilhado. Os personagens são muito bem escritos, o antagonista é tenebroso e os cenários são arrebatadores.
As pessoas simplesmente começam a morrer pelo vírus altamente contagioso e isso declina a sociedade, todos se encontram enfraquecidos e consequentemente morrem. Em carros, em comércios, no meio da rua no meio da sala no meio da lanchonete. Corpos por todos os lados.
Esse livro traz várias sensações. Desolação, perda, esperança, alegria, tristeza, angústia. São 1200 páginas, mas meu Deus, eu já quero reler!!!
Eu encontrei, eu encontrei aquele livro que recomendaria a todo mundo até o dia da minha morte
Não vou fazer análises técnicas por que não sou bom nisso, eu só leio, curto a história, e é isso. E essa história, meu Deus-----
Enquanto eu lia eu acabei gripando durante 2 dias, juro que tive mini surtos esperando minha garganta inchar igual os mortos de "A dança da morte" KKAKAKKA help
Sei que ninguém vai ler mas me sinto muito bem escrevendo isso, quero marcar esse momento por aqui, fico extremamente feliz de ter atropelado todas as outras leituras e entrado nessa aventura.
O Stephen King escreveu no começo que diversas pessoas, após anos do lançamento do livro, ainda perguntavam para ele como estavam os personagens, como se eles mandassem cartas ocasionalmente a ele e não fossem personagens fictícios. E eu entendo essas pessoas. A gente se conecta tão profundamente com os personagens desse livro que 1200 páginas é coisa pouca, eu quero saber mais sobre cada um. Eu sei que eles enviam cartas pra você King, me diga onde eles estão ?
Não superei este livro. Muito bom, muito bom mesmo.
E é isso
Tchau